Da missa a metade
O maior banco privado português está novamente nas páginas dos jornais. Depois da guerra entre Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto, da OPA que falhou e da fusão que não chegou a acontecer, surge agora nova agitação em torno de uma denúncia de ilegalidade do tamanho de 200 milhões de euros para voltar a pôr o Millenium-BCP em alvoroço. Logo agora que aquele punhado de banqueiros se preparava para um santo Natal em família, aconchegado pelo conforto dos muitos milhões que de uma forma crescente têm entrado nas suas algibeiras.
O tal sossego natalício foi interrompido por uma intervenção do Banco de Portugal que considerou existirem situações «gravíssimas» que envolvem o conjunto de administradores do dito Banco desde 1999 até hoje.
O sobressalto também não deixou de fora PS e PSD, que de tão preocupados com tamanha «instabilidade», passaram o fim-de-semana em troca de acusações sobre o controlo político do Banco. Nada como procurar iludir sobre quem manda e quem controla quem. O próprio Presidente da República chamou o ministro das finanças a Belém e a imprensa dá conta da sua activa intervenção.
No quadro mediático, há medida que os dias passam, ganham espaço os jogos de poder e as estratégias dos accionistas sobre quem vai chefiar o BCP e esfumam-se as referências sobre as verdadeiras causas desta nova erupção na banca. Sempre ouvi dizer que um pobre rouba, mas um rico, esse, faz um desfalque, e assim parece ser tal a ambiguidade com que a imprensa fala das ditas ilegalidades, tais os silêncios que rodeiam o denunciado favorecimento a accionistas, tais as cumplicidades com que o poder político e o poder económico gerem no plano público esta situação.
Sendo um imperativo reclamar o esclarecimento e o apuramento de responsabilidades sobre as tais situações «gravíssimas», o que este novo episódio vem confirmar, é que por detrás do sistema financeiro, há um uma realidade oculta por onde circulam vastas somas de capital sem controlo, um mundo onde o segredo é não só a alma mas a regra do negócio. O nervosismo e o frenesim que se apoderou desta gente, o seu estado de inquietação e desconforto, em claro contraste com a majestática imagem com que os bancos se gostam de apresentar, é revelador de que a maioria de nós não sabe da missa nem a metade.
O tal sossego natalício foi interrompido por uma intervenção do Banco de Portugal que considerou existirem situações «gravíssimas» que envolvem o conjunto de administradores do dito Banco desde 1999 até hoje.
O sobressalto também não deixou de fora PS e PSD, que de tão preocupados com tamanha «instabilidade», passaram o fim-de-semana em troca de acusações sobre o controlo político do Banco. Nada como procurar iludir sobre quem manda e quem controla quem. O próprio Presidente da República chamou o ministro das finanças a Belém e a imprensa dá conta da sua activa intervenção.
No quadro mediático, há medida que os dias passam, ganham espaço os jogos de poder e as estratégias dos accionistas sobre quem vai chefiar o BCP e esfumam-se as referências sobre as verdadeiras causas desta nova erupção na banca. Sempre ouvi dizer que um pobre rouba, mas um rico, esse, faz um desfalque, e assim parece ser tal a ambiguidade com que a imprensa fala das ditas ilegalidades, tais os silêncios que rodeiam o denunciado favorecimento a accionistas, tais as cumplicidades com que o poder político e o poder económico gerem no plano público esta situação.
Sendo um imperativo reclamar o esclarecimento e o apuramento de responsabilidades sobre as tais situações «gravíssimas», o que este novo episódio vem confirmar, é que por detrás do sistema financeiro, há um uma realidade oculta por onde circulam vastas somas de capital sem controlo, um mundo onde o segredo é não só a alma mas a regra do negócio. O nervosismo e o frenesim que se apoderou desta gente, o seu estado de inquietação e desconforto, em claro contraste com a majestática imagem com que os bancos se gostam de apresentar, é revelador de que a maioria de nós não sabe da missa nem a metade.