Linhas e meios da acção de propaganda

Depois da realização com êxito do nosso XVIII Congresso em Dezembro do ano passado, aqui nos encontramos novamente, como colectivo partidário que somos, para discutir, analisar e decidir sobre a intervenção do Partido para os próximos actos eleitorais.
Conscientes de que são muitas as exigências que estão colocadas para diante, partimos para estas eleições com a vantagem de quem ao longo dos anos foi a força mais combativa e consequente na luta contra a política de direita e, também, com a confiança de quem tem inscrito nos seus objectivos a justa aspiração da construção de uma sociedade nova, sem exploradores nem explorados, e que não há nem pequena nem grande luta, que não tenha presente na nossa acção esse objectivo maior do nosso Partido, a construção do socialismo e do comunismo.
Para o PCP as eleições não são um fim em si mesmo. Consideramo-las, isso sim, como uma importantíssima batalha política convergente com a acção geral do PCP, uma batalha para ampliar a luta contra a política de direita, elevar a consciência política e ideológica das massas, reforçar a expressão daqueles que aspiram a uma ruptura, ampliar o apoio à CDU e ao PCP, ao nosso projecto e programa para Portugal, criar melhores condições para um caminho de justiça social, desenvolvimento, soberania e democracia para o nosso País.
Para o PCP as eleições podem e devem constituir-se como grande campanha de massas, campanha de contacto, esclarecimento e mobilização de milhares de pessoas. Campanha de afirmação das nossas propostas, dos nossos compromissos, das nossas diferenças face aos outros partidos. Campanha para agregar em torno das mais justas causas e aspirações do nosso Povo, milhares de homens, mulheres e jovens sem partido que estão com a CDU. Campanha de mobilização para a luta por uma outra política e para o voto na CDU como a opção mais segura, mais clara e esclarecida para combater os graves problemas nacionais e afirmar um Portugal com futuro.
Mas se isto são observações gerais que temos tido em conta em cada um dos actos eleitorais, é evidente que estes mesmos princípios de nada servem se não forem aplicados a uma realidade concreta. E há dois aspectos absolutamente distintos que irão marcar estas eleições:
O primeiro prende-se com o facto de sermos chamados a contribuir para a preparação não de um, mas de três actos eleitorais, separados ao que tudo indica por uma distância de cerca quatro meses, e que por isso mesmo obrigam, apesar do carácter distinto de cada uma das eleições a uma concepção integrada da campanha eleitoral e das tarefas de propaganda, isto é, a concepção de uma só campanha eleitoral com três eleições pelo meio.
O segundo aspecto, e talvez o mais importante, é que as próximas eleições irão ter lugar no quadro de uma das mais graves crises do capitalismo e naquela que é, por acção directa do aprofundamento da política de direita do Governo PS, talvez a mais dramática situação económica e social que o País atravessa desde o 25 de Abril e que, tal como a vida tem demonstrado, não há saída para o atoleiro em que o País se encontra sem uma corajosa ruptura com a política de direita que o PCP preconiza.

Acção integrada

A realização de três actos eleitorais com influência recíproca que cada um destes actos terá nos restantes, obrigam a que se desenvolva uma acção integrada nas tarefas de propaganda que fogem a experiências que tivemos no passado e exigem uma apurada capacidade de direcção política e concretização prática no decorrer dos próximos meses.
Uma campanha eleitoral integrada que implica que não se possa pensar em cada campanha eleitoral de cada vez, nem subestimar qualquer uma das eleições, em particular aquela que se afigura como mais próxima, as eleições para o Parlamento Europeu.
Para cada uma destas eleições teremos de garantir a distribuição de documentos, a colocação de cartazes, a afixação de pendões, a presença de carros de som nas ruas, a realização de iniciativas, de debates, comícios, acções de rua. Tudo isso implica organização, responsabilização de quadros, estruturas e meios, muitos deles que será necessário criar especificamente para responder a estes actos eleitorais.
Temos três eleições, mas só temos um Partido. Em cada célula de empresa, em cada comissão de freguesia, em cada comissão concelhia a discussão sobre a campanha e a propaganda eleitoral tem que olhar de igual modo para o conjunto das eleições, a começar por aquelas que estão mais próximas, as eleições para o Parlamento Europeu.
Mas uma campanha eleitoral é mais do que a soma de cada uma destas tarefas.
Enfrentaremos nestas eleições uma enorme desproporção de meios de propaganda ditada pelos apoios do grande capital àqueles que, no plano político, representam os seus interesses. Seremos confrontados com o silenciamento e a deturpação da mensagem política do PCP e da CDU, sobretudo nos principais meios de comunicação social, ao mesmo tempo que promoverão não apenas aqueles que são responsáveis pela situação do País, como os que, afirmando opor-se a este Governo, não assumem a necessária ruptura com a política de direita. Acentuar-se-ão também as mais que conhecidas manobras de manipulação das intenções de voto, destinadas a conduzir o vasto descontentamento existente, ou para a resignação e abstenção ou para soluções que não ponham em causa a política de direita.
Estas e outras dificuldades só poderão ser superadas na base de uma intensa e dedicada intervenção de milhares de membros do Partido e do conjunto dos activistas da CDU. Se não temos dúvidas quanto à importância de uma poderosa presença de rua, de uma intensa e dinâmica linha de iniciativas e acções de massas, de uma afirmativa presença da CDU através da distribuição dos variadíssimos materiais de propaganda, a questão mais decisiva para estas eleições está na capacidade que tivermos de contribuir para que cada militante comunista, cada activista da CDU se sinta responsabilizado para ser o principal agente de convencimento de outros para o voto na CDU.

Intervenção activa

À diferença de meios de propaganda, ao silenciamento e à manipulação através da comunicação social, responderemos com aquilo que é a mais distintiva marca do nosso Partido. Aquela intervenção activa, consciente, dedicada e organizada de que o nosso colectivo partidário, e só o nosso colectivo partidário é capaz de fazer.
Estaremos em eleições e em campanha eleitoral, mas na cabeça dos trabalhadores, dos reformados, dos jovens, dos pequenos empresários estarão sobretudo os graves problemas e preocupações com que se confrontam. Estará o desemprego e o medo de perder o emprego, estarão os magros salários e a subida do custo de vida, estarão as dificuldades para pagar o empréstimo à habitação e o risco de hipoteca dos seus bens, estarão a falta de médico de família e o preço dos medicamentos, estará a falta de creche para os filhos ou o preço das propinas no ensino superior, estará a crise e os novos sacrifícios de que fala o Governo PS.
É por isso que a situação do País exige que se fale, esclareça, convença e mobilize para o voto na CDU.
Do nosso lado teremos a força e a convicção de quem tem um projecto político de esquerda claramente alternativo e deafirmação da CDU enquanto força portadora de causas, valores, propostas para os problemas do País.
Do nosso lado teremos a força e a vontade de quem esteve em todos os momentos ao lado dos trabalhadores, das populações dos milhares de homens, mulheres e jovens que se mobilizaram contra esta política e que agora têm a oportunidade de fazer coincidir a sua opção de voto com quem defende os seus direitos e aspirações.
Do nosso lado teremos a força e a razão de quem não se resigna face à injustiça e às desigualdades, que afirma com confiança que é possível uma política diferente, que aponta aos trabalhadores e ao povo um caminho de esperança numa vida melhor.
Do nosso lado teremos a força e a confiança de afirmar a CDU como força responsável, coerente e construtiva, indispensável ao País, e demonstrar que é possível, pelo seu reforço eleitoral, fazer com que conte mais e decisivamente para uma nova política.
Do nosso lado teremos a força de quem tem provas dadas e um reconhecido património de trabalho e realizações da CDU em centenas de autarquias, num percurso marcado pelo trabalho, honestidade e competência, na defesa intransigente dos interesses populares e na defesa do poder local democrático.

● Vasco Cardoso


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