Revolução de Outubro foi há 89 anos

Ousar tomar o céu de assalto

O PCP assinalou, no Porto, a passagem dos 89 anos da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia com um grande jantar no qual participaram mais de quinhentas pessoas. Entre os presentes encontrava-se Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.
Na sua intervenção, o dirigente comunista afirmou que assinalar a Revolução de Outubro é «lembrar e celebrar um dos actos e processos mais audaciosos e fascinantes da humanidade». Os comunistas, assinalou, comemoram esta data não com sentido nostálgico mas «porque preservamos todo o ideal e apelo que a Revolução de Outubro comportou e que continua carregado de actualidade».
Para Jerónimo de Sousa, apesar das derrotas do socialismo na pátria de Lenine e das sombras e perigos da globalização imperialista, os objectivos da Revolução de soviética de 1917 «continuam válidos e perenes para milhões de seres humanos que lutam e resistem na busca duma sociedade nova, onde a exploração do homem pelo homem e a sociedade velha de milénios alicerçada na opressão e na justiça possam ser banidas».
O secretário-geral do PCP alertou para as mistificações e reescrita da história em torno da Revolução de Outubro e lembrou que «ali começou a regulamentação dos direitos do trabalho, na instituição da jornada de trabalho das oito horas, das férias pagas, da igualdade entre sexos, na assistência médica e educação gratuitas, no acesso generalizado à cultura».
Reconhecendo a existência de diferenças de interpretação, mesmo no seio do movimento comunista, sobre o colapso da União Soviética, o dirigente do PCP considerou que tal análise «não pode ser feita pelos defensores da perpetuação do capitalismo e da exploração, pelos que se passaram para o campo das classes dominantes que hoje combatem o que defendiam e a defender o que antes combatiam». Para Jerónimo de Sousa, quem pode fazer essa análise com esse rigor e aprofundamento são as forças comprometidas com a luta pela superação revolucionária do capitalismo. As mesmas que, «interpretando o apelo actual e de fundo plasmado na Revolução de Outubro, persistem no que ela teve de mais genuíno: o objectivo de construção da sociedade socialista, de emancipação do ser humano no direito inalienável de não ser explorado por outro ser humano».

Comemorações na sede do Partido

Na sede central do Partido, na Soeiro Pereira Gomes, realizou-se no dia 7 o habitual almoço comemorativo da Revolução de Outubro, com a participação de mais de 140 pessoas, funcionários e colaboradores da estrutura central do Partido. Na sua intervenção, Agostinho Lopes, membro da Comissão Política, lembrou o proletariado russo, que há quase nove décadas, ousou «assaltar os céus».
Lembrando que o mundo não está melhor desde a derrocada do socialismo no Leste da Europa, o dirigente do PCP reafirmou a necessidade de prosseguir a análise do que aconteceu na URSS e noutros países socialistas. Sem permitir a revisão da história nem contemporizar com os obstáculos, dificuldades e resistências existentes.
Para Agostinho Lopes, «Outubro continua a dizer que não há luta sem força revolucionária consistente e coerente, sem um Partido revolucionário, coeso, profundamente democrático na sua vida interna, forte e firme nas suas convicções, ideais e objectivos, ancorado nos trabalhadores e no povo». E diz também, prosseguiu, que «não há revolução nem partido revolucionário sem teoria revolucionária, dialéctica e materialista».
Lembrando que o PCP acompanhou, nos bons e maus momentos, os comunistas e o povo soviético, Agostinho Lopes não esquece a sua «activa solidariedade na luta travada pelos comunistas e o povo português, durante quase 50 anos, contra a ditadura de Salazar». E, terminando, assegurou que «Abril também aconteceu, porque houve Outubro».


Mais artigos de: PCP

Debater e organizar ao ritmo da luta

É num intenso período de luta que o PCP está a preparar a sua VI Assembleia da Organização Regional de Lisboa, que se realiza no próximo dia 18. Sobre a sua preparação, o Avante! falou com Carlos Chaparro, Paula Henriques, Luís Fernandes e Carlos Grilo, membros da DORL e do Comité Central.

O contributo teórico de Álvaro Cunhal

O PCP vai promover, entre 10 e 30 de Novembro, um ciclo de debates sobre a obra política de Álvaro Cunhal. Esta evocação consta de cinco debates sobre outros tantos trabalhos teóricos do histórico dirigente comunista. Na apresentação do ciclo, afirma-se que «em centenas e centenas de textos – artigos, relatórios, livros,...

Lembrar e honrar a resistência antifascista

O antigo dirigente do PCP Sérgio Vilarigues esteve em Cabo Verde nas comemorações do «Dia Nacional da Resistência Antifascista», proclamado pelo governo daquele país o dia 29 de Outubro.

Exclusão e mistificações

O PCP endereçou ao director de programas da RTP, Nuno Santos, um protesto sobre a edição do programa «Prós e Contras» do passado dia 30 de Outubro sobre «O referendo do aborto volta à sociedade». Considerando o tema de «inegável interesse e actualidade», o PCP considera porém que os critérios adoptados na escolha dos...

Protestos não param

A Campanha Nacional do PCP em defesa da Saúde vai de encontro às preocupações das suas organizações locais, que em todo o lado procuram travar a ofensiva do Governo no campo da Saúde.

Pela recolha do lixo ao sábado

A Comissão Concelhia de Gondomar do PCP exortou a população a prosseguir a sua luta pela recolha do lixo ao sábado. Depois de várias diligências e acções de protesto contra a decisão da Câmara Municipal que pôs fim ao serviço prestado naquele dia, sem qualquer redução da respectiva taxa de resíduos sólidos, os comunistas...

PCP denuncia carências

A Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira do PCP, eleita na última Assembleia da Organização, reuniu pela primeira vez, no dia 28 de Outubro, para discutir aspectos de funcionamento interno e formas de levar à prática as conclusões da Assembleia.Em discussão estiveram também os problemas que mais afectam o Concelho,...

Ataque ao Poder Local

O Coordenador Regional do PCP nos Açores afirmou, no início da semana, que o novo quadro que altera as Leis das Finanças Locais constitui o «maior ataque perpetuado contra o Poder Local e Regional» desde o 25 de Abril de 1974.Em conferência de imprensa, realizada na cidade da Horta, na sequência de uma reunião da...

«Visão mesquinha»

Os comunistas do Porto condenaram a decisão do presidente da Câmara do Porto de acabar com os subsídios pecuniários a fundo perdido a partir de 1 de Janeiro.