Quebrar o isolamento e resistir
Dossier Nos 70 anos do Campo de Concentração do Tarrafal
Enviados para o isolamento e para a morte, os prisioneiros do Tarrafal – na sua maioria militantes comunistas – encontraram sempre formas criativas de organização interna e de comunicação com o exterior. Apesar da distância e da apertada vigilância, foi vasta a correspondência trocada entre a Direcção do Partido e a organização prisional.
As ligações com o exterior e a organização dos presos no interior do Campo de Concentração foram fundamentais para a denúncia das desumanas condições da vida prisional, bem como para a resistência e luta organizada dos presos contra as arbitrariedades dos carcereiros e pela melhoria do regime prisional. Através das cartas enviadas pela Direcção do Partido para o interior do Campo, os presos puderam seguir o desenrolar da situação política nacional e internacional e actuar de acordo com ela.
A ligação entre a Direcção do PCP e os comunistas no interior das prisões continua a ser assunto relativamente desconhecido, mas não é difícil conceber a imaginação e criatividade necessárias para estabelecer estes contactos. Se isto é válido para uma prisão do continente, mais ainda o é para o Campo de Concentração do Tarrafal, quer pela distância quer pelas condições do cativeiro. Um preso apanhado com uma ponta de lápis podia ser castigado com 20 dias na «frigideira».
No livro Dossier Tarrafal (Edições Avante!), apresentado ontem, publica-se um conjunto de cartas trocadas entre a Direcção central do Partido e a sua organização no interior do Campo. Numa carta de Abril de 1943, a direcção prisional no Tarrafal informa o Secretariado do Comité Central de que foram recebidos cinco exemplares do Avante!, bem como um manifesto do Partido. «Chegaram bem, como antes haviam chegado os outros.»
Mostrando-se bem informados acerca do desenrolar da Guerra e da situação interna do País e do Partido, pedem ao Secretariado que escreva «com frequência e regularidade. Sabemos que tendes muito que fazer, mas cartas curtas com os informes fundamentais não custam muito a fazer». São ainda dadas indicações acerca da atitude a tomar para com alguns presos que entretanto haviam sido enviados para Portugal.
Do Secretariado do Partido – redigidas por Álvaro Cunhal – seguem também cartas para o interior do Campo de Concentração a relatar o desenvolvimento da situação política e os avanços na organização do Partido. Numa missiva de 1944, Álvaro Cunhal faz o balanço das grandes jornadas de Maio e conta os progressos orgânicos do Partido: A tiragem do Avante! atinge «actualmente mais de 8000. A tiragem de O Militante vai a cerca de 1 500». Relatando os novos métodos trazidos pela Reorganização do início dos anos 40, afirma a carta do Secretariado: «É graças, em parte, a este novo estilo de trabalho que o Partido tem andado para diante, que o seu prestígio cresce dia-a-dia, que a polícia não consegue atingir-nos há ano e meio.»
As ligações com o exterior e a organização dos presos no interior do Campo de Concentração foram fundamentais para a denúncia das desumanas condições da vida prisional, bem como para a resistência e luta organizada dos presos contra as arbitrariedades dos carcereiros e pela melhoria do regime prisional. Através das cartas enviadas pela Direcção do Partido para o interior do Campo, os presos puderam seguir o desenrolar da situação política nacional e internacional e actuar de acordo com ela.
A ligação entre a Direcção do PCP e os comunistas no interior das prisões continua a ser assunto relativamente desconhecido, mas não é difícil conceber a imaginação e criatividade necessárias para estabelecer estes contactos. Se isto é válido para uma prisão do continente, mais ainda o é para o Campo de Concentração do Tarrafal, quer pela distância quer pelas condições do cativeiro. Um preso apanhado com uma ponta de lápis podia ser castigado com 20 dias na «frigideira».
No livro Dossier Tarrafal (Edições Avante!), apresentado ontem, publica-se um conjunto de cartas trocadas entre a Direcção central do Partido e a sua organização no interior do Campo. Numa carta de Abril de 1943, a direcção prisional no Tarrafal informa o Secretariado do Comité Central de que foram recebidos cinco exemplares do Avante!, bem como um manifesto do Partido. «Chegaram bem, como antes haviam chegado os outros.»
Mostrando-se bem informados acerca do desenrolar da Guerra e da situação interna do País e do Partido, pedem ao Secretariado que escreva «com frequência e regularidade. Sabemos que tendes muito que fazer, mas cartas curtas com os informes fundamentais não custam muito a fazer». São ainda dadas indicações acerca da atitude a tomar para com alguns presos que entretanto haviam sido enviados para Portugal.
Do Secretariado do Partido – redigidas por Álvaro Cunhal – seguem também cartas para o interior do Campo de Concentração a relatar o desenvolvimento da situação política e os avanços na organização do Partido. Numa missiva de 1944, Álvaro Cunhal faz o balanço das grandes jornadas de Maio e conta os progressos orgânicos do Partido: A tiragem do Avante! atinge «actualmente mais de 8000. A tiragem de O Militante vai a cerca de 1 500». Relatando os novos métodos trazidos pela Reorganização do início dos anos 40, afirma a carta do Secretariado: «É graças, em parte, a este novo estilo de trabalho que o Partido tem andado para diante, que o seu prestígio cresce dia-a-dia, que a polícia não consegue atingir-nos há ano e meio.»