Defender o sindicalismo de classe
Álvaro Rana foi homenageado no início de Abril, numa sessão promovida pela Câmara Municipal de Lisboa em parceria com o PCP, a CGTP-IN e o CPPC. A proposta nasceu dos vereadores comunistas na autarquia lisboeta.
Destruir a CGTP-IN é um dos objectivos da política de direita
Na intervenção de abertura da sessão, Kalidás Barreto, que com Álvaro Rana foi um dos fundadores da Intersindical, em 1970, lembrou o homenageado como «um bom camarada, rigoroso nas suas convicções e intransigente na luta pelos seus princípios». Álvaro Rana, destacou, é um homem «a quem o movimento sindical muito deve e que foi um exemplo de firmeza pelos princípios em que acreditava».
Referindo-se à grande manifestação de 13 de Março, realizada semanas antes, e dos comentários acerca dela proferidos, Kalidás Barreto afirmou que deles «parece transparecer, mais do que conceitos sobre sindicalismo, preconceitos tão ridículos que surpreendem.» A acusação de que os sindicatos estão «ao serviço de partidos», por exemplo, é «infantil».
Efectivamente, no tempo do Estado Novo, os sindicatos «estiveram ao serviço obrigatório do partido único de Salazar, a União Nacional». Mas, salientou, em Portugal vive-se em democracia. «Convenhamos que numa democracia deficiente, não por culpa dos sindicatos, mas por incapacidades de muitos governantes.»
Kalidás Barreto questionou em seguida se «terão de ser os sindicalistas obrigatoriamente não ligados a partidos (militantes ou simpatizantes», ficando na híbrida especialização de “independentes”?». Ou se, por outro lado, os inscritos em partidos deviam ser proibidos de serem dirigentes dos sindicatos? «Será mais correcto e coerente com a liberdade?»
Em sua opinião, «se o partido A, B ou C está melhor organizado junto dos trabalhadores é porque soube usar a liberdade e defesa do interesse comum e não pode ser condenado por isso». Lamentável é, sim, que outros não o façam ou façam-no para «defender interesses corporativos».
Promotor da unidade
Em nome da CGTP-IN, Maria do Carmo Tavares, da Comissão Executiva, começou por destacar o papel de relevo desempenhado por Álvaro Rana «na defesa dos trabalhadores e dos seus interesses, contra a exploração capitalista e defendendo um sindicalismo de classe, unitário, solidário, democrático e de massas», que constituem princípios basilares da central sindical desde a sua fundação.
Álvaro Rana, prosseguiu a dirigente da CGTP-IN, iniciou-se no sindicalismo quando não existia liberdade sindical nem de expressão, reunião, greve ou manifestação. Apesar disso, e correndo riscos, Rana e muitos outros foram elementos activos na defesa dos trabalhadores e criaram, em 1970, a Intersindical. O seu legado, garantiu, foi fundamental na Revolução de Abril, em que os trabalhadores e os sindicatos intervieram «activamente no processo político, económico e social, por vezes muito complexo».
«Só um movimento sindical já bastante estruturado e com militantes sindicais com bastante solidez poderiam dirigir múltiplas reivindicações e lutas que se desenvolveram e permitir que a Intersindical promovesse, passada uma semana após o 25 de Abril, o 1.º de Maio, que foi um mar de gente pelo País fora.»
Um projecto com décadas
José Casanova, director do Avante! e membro do Comité Central, falando em nome do PCP, realçou estar-se a «recordar e homenagear um dirigente sindical histórico, que a essa qualidade aliou a de militante comunista». Em sua opinião, a acusação de que o movimento sindical unitário é uma «correia de transmissão» do PCP «tem muito longas barbas brancas» e prossegue hoje, sempre com o objectivo de o dividir e enfraquecer.
Para José Casanova, se é verdade que os «comunistas têm forte influência em todas as estruturas do movimento sindical unitário», não é menos verdade que tal não decorre «de golpes nem de manobras de bastidores».
A CGTP-IN é um «alvo preferencial da contra-revolução». Quebrar a espinha à Intersindical não é apenas uma frase, é um projecto «cirurgicamente elaborado e posto em prática, visando liquidar a grande central sindical dos trabalhadores portugueses. Projecto que é «parte integrante dos objectivos da política de direita», do primeiro governo constitucional, de Mário Soares, até ao actual, de José Sócrates.
Tomaram ainda da palavra naquela sessão Rui Namorado Rosa e Sérgio Ribeiro.
Referindo-se à grande manifestação de 13 de Março, realizada semanas antes, e dos comentários acerca dela proferidos, Kalidás Barreto afirmou que deles «parece transparecer, mais do que conceitos sobre sindicalismo, preconceitos tão ridículos que surpreendem.» A acusação de que os sindicatos estão «ao serviço de partidos», por exemplo, é «infantil».
Efectivamente, no tempo do Estado Novo, os sindicatos «estiveram ao serviço obrigatório do partido único de Salazar, a União Nacional». Mas, salientou, em Portugal vive-se em democracia. «Convenhamos que numa democracia deficiente, não por culpa dos sindicatos, mas por incapacidades de muitos governantes.»
Kalidás Barreto questionou em seguida se «terão de ser os sindicalistas obrigatoriamente não ligados a partidos (militantes ou simpatizantes», ficando na híbrida especialização de “independentes”?». Ou se, por outro lado, os inscritos em partidos deviam ser proibidos de serem dirigentes dos sindicatos? «Será mais correcto e coerente com a liberdade?»
Em sua opinião, «se o partido A, B ou C está melhor organizado junto dos trabalhadores é porque soube usar a liberdade e defesa do interesse comum e não pode ser condenado por isso». Lamentável é, sim, que outros não o façam ou façam-no para «defender interesses corporativos».
Promotor da unidade
Em nome da CGTP-IN, Maria do Carmo Tavares, da Comissão Executiva, começou por destacar o papel de relevo desempenhado por Álvaro Rana «na defesa dos trabalhadores e dos seus interesses, contra a exploração capitalista e defendendo um sindicalismo de classe, unitário, solidário, democrático e de massas», que constituem princípios basilares da central sindical desde a sua fundação.
Álvaro Rana, prosseguiu a dirigente da CGTP-IN, iniciou-se no sindicalismo quando não existia liberdade sindical nem de expressão, reunião, greve ou manifestação. Apesar disso, e correndo riscos, Rana e muitos outros foram elementos activos na defesa dos trabalhadores e criaram, em 1970, a Intersindical. O seu legado, garantiu, foi fundamental na Revolução de Abril, em que os trabalhadores e os sindicatos intervieram «activamente no processo político, económico e social, por vezes muito complexo».
«Só um movimento sindical já bastante estruturado e com militantes sindicais com bastante solidez poderiam dirigir múltiplas reivindicações e lutas que se desenvolveram e permitir que a Intersindical promovesse, passada uma semana após o 25 de Abril, o 1.º de Maio, que foi um mar de gente pelo País fora.»
Um projecto com décadas
José Casanova, director do Avante! e membro do Comité Central, falando em nome do PCP, realçou estar-se a «recordar e homenagear um dirigente sindical histórico, que a essa qualidade aliou a de militante comunista». Em sua opinião, a acusação de que o movimento sindical unitário é uma «correia de transmissão» do PCP «tem muito longas barbas brancas» e prossegue hoje, sempre com o objectivo de o dividir e enfraquecer.
Para José Casanova, se é verdade que os «comunistas têm forte influência em todas as estruturas do movimento sindical unitário», não é menos verdade que tal não decorre «de golpes nem de manobras de bastidores».
A CGTP-IN é um «alvo preferencial da contra-revolução». Quebrar a espinha à Intersindical não é apenas uma frase, é um projecto «cirurgicamente elaborado e posto em prática, visando liquidar a grande central sindical dos trabalhadores portugueses. Projecto que é «parte integrante dos objectivos da política de direita», do primeiro governo constitucional, de Mário Soares, até ao actual, de José Sócrates.
Tomaram ainda da palavra naquela sessão Rui Namorado Rosa e Sérgio Ribeiro.