Silêncio salazarento
Se o Primeiro-Ministro, fardado de secretário-geral do PS, for arengar a um núcleo remoto do seu partido – cada vez menos participadas estas reuniões onde o homem perora a explicar o inexplicável e a desculpar as medidas, algumas criminosas, que o seu Governo tem vindo a anunciar e a pôr em prática – as televisões estão lá. As televisões também estão em todo o lado aonde vai o Presidente da República, nem que seja a Budapeste, onde se associou a todos os anticomunistas militantes para glorificar a «liberdade» que os húngaros hoje vivem e para tentar apagar o papel inestimável da União Soviética para a consolidação da paz no mundo e para transformá-lo num mundo digno de ser vivido pelos trabalhadores e pelos povos. Os povos, na visão destes dois próceres da política de direita, Sócrates e Cavaco, são aqueles que votam e depois voltam às suas vidas de miséria, sem participação nem direito a voz. A única voz autorizada é a voz do dono e dos seus lacaios, isto é, de Bush no planeta e dos outros governantes que servem o capital nos variados países submetidos ao imperialismo.
É esta, aliás, a filosofia que preside às redacções – e certamente aos conselhos de administração do punhado de empresas que controlam a informação – dos órgãos de comunicação portuguesa que se não poupam a esforços para ressuscitar, seja através de concursos, seja através do sensacionalismo «cultural», seja através dos noticiários, o estilo e as expressões do fascismo varrido em 25 de Abril de 1974. Ainda esta semana, a propósito da invasão soviética de Budapeste, se tornou a falar da «cortina de ferro» e das «primaveras» de Praga e das «solidariedades» de Varsóvia.
Mas, quando, numa sessão evocativa da figura ímpar de Vasco Gonçalves à frente dos quatro governos provisórios que avançaram, com o Povo e o MFA, nas conquistas de Abril, as televisões fizeram silêncio. O ódio de classe que a grande burguesia sempre mostrou contra o general que dirigiu, com o Povo e o MFA, o rumo do País em pouco mais de um ano, enfrentando a contra-revolução golpista e as calúnias que os saudosistas do fascismo e os assustados da Revolução lhe moveram, esse ódio de classe manifesta-se ainda hoje, tentando amordaçar as lembranças que se mantêm como projecto de futuro. É o mesmo silêncio com que procuraram cobrir o protesto de cem mil nas ruas de Lisboa, distribuindo horas de Fátima, tão ao gosto salazarento do espectáculo para os chefes de família.
A Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa esteve a abarrotar de presenças. De gente com memória e de gente com projecto. De velhos que participaram nas conquistas e lutas do passado e de jovens que participam nas lutas de hoje e nos projectos libertadores do futuro.
Mais uma vez, o -Avante! é quase o único a dar voz aos muitos mil que não perdem as referências da História e se empenham em tomar a História, modelando-a com as suas próprias mãos.
É esta, aliás, a filosofia que preside às redacções – e certamente aos conselhos de administração do punhado de empresas que controlam a informação – dos órgãos de comunicação portuguesa que se não poupam a esforços para ressuscitar, seja através de concursos, seja através do sensacionalismo «cultural», seja através dos noticiários, o estilo e as expressões do fascismo varrido em 25 de Abril de 1974. Ainda esta semana, a propósito da invasão soviética de Budapeste, se tornou a falar da «cortina de ferro» e das «primaveras» de Praga e das «solidariedades» de Varsóvia.
Mas, quando, numa sessão evocativa da figura ímpar de Vasco Gonçalves à frente dos quatro governos provisórios que avançaram, com o Povo e o MFA, nas conquistas de Abril, as televisões fizeram silêncio. O ódio de classe que a grande burguesia sempre mostrou contra o general que dirigiu, com o Povo e o MFA, o rumo do País em pouco mais de um ano, enfrentando a contra-revolução golpista e as calúnias que os saudosistas do fascismo e os assustados da Revolução lhe moveram, esse ódio de classe manifesta-se ainda hoje, tentando amordaçar as lembranças que se mantêm como projecto de futuro. É o mesmo silêncio com que procuraram cobrir o protesto de cem mil nas ruas de Lisboa, distribuindo horas de Fátima, tão ao gosto salazarento do espectáculo para os chefes de família.
A Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa esteve a abarrotar de presenças. De gente com memória e de gente com projecto. De velhos que participaram nas conquistas e lutas do passado e de jovens que participam nas lutas de hoje e nos projectos libertadores do futuro.
Mais uma vez, o -Avante! é quase o único a dar voz aos muitos mil que não perdem as referências da História e se empenham em tomar a História, modelando-a com as suas próprias mãos.