O País que queremos
Percorrer a Festa é sempre uma viagem pelas cores, os sabores, os aromas e as especificidades culturais de todas as regiões e uma rara oportunidade para se conhecer, sem constrangimentos ou deturpações, o trabalho do Partido e as suas propostas para cada região. Quem a visitou pode saber como é o País que queremos.
Em cada espaço construído pelas organizações regionais do Partido, milhares de homens, mulheres e jovens de todo o País, através de uma voluntária generosidade que faz da Quinta da Atalaia o espaço onde há mais fraternidade por cada metro quadrado, garantiram o normal funcionamento de todos os espaços regionais e levaram à Festa, além da vastíssima proposta gastronómica, os anseios dos povos de cada região num retrato, resumido mas esclarecedor, das lutas travadas pelos trabalhadores e as populações durante o ano, sempre com a solidariedade activa e o empenho dos comunistas.
Em todos os espaços, a Greve Geral e os respectivos exemplos de dignidade assumidos pelo milhão e 400 mil trabalhadores que a ela aderiram, a luta das populações em defesa dos serviços públicos, o apelo à participação na manifestação nacional da CGTP-IN, de 18 de Outubro próximo e a Conferência Económica e Social do PCP, agendada para 24 e 25 de Novembro, no Seixal, estiveram em destaque.
Entrando pela porta da Medideira, sobe-se um relvado e, lá do alto, tem-se uma panorâmica geral onde se misturam as mais variadas cores dos toldos dos espaços com as decorações de cada região.
Aveiro estava logo do lado direito, com uma fachada a fazer as delícias dos mais gulosos com os ovos-moles e uma lateral onde as rodas pintadas de uma engrenagem lembravam o Capital e os seus intentos. Ao lado da doçaria estava um apelo para a participação no abaixo-assinado pela reabilitação da linha férrea do Vale do Vouga. Salientava-se a luta dos trabalhadores da Rhode, pelos salários e postos de trabalho.
O leitão à Bairrada, prato de eleição entre outros, foi consumido nas refrescantes sombras de um restaurante cuja parede lateral recordava que só «A luta é o caminho». Do outro lado do espaço comensal, um corticeiro mostrava, ao vivo, como se fazem rolhas com a respectiva máquina, numa homenagem a estes trabalhadores e para informar os visitantes sobre a crise no sector e a sua importância para a região.
Uma menção à luta do PCP contra o branqueamento do fascismo e o papel do Partido em defesa dos direitos das populações completou a exposição.
Diante de Aveiro estava Vila Real, a destacar a luta dos comunistas e dos amigos da CDU em defesa da raça bovina autóctone, a carne maronesa, prato principal num restaurante cujas paredes recordavam as lutas dos agricultores com a CNA e a Associação da Mulheres Agricultoras Portuguesas. Também havia referências ao Movimento das Associações dos Agricultores e Compartes dos Baldios no distrito.
Meia dúzia de passos dados e, colada a esta região estava Viseu. A entrada do restaurante era uma fachada de habitação regional com uma frase de repúdio pela tentativa de criação, em Santa Comba Dão, do museu ao ditador fascista, Salazar. Na gastronomia destacava-se a vitela assada no forno e o naco de vitela arouquesa, da Serra do Montemuro, entre outras. Ali, recordava-se a 7.ª Assembleia Regional dos comunistas de Viseu, a luta contra o encerramento de escolas e de serviços de saúde e a acção da população com a URAP e o Partido contra o museu em Santa Comba. Também não faltou o artesanato, as faianças, o presunto e o queijo regional.
Voltámos ao topo da artéria principal e descobrimos, logo abaixo de Vila Real, depois do espaço dedicado aos camaradas e amigos emigrantes, o espaço de Santarém onde a sopa da pedra tem presença assídua com a sopa de peixe. Uma atraente exposição recordava a luta dos trabalhadores da região pela conquista do horário de trabalho de 8 horas diárias, conseguida em 1962, à custa de grande sofrimento, repressão e tortura fascistas. «1962-2007: ontem como hoje, o PCP sempre do lado de quem trabalha», recordava-se. Um pequeno palco serviu para espectáculos com danças e cantos regionais, entre outros.
Do outro lado da rua, a organização comunista de Castelo Branco e Guarda salientava como «Com um PCP mais forte, o interior tem futuro». Entre a feijoada, o bacalhau à Assis, os maranhos, o queijo da serra e outras iguarias podia ler-se um trecho do poema de Ferreira de Castro, «A lã e a neve», saber como foi a VII Assembleia Regional do Partido, a luta contra a privatização da água da Covilhã e o encontro do Partido, em Junho, em Manteigas, «Contra a desertificação e o envelhecimento da população», a exigir «Um novo rumo para a Serra da Estrela».
Entrámos depois numa rua perpendicular, em direcção ao espaço do desporto e deparámos com Leiria. Uma exposição contava a revolta dos vidreiros da Marinha Grande, de 18 de Janeiro de 1934, como foi organizada e como os trabalhadores foram presos e deportados para o Tarrafal, onde alguns faleceram, vítimas das mais duras privações. Apreciando uma ginja ou uma carne assada com migas podia-se assistir à concepção, ao vivo, de arte vitral com um artesão a demonstrar como é feita a secular arte que sempre prestigiou aquele povo. Um espaço proporcionava a aquisição destes produtos. Os camaradas de Peniche tiveram a seu cargo o pão com chouriço e a sardinha assada.
Depois de Leiria estava a Madeira onde uma pequena casa regional foi o ponto do pré-pagamento para um espaço cuja decoração reproduziu a rua e alguns aspectos do Centro de Trabalho do PCP no Funchal. Os visitantes puderam provar as espetadas concebidas pelos camaradas desta região onde o Partido tem crescido. O bolo do caco e a sopa de trigo também não faltaram, bem como o ponche e todas as bebidas regionais, além de uns cocktails concebidos naquelas ilhas, cuja receita não foi revelada. Em exposição estiveram as lutas desenvolvidas nos últimos anos pelos comunistas com as populações.
Voltámos à rua central e desembocámos na rotunda do Palco 25 de Abril onde, do lado direito, estava o Algarve, «Da serra ao mar, na luta por outra política». Entre a marisqueira, o artesanato, os doces regionais e um bar com cocktails apelava-se à participação no abaixo-assinado contra a criação de um viveiro privado de produção de peixe, na ria de Alvor, e recordava-se como «O Algarve cresce mas não se desenvolve». Expostos estavam os dados sobre a crescente precariedade, a celebração do 1.º de Maio e a 8.ª Assembleia da Organização Regional do Algarve do PCP.
Ao lado, na mesma praça, Coimbra levou à Festa a Torre do Relógio, da Praia da Claridade, na Figueira da Foz, para decorar a entrada. A chanfana, o porco assado no espeto e a sardinha assada mais os doces e os vinhos regionais deliciaram os visitantes que puderam conhecer o boletim da célula dos trabalhadores ferroviários de Coimbra do PCP e o trabalho pelo reforço do Partido.
Regressámos ao fundo da rua onde iniciámos o percurso e, do lado contrário ao Algarve demos com Setúbal.
Na região onde o PCP tem o mais forte reconhecimento da população pelo seu trabalho, a entrada principal lembrava o papel do Partido, «Com os trabalhadores», no propósito de os «organizar, intervir e transformar» a realidade das suas vidas para melhor. Evocando Álvaro Cunhal, frases suas destacavam-se nas paredes lembrando que o nosso ideal é a libertação dos trabalhadores e do povo de todas as formas de exploração.
Painéis apresentaram as lutas das autarquias CDU em defesa do poder local democrático, o rejuvenescimento do Partido, a luta de massas e informação detalhada sobre a realidade económica e social, baseada na «Estrada de desenvolvimento para a península».
Muito variada eram as ementas. Ao lado do palco com animação variada, música para todos os gostos e debates sobre os problemas na região, o artesanato marcou presença. Para os pequenos-almoços houve uma leitaria.
Numa das entradas, um bar dos trabalhadores da Autoeuropa distribuiu exemplares do boletim da célula do Partido, «O faísca». Trabalhadores da empresa esclareceram sobre como têm superado dificuldades. «O Partido está a crescer», salientou um trabalhador a um visitante.
Viana do Castelo estava do outro lado da mesma praça, ao lado do Espaço da JCP. Quem viesse da praça central, onde ocorre a abertura da Festa tinha, à entrada do espaço, dois cabeçudos vestidos com trajes regionais e dois bombos típicos. Panos alusivos a várias paisagens da região decoraram o restaurante dos rojões, do arroz de cabidela ou bacalhau frito entre outros pratos. A audição do PCP sobre os parques naturais e as áreas protegidas estava na exposição, à semelhança das lutas contra as portagens e das referências ao 33.º aniversário do Centro de Trabalho de Viana, à 10.ª Assembleia da sua organização concelhia e uma evocação a José Dias Coelho.
Seguia-se pela artéria central na direcção do lago onde as crianças chapinham por três dias e encontrava-se os Açores, decorado com baleias e onde o polvo guisado foi o prato de eleição, além da linguiça com inhame ou com ananás regada, ou com vinhos das ilhas, ou com sumos de maracujá, além das bifanas de albacora, dos licores e do queijo de São Jorge. Muitos visitantes passaram que por lá para dar força ao Partido numa região onde é cada vez mais urgente, para as populações, o reforço do PCP.
Com a entrada virada para a praça da abertura da Festa, Lisboa lembrava, numa enorme fachada, que «A luta é o caminho».
Do sai-sempre à feira da ladra e ao pavilhão do coleccionador os visitantes encontraram todo o tipo de artigos usados mas em bom estado e a preços simbólicos. A tasca dos leitões, o restaurante da lezíria, o espaço «Só frutas», as merendinhas, a marisqueira, a hamburgueria, a pastelaria e a churrasqueira não tiveram mãos a medir. Os trabalhadores da célula do Partido na autarquia lisboeta tinham o seu bar.
Um grande painel mostrou fotos da manifestação de 28 de Março, de jovens trabalhadores e outro lembrou as 100 mil assinaturas recolhidas pelo Partido, em defesa do direito à saúde. A defesa do sector vinícola foi assinalada com a 5.ª Rota dos Vinhos de Lisboa da Festa, onde participaram 8 adegas cooperativas e 10 quintas produtoras. Noutra parede esteve a alusão à campanha contra as portagens entre Alverca e Vila Franca de Xira.
As lutas sindicais mereceram uma exposição e, do lado contrário à entrada principal, a torre de Lisboa recordava que «A luta continua».
Espaço central continuou a ser o café-concerto, decorado lateralmente com a imagem de um trabalhador da Pereira da Costa. Muito concorridos foram os espectáculos à semelhança dos interessantes debates e momentos altos de solidariedade internacionalista [Ver caixa página 13].
Do lado contrário à rua central esteve o Porto, onde a Concelhia do PCP de Gondomar prosseguiu com a campanha de fundos para a compra de uma nova casa do Partido em São Pedro da Cova.
À entrada, uma homenagem ao professor e matemático antifascista, ex-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, Óscar Lopes, na passagem do seu 90.º aniversário mostrava, biograficamente, a vida deste incansável combatente da liberdade que foi perseguido e impedido de leccionar pelo regime fascista. Assinalado foi também o 30.º aniversário do Centro de Trabalho do Campo-Valongo. A retirada das ruas do Porto de propaganda da CDU e do PCP, por parte da autarquia PSD foi motivo de um mural em grafite que denunciou a censura. Um outro lembrou a resposta prepotente do ministro das pescas a um pescador, aquando da sua visita a Matosinhos. Além das tripas à moda do Porto e das «francesinhas», grande foi a ementa cujos pratos foram deglutidos ao som da variada programação do palco deste espaço. O artesanato e a estampagem de camisolas complementaram a oferta.
Entre o Porto e Setúbal esteve Bragança, decorada com as máscaras dos seus caretos típicos dos Nordeste trasmontano, com foices e martelos nas faces, lembrando o «Entrudo chocalheiro» que o Zeca Afonso cantava. «Com o PCP, desenvolver a região» foi o tema central. No «Solar da mirandesa», a posta mirandesa já tinha esgotado no domingo e a alternativa foi a vitela na brasa. As iniciativas do PCP na região durante o ano foram o tema da exposição política.
Do outro lado da praça começava o Alentejo, e quem dali se aproximasse começava logo a ouvir os coros da terra saídos do trabalho e da luta do povo, cantados no convívio constante de camaradas e amigos.
De entrada estava uma frase alusiva à defesa dos serviços públicos e um poema de Zeca Afonso dedicado ao cavador alentejano. Um comprido mural de fachada ao longo de todo o espaço diante do Pavilhão Central mostrava desenhos alusivos às propostas do PCP para o desenvolvimento da região, com a barragem do Alqueva, um avião e um comboio de alta velocidade. Mais abaixo, a imagem de Catarina Eufémia num fundo branco lembrou a todos o sacrifico do povo alentejano na sua luta pela liberdade e o pão. Uma exposição recordou a desertificação da região e como o regadio proporcionado pelo Alqueva pode inverter a situação. Peles, curtumes e artesanato podiam ser adquiridos.
Ocorreram três debates subordinados à resistência e à luta antifascista no Alentejo, à defesa da água pública e à acção do Partido em prol do seu reforço.
Nada de típico da gastronomia alentejana faltou nos restaurantes, bares e tascas da região, da açorda ao ensopado de borrego ou a caldeirada à moda de Sines.
Seguimos em direcção do espaço internacional e depois da entrada, pela Quinta da Princesa, antes do Alentejo estava Braga.
Numa lateral do restaurante podia-se conhecer as lutas na região contra os aumentos das portagens, uma homenagem a Adriano Correia de Oliveira, o encontro internacional de partidos comunistas, em Guimarães, a 5 e 6 de Julho, a Festa da fraternidade e um painel que mostrava os passos de concepção do espaço.
Além dos pratos típicos havia «frigideiras», um folhado de carne em formato de pizza.
Muito mais ficou, certamente, por conhecer, saborear e desfrutar, por muito que o visitante se tenha desdobrado em caminhadas, porque o volume de trabalho desenvolvido ao longo do ano nas regiões pelo Partido é tanto e foram tantas as iniciativas na Festa que é sempre impossível ver tudo. Para o ano faremos outra, ainda melhor do que esta e o que não se viu desta vez fica para o ano que vem. Até lá, prosseguiremos a luta pelo País que queremos.
Em cada espaço construído pelas organizações regionais do Partido, milhares de homens, mulheres e jovens de todo o País, através de uma voluntária generosidade que faz da Quinta da Atalaia o espaço onde há mais fraternidade por cada metro quadrado, garantiram o normal funcionamento de todos os espaços regionais e levaram à Festa, além da vastíssima proposta gastronómica, os anseios dos povos de cada região num retrato, resumido mas esclarecedor, das lutas travadas pelos trabalhadores e as populações durante o ano, sempre com a solidariedade activa e o empenho dos comunistas.
Em todos os espaços, a Greve Geral e os respectivos exemplos de dignidade assumidos pelo milhão e 400 mil trabalhadores que a ela aderiram, a luta das populações em defesa dos serviços públicos, o apelo à participação na manifestação nacional da CGTP-IN, de 18 de Outubro próximo e a Conferência Económica e Social do PCP, agendada para 24 e 25 de Novembro, no Seixal, estiveram em destaque.
Entrando pela porta da Medideira, sobe-se um relvado e, lá do alto, tem-se uma panorâmica geral onde se misturam as mais variadas cores dos toldos dos espaços com as decorações de cada região.
Aveiro estava logo do lado direito, com uma fachada a fazer as delícias dos mais gulosos com os ovos-moles e uma lateral onde as rodas pintadas de uma engrenagem lembravam o Capital e os seus intentos. Ao lado da doçaria estava um apelo para a participação no abaixo-assinado pela reabilitação da linha férrea do Vale do Vouga. Salientava-se a luta dos trabalhadores da Rhode, pelos salários e postos de trabalho.
O leitão à Bairrada, prato de eleição entre outros, foi consumido nas refrescantes sombras de um restaurante cuja parede lateral recordava que só «A luta é o caminho». Do outro lado do espaço comensal, um corticeiro mostrava, ao vivo, como se fazem rolhas com a respectiva máquina, numa homenagem a estes trabalhadores e para informar os visitantes sobre a crise no sector e a sua importância para a região.
Uma menção à luta do PCP contra o branqueamento do fascismo e o papel do Partido em defesa dos direitos das populações completou a exposição.
Diante de Aveiro estava Vila Real, a destacar a luta dos comunistas e dos amigos da CDU em defesa da raça bovina autóctone, a carne maronesa, prato principal num restaurante cujas paredes recordavam as lutas dos agricultores com a CNA e a Associação da Mulheres Agricultoras Portuguesas. Também havia referências ao Movimento das Associações dos Agricultores e Compartes dos Baldios no distrito.
Meia dúzia de passos dados e, colada a esta região estava Viseu. A entrada do restaurante era uma fachada de habitação regional com uma frase de repúdio pela tentativa de criação, em Santa Comba Dão, do museu ao ditador fascista, Salazar. Na gastronomia destacava-se a vitela assada no forno e o naco de vitela arouquesa, da Serra do Montemuro, entre outras. Ali, recordava-se a 7.ª Assembleia Regional dos comunistas de Viseu, a luta contra o encerramento de escolas e de serviços de saúde e a acção da população com a URAP e o Partido contra o museu em Santa Comba. Também não faltou o artesanato, as faianças, o presunto e o queijo regional.
Voltámos ao topo da artéria principal e descobrimos, logo abaixo de Vila Real, depois do espaço dedicado aos camaradas e amigos emigrantes, o espaço de Santarém onde a sopa da pedra tem presença assídua com a sopa de peixe. Uma atraente exposição recordava a luta dos trabalhadores da região pela conquista do horário de trabalho de 8 horas diárias, conseguida em 1962, à custa de grande sofrimento, repressão e tortura fascistas. «1962-2007: ontem como hoje, o PCP sempre do lado de quem trabalha», recordava-se. Um pequeno palco serviu para espectáculos com danças e cantos regionais, entre outros.
Do outro lado da rua, a organização comunista de Castelo Branco e Guarda salientava como «Com um PCP mais forte, o interior tem futuro». Entre a feijoada, o bacalhau à Assis, os maranhos, o queijo da serra e outras iguarias podia ler-se um trecho do poema de Ferreira de Castro, «A lã e a neve», saber como foi a VII Assembleia Regional do Partido, a luta contra a privatização da água da Covilhã e o encontro do Partido, em Junho, em Manteigas, «Contra a desertificação e o envelhecimento da população», a exigir «Um novo rumo para a Serra da Estrela».
Entrámos depois numa rua perpendicular, em direcção ao espaço do desporto e deparámos com Leiria. Uma exposição contava a revolta dos vidreiros da Marinha Grande, de 18 de Janeiro de 1934, como foi organizada e como os trabalhadores foram presos e deportados para o Tarrafal, onde alguns faleceram, vítimas das mais duras privações. Apreciando uma ginja ou uma carne assada com migas podia-se assistir à concepção, ao vivo, de arte vitral com um artesão a demonstrar como é feita a secular arte que sempre prestigiou aquele povo. Um espaço proporcionava a aquisição destes produtos. Os camaradas de Peniche tiveram a seu cargo o pão com chouriço e a sardinha assada.
Depois de Leiria estava a Madeira onde uma pequena casa regional foi o ponto do pré-pagamento para um espaço cuja decoração reproduziu a rua e alguns aspectos do Centro de Trabalho do PCP no Funchal. Os visitantes puderam provar as espetadas concebidas pelos camaradas desta região onde o Partido tem crescido. O bolo do caco e a sopa de trigo também não faltaram, bem como o ponche e todas as bebidas regionais, além de uns cocktails concebidos naquelas ilhas, cuja receita não foi revelada. Em exposição estiveram as lutas desenvolvidas nos últimos anos pelos comunistas com as populações.
Voltámos à rua central e desembocámos na rotunda do Palco 25 de Abril onde, do lado direito, estava o Algarve, «Da serra ao mar, na luta por outra política». Entre a marisqueira, o artesanato, os doces regionais e um bar com cocktails apelava-se à participação no abaixo-assinado contra a criação de um viveiro privado de produção de peixe, na ria de Alvor, e recordava-se como «O Algarve cresce mas não se desenvolve». Expostos estavam os dados sobre a crescente precariedade, a celebração do 1.º de Maio e a 8.ª Assembleia da Organização Regional do Algarve do PCP.
Ao lado, na mesma praça, Coimbra levou à Festa a Torre do Relógio, da Praia da Claridade, na Figueira da Foz, para decorar a entrada. A chanfana, o porco assado no espeto e a sardinha assada mais os doces e os vinhos regionais deliciaram os visitantes que puderam conhecer o boletim da célula dos trabalhadores ferroviários de Coimbra do PCP e o trabalho pelo reforço do Partido.
Regressámos ao fundo da rua onde iniciámos o percurso e, do lado contrário ao Algarve demos com Setúbal.
Na região onde o PCP tem o mais forte reconhecimento da população pelo seu trabalho, a entrada principal lembrava o papel do Partido, «Com os trabalhadores», no propósito de os «organizar, intervir e transformar» a realidade das suas vidas para melhor. Evocando Álvaro Cunhal, frases suas destacavam-se nas paredes lembrando que o nosso ideal é a libertação dos trabalhadores e do povo de todas as formas de exploração.
Painéis apresentaram as lutas das autarquias CDU em defesa do poder local democrático, o rejuvenescimento do Partido, a luta de massas e informação detalhada sobre a realidade económica e social, baseada na «Estrada de desenvolvimento para a península».
Muito variada eram as ementas. Ao lado do palco com animação variada, música para todos os gostos e debates sobre os problemas na região, o artesanato marcou presença. Para os pequenos-almoços houve uma leitaria.
Numa das entradas, um bar dos trabalhadores da Autoeuropa distribuiu exemplares do boletim da célula do Partido, «O faísca». Trabalhadores da empresa esclareceram sobre como têm superado dificuldades. «O Partido está a crescer», salientou um trabalhador a um visitante.
Viana do Castelo estava do outro lado da mesma praça, ao lado do Espaço da JCP. Quem viesse da praça central, onde ocorre a abertura da Festa tinha, à entrada do espaço, dois cabeçudos vestidos com trajes regionais e dois bombos típicos. Panos alusivos a várias paisagens da região decoraram o restaurante dos rojões, do arroz de cabidela ou bacalhau frito entre outros pratos. A audição do PCP sobre os parques naturais e as áreas protegidas estava na exposição, à semelhança das lutas contra as portagens e das referências ao 33.º aniversário do Centro de Trabalho de Viana, à 10.ª Assembleia da sua organização concelhia e uma evocação a José Dias Coelho.
Seguia-se pela artéria central na direcção do lago onde as crianças chapinham por três dias e encontrava-se os Açores, decorado com baleias e onde o polvo guisado foi o prato de eleição, além da linguiça com inhame ou com ananás regada, ou com vinhos das ilhas, ou com sumos de maracujá, além das bifanas de albacora, dos licores e do queijo de São Jorge. Muitos visitantes passaram que por lá para dar força ao Partido numa região onde é cada vez mais urgente, para as populações, o reforço do PCP.
Com a entrada virada para a praça da abertura da Festa, Lisboa lembrava, numa enorme fachada, que «A luta é o caminho».
Do sai-sempre à feira da ladra e ao pavilhão do coleccionador os visitantes encontraram todo o tipo de artigos usados mas em bom estado e a preços simbólicos. A tasca dos leitões, o restaurante da lezíria, o espaço «Só frutas», as merendinhas, a marisqueira, a hamburgueria, a pastelaria e a churrasqueira não tiveram mãos a medir. Os trabalhadores da célula do Partido na autarquia lisboeta tinham o seu bar.
Um grande painel mostrou fotos da manifestação de 28 de Março, de jovens trabalhadores e outro lembrou as 100 mil assinaturas recolhidas pelo Partido, em defesa do direito à saúde. A defesa do sector vinícola foi assinalada com a 5.ª Rota dos Vinhos de Lisboa da Festa, onde participaram 8 adegas cooperativas e 10 quintas produtoras. Noutra parede esteve a alusão à campanha contra as portagens entre Alverca e Vila Franca de Xira.
As lutas sindicais mereceram uma exposição e, do lado contrário à entrada principal, a torre de Lisboa recordava que «A luta continua».
Espaço central continuou a ser o café-concerto, decorado lateralmente com a imagem de um trabalhador da Pereira da Costa. Muito concorridos foram os espectáculos à semelhança dos interessantes debates e momentos altos de solidariedade internacionalista [Ver caixa página 13].
Do lado contrário à rua central esteve o Porto, onde a Concelhia do PCP de Gondomar prosseguiu com a campanha de fundos para a compra de uma nova casa do Partido em São Pedro da Cova.
À entrada, uma homenagem ao professor e matemático antifascista, ex-presidente da Associação Portuguesa de Escritores, Óscar Lopes, na passagem do seu 90.º aniversário mostrava, biograficamente, a vida deste incansável combatente da liberdade que foi perseguido e impedido de leccionar pelo regime fascista. Assinalado foi também o 30.º aniversário do Centro de Trabalho do Campo-Valongo. A retirada das ruas do Porto de propaganda da CDU e do PCP, por parte da autarquia PSD foi motivo de um mural em grafite que denunciou a censura. Um outro lembrou a resposta prepotente do ministro das pescas a um pescador, aquando da sua visita a Matosinhos. Além das tripas à moda do Porto e das «francesinhas», grande foi a ementa cujos pratos foram deglutidos ao som da variada programação do palco deste espaço. O artesanato e a estampagem de camisolas complementaram a oferta.
Entre o Porto e Setúbal esteve Bragança, decorada com as máscaras dos seus caretos típicos dos Nordeste trasmontano, com foices e martelos nas faces, lembrando o «Entrudo chocalheiro» que o Zeca Afonso cantava. «Com o PCP, desenvolver a região» foi o tema central. No «Solar da mirandesa», a posta mirandesa já tinha esgotado no domingo e a alternativa foi a vitela na brasa. As iniciativas do PCP na região durante o ano foram o tema da exposição política.
Do outro lado da praça começava o Alentejo, e quem dali se aproximasse começava logo a ouvir os coros da terra saídos do trabalho e da luta do povo, cantados no convívio constante de camaradas e amigos.
De entrada estava uma frase alusiva à defesa dos serviços públicos e um poema de Zeca Afonso dedicado ao cavador alentejano. Um comprido mural de fachada ao longo de todo o espaço diante do Pavilhão Central mostrava desenhos alusivos às propostas do PCP para o desenvolvimento da região, com a barragem do Alqueva, um avião e um comboio de alta velocidade. Mais abaixo, a imagem de Catarina Eufémia num fundo branco lembrou a todos o sacrifico do povo alentejano na sua luta pela liberdade e o pão. Uma exposição recordou a desertificação da região e como o regadio proporcionado pelo Alqueva pode inverter a situação. Peles, curtumes e artesanato podiam ser adquiridos.
Ocorreram três debates subordinados à resistência e à luta antifascista no Alentejo, à defesa da água pública e à acção do Partido em prol do seu reforço.
Nada de típico da gastronomia alentejana faltou nos restaurantes, bares e tascas da região, da açorda ao ensopado de borrego ou a caldeirada à moda de Sines.
Seguimos em direcção do espaço internacional e depois da entrada, pela Quinta da Princesa, antes do Alentejo estava Braga.
Numa lateral do restaurante podia-se conhecer as lutas na região contra os aumentos das portagens, uma homenagem a Adriano Correia de Oliveira, o encontro internacional de partidos comunistas, em Guimarães, a 5 e 6 de Julho, a Festa da fraternidade e um painel que mostrava os passos de concepção do espaço.
Além dos pratos típicos havia «frigideiras», um folhado de carne em formato de pizza.
Muito mais ficou, certamente, por conhecer, saborear e desfrutar, por muito que o visitante se tenha desdobrado em caminhadas, porque o volume de trabalho desenvolvido ao longo do ano nas regiões pelo Partido é tanto e foram tantas as iniciativas na Festa que é sempre impossível ver tudo. Para o ano faremos outra, ainda melhor do que esta e o que não se viu desta vez fica para o ano que vem. Até lá, prosseguiremos a luta pelo País que queremos.