CT apela a «novos passos»

Farsa no Arsenal

Com a extinção do Arsenal do Alfeite e a criação de uma sociedade anónima, integrada na Empordef, o Governo pretende abrir a indústria naval militar a «interesses particulares escudados nessa holding».

Criar a SA é abrir a porta aos privados

A acusação é feita pela Comissão de Trabalhadores do estaleiro da Marinha, que anteontem emitiu um comunicado em que considera que «estamos perante uma farsa». A decisão da «empresarialização» do Arsenal foi tomada pelo Governo, alegando que tal seria necessário para a modernização do estaleiro, para maior competitividade, para melhor aproveitamento das valências, procura de novos mercados e, até, para ser um pólo dinamizador da indústria naval nacional. O mesmo Governo criou um grupo de trabalho que «fez um estudo em quatro meses e recebeu 90 mil euros por tal feito»; o «estudo» apontava o caminho já traçado pelo Governo; o chefe desse grupo foi depois nomeado para a administração da Empordef.
«Ao que se sabe, este grupo de trabalho não desenvolveu um estudo de viabilidade económica para a nova empresa, nem tão pouco um estudo de mercado», sequer «um estudo de comparação entre os custos actuais da manutenção e reparação da esquadra da Marinha e os custos futuros, tendo em conta uma visão de maior rentabilidade que irá reger a nova organização». Agora, critica a CT, «ainda não se sabe quais são as potencialidades consideradas do Arsenal do Alfeite» e «não há ainda um programa de transformação e de investimentos».
Para a CT, a «empresarialização» do Governo «visa o aproveitamento da marca Arsenal do Alfeite» e «visa, com a criação de empresas de outsourcing, a distribuição dos lucros e das mais-valias, sustentados pela necessidade de manutenção e reparação dos navios da Marinha». Isto, «para além de debilitarem as futuras relações de trabalho e, assim, poderem arrecadar dinheiro, com o objectivo de entregar esses dividendos aos futuros dirigentes e accionistas da nova organização, transformando o Arsenal do Alfeite numa empresa similar à Lisnave, onde existem milhares de trabalhadores com contratos temporários e sem direitos».

Paciência?

Preocupada com a situação futura de quem trabalha no Arsenal, a CT rejeita a perspectiva de «colocar na mobilidade e na bolsa de emprego, como se de uma qualquer mercadoria se tratasse, trabalhadores altamente qualificados, com significativas reduções de salário». E sublinha que «não é justo continuar-se a pedir aos arsenalistas calma, paciência e utilizar palavras e atitudes paternalistas». «É hora de começar a exigir respostas às nossas perguntas a quem de direito» e de, «em unidade, darmos novamente passos em frente na defesa da nossa dignidade e dos nossos direitos e defender um Arsenal público, ao serviço da Marinha, do País e dos trabalhadores», conclui a CT.

Sector naval público

A Comissão Coordenadora das Comissões de Trabalhadores da Indústria Naval reafirmou «a defesa do sector naval nacionalizado, como garante dos postos de trabalho com direitos e garantias», e condenou a política dos sucessivos governos do PS, CDS e PSD, nos últimos trinta anos, que «não fizeram outra coisa, senão reduzir a actividade da construção e reparação naval», reduzindo «os postos de trabalho, os direitos dos trabalhadores e a indústria em si».
«Primeiro foi a Setenave, agora querem o Arsenal do Alfeite e, se conseguissem levar por diante tal negociata, seguir-se-ia o estaleiro de Viana do Castelo», previne a coordenadora, num comunicado em que apelou à participação na manifestação nacional de dia 13.


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