PCP rejeita alterações à Lei das Autarquias

Menos democracia e transparência

A proposta de alteração à lei eleitoral das autarquias, do PS e do PSD, favorece o poder pessoal, reduz a fiscalização e limita a transparência, acusou o Executivo da DORS, no dia 15.

Também no que respeita às autarquias, PS e PSD têm objectivos comuns

Em conferência de imprensa, os comunistas da Península de Setúbal consideraram que os dois partidos promotores deste projecto assumem a responsabilidade pelas consequências destas alterações. Além do mais, prosseguem, este projecto testemunha a «profunda identificação de objectivos e políticas» que os une.
Para o Executivo da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, o projecto apresentado «elimina a eleição directa das câmaras municipais e visa garantir, de modo artificial e administrativo, uma maioria absoluta a quem detém a presidência, mesmo quando essa não é a vontade expressa pelos eleitores». Esta opção é expressão do projecto comum do PS e do PSD de «favorecer um sistema assente em dois partidos». Este caminho, a ser seguido, «traduzir-se-ia num prejuízo do funcionamento colegial dos órgãos autárquicos, na redução do nível de fiscalização democrática e na ampliação da margem para uma gestão menos transparente».
Com a aplicação destas alterações, ocorreria ainda o «esmagamento da representação das forças políticas minoritárias» e consequente empobrecimento da pluralidade democrática. Assim, o objectivo principal subjacente a estas alterações é a construção de um sistema assente numa visão de poder absoluto e de «personalização extrema com prejuízos pela representatividade política e pelo funcionamento colegial do órgãos executivos».

Fracos argumentos

Estabilidade, governabilidade, homogeneidade, clareza, eficácia. Tais são os objectivos proclamados por PS e PSD para avançar com as alterações à lei eleitoral para as autarquias. Mas todos eles são facilmente desmontáveis, revelando-se assim os verdadeiros intentos dos dois partidos proponentes.
No que respeita à estabilidade, os comunistas recordam que em mais de 30 anos e nove mandatos autárquicos foram formados 2 755 executivos municipais. E só em 20 vezes foi necessário recorrer a eleições intercalares, sendo que em 10 dessas situações a força que detinha a presidência se encontrava em maioria absoluta.
Ainda em nome da estabilidade, PS e PSD defendem um sistema de composição das câmaras municipais assente na escola unipessoal do respectivo presidente, alterável a qualquer momento por vontade deste e susceptível de desaprovação, com a consequente realização de eleições, se não viabilizada no órgão deliberativo.
Quanto à apregoada «governabilidade», a DORS lembra que o que se propõe é a «institucionalização da instabilidade», ao prever-se a possibilidade de derrube do executivo municipal, pela aprovação de uma moção de censura por 3/5 da Assembleia Municipal.
Para atingir a tal «maior homogeneidade», PS e PSD defendem um sistema assente numa concepção absoluta do poder. O PCP recorda que já hoje existem 281 câmaras com maiorias absolutas, ou seja, 90 por cento do total.
Já a «clareza» seria atingida com a criação de um modelo que «reduz a fiscalização, que permite uma composição do órgão determinada a todo o momento por critérios de afastamento daqueles (sejam da força em maioria ou em minoria) que se revelem mais exigentes e incómodos em matéria de fiscalização e exigência de transparência. A «eficácia» dá o mote para um modelo redutor – parlamentarista – da vida autárquica, realçam os comunistas.
O sistema proposto pretende instituir uma solução destinada a limitar a composição plural do órgão autárquico, reduzindo ou mesmo anulando a representatividade política e a participação dos eleitores, concluiu a DORS. A resposta do PCP, garantiu a DORS, será a defesa da pluralidade, transparência e democracia, patentes no projecto de lei apresentado na Assembleia da República (ver página 11).


Mais artigos de: PCP

Liberdade e democracia

O PCP promove, a 1 de Março, em Lisboa, a Marcha – Liberdade e Democracia. O anúncio foi feito por Jerónimo de Sousa, numa declaração – que reproduzimos na íntegra – na conferência de imprensa realizada no dia 17, sobre a Lei dos Partidos e as limitações à democracia política.

Câmara de Santarém discriminou o PCP

O secretariado da Direcção da Organização Regional de Santarém do PCP reagiu, em conferência de imprensa realizada anteontem, às acusações do presidente da Câmara Municipal de Santarém, que chamou mentiroso ao secretário-geral do PCP.

Combater as injustiças

Muitos militantes não conseguiram entrar no recinto onde se realizou o comício do PCP, no domingo, em Santarém, com a presença do secretário-geral, Jerónimo de Sousa.

Olhos postos nas eleições

A Comissão Concelhia de Mangualde do PCP veio, no seu Boletim de Janeiro, chamar a atenção para alguns dos problemas mais sentidos no concelho e alerta para eleitoralismo.

Não aprisionar o progresso

A apresentação do novo sítio da Internet da Comissão Concelhia de Ovar do PCP deu o mote para um debate sobre o software livre, realizado no sábado no renovado Centro de Trabalho do Partido naquela cidade. Na mesa do debate, estavam Miguel Viegas, responsável por aquela organização partidária, e Miguel Jeri. Coube a este...

Motoristas exigem direitos

Realizou-se recentemente mais um jantar de convívio de motoristas de mercadorias da região centro. Na iniciativa participaram militantes e simpatizantes do Partido, com o objectivo de aprofundar o conhecimento dos problemas que se colocam à profissão. Os motoristas presentes consideraram que o baixo salário que auferem...

Bebé morre à porta do hospital

Uma criança de dois meses morreu à porta do Hospital José Luciano de Castro, em Anadia. A Comissão Concelhia do Partido realça que «com o serviço de urgências fechado, por decisão do Ministério da Saúde, desde o dia 2 de Janeiro, a criança terá estado na ambulância do INEM a aguardar a chegada da viatura VMER, até que...

Assembleia marcada para Abril

A Direcção da Organização Regional de Santarém do PCP analisou, no passado dia 11, a situação política da região, pronunciando-se sobre o projecto do Governo PS de alteração ao Código do Trabalho, que é uma «declaração de guerra» aos trabalhadores, e o aumento do custo de vida, que aumentou muito acima da inflação,...

Uma crise que se arrasta

A Comissão Concelhia de Felgueiras do PCP voltou a pronunciar-se sobre os escândalos que têm envolvido a gestão de Fátima Felgueiras na Câmara Municipal, nomeadamente o despacho de pagamentos em proveito próprio que, em sua opinião, «configuram ilícitos legais graves que devem ser julgados e punidos de forma exemplar...

Plano de Pormenor repete erros

Os eleitos autárquicos do PCP na Assembleia Municipal de Silves votaram contra o Plano de Pormenor da Praia Grande, por «não contribuir para o desenvolvimento local, nem tão pouco para a actividade turística», repetindo erros cometidos no passado relativamente «ao tipo de ocupação proposta e respectivos...