Mãos em sangue
Por mais esforçada e diligente que se pretendesse a operação mediática para transformar a encenada imagem de Condolezza Rice ao piano em algo que contribua para lhe aliviar o peso dos crimes e morte que está associada à política que representa, dificilmente essa operação resistiria um par de horas à dura realidade que acompanha a acção externa norte-americana. Ainda mal levantara as mãos do teclado e já as cruéis declarações de um marine seu conterrâneo, suspeito de crimes de guerra, fazia soçobrar o desiderato de tão engenhosa récita.
Steven Green o soldado norte-americano acusado de violar uma iraquiana de 15 anos e de ter assassinado a sua família declarou no inquérito em curso que «matar aqui pessoas é como esmagar formigas», um acto tão natural e de rotina que segundo o próprio «matas alguém e dizes, “bom, vamos buscar uma pizza”». O nome e o caso pouca relevância terão em si mesmos. A exemplo deste, milhares de idênticos episódios poderiam ser creditados por conta da ocupação militar norte-americana no Iraque ou no Afeganistão. O que aqui se releva é justamente o facto de este não ser um caso isolado, separável da doutrina política da Casa Branca e dos pressupostos do mandato e objectivos militares dos Estados Unidos. Pelo que os «inquéritos» e «averiguações», ciclicamente divulgados, a «excessos» cometidos pelo exército americano não são mais do que uma tentativa de transformar uma prática generalizada e de rotina em alegados casos isolados da responsabilidade deste ou daquele militar mais empenhado na aplicação dos conhecimentos ministrados.
O bombardeamento de populações indefesas, a destruição massiva de aldeias, as torturas infligidas a prisioneiros em Abu Graid, os sequestros, as detenções ilegais e inumanas impostas em Guantanamo, são parte constituinte da política externa dos Estados Unidos e da sua diplomacia O desprezo pela vida e o absoluto desrespeito pelos direitos humanos são prática corrente, método de acção e argumento táctico da doutrina política e da estratégia militar norte-americana, do Vietname ao Afeganistão, da Jugoslávia ao Iraque, de Granada ao Líbano.
Mesmo que mais próximas do gatilho, umas, ou mais dedicadas a deslizar sobre teclas, outras, as mãos de Steven não estarão mais sujas de sangue e crimes do que as de Condolezza. Pelo contrário. Sobre esta recai o peso da instigação e da consciência mandante de uma política de domínio imposta pelo terror das armas e do poderio bélico sobre os povos e estados soberanos.
Steven Green o soldado norte-americano acusado de violar uma iraquiana de 15 anos e de ter assassinado a sua família declarou no inquérito em curso que «matar aqui pessoas é como esmagar formigas», um acto tão natural e de rotina que segundo o próprio «matas alguém e dizes, “bom, vamos buscar uma pizza”». O nome e o caso pouca relevância terão em si mesmos. A exemplo deste, milhares de idênticos episódios poderiam ser creditados por conta da ocupação militar norte-americana no Iraque ou no Afeganistão. O que aqui se releva é justamente o facto de este não ser um caso isolado, separável da doutrina política da Casa Branca e dos pressupostos do mandato e objectivos militares dos Estados Unidos. Pelo que os «inquéritos» e «averiguações», ciclicamente divulgados, a «excessos» cometidos pelo exército americano não são mais do que uma tentativa de transformar uma prática generalizada e de rotina em alegados casos isolados da responsabilidade deste ou daquele militar mais empenhado na aplicação dos conhecimentos ministrados.
O bombardeamento de populações indefesas, a destruição massiva de aldeias, as torturas infligidas a prisioneiros em Abu Graid, os sequestros, as detenções ilegais e inumanas impostas em Guantanamo, são parte constituinte da política externa dos Estados Unidos e da sua diplomacia O desprezo pela vida e o absoluto desrespeito pelos direitos humanos são prática corrente, método de acção e argumento táctico da doutrina política e da estratégia militar norte-americana, do Vietname ao Afeganistão, da Jugoslávia ao Iraque, de Granada ao Líbano.
Mesmo que mais próximas do gatilho, umas, ou mais dedicadas a deslizar sobre teclas, outras, as mãos de Steven não estarão mais sujas de sangue e crimes do que as de Condolezza. Pelo contrário. Sobre esta recai o peso da instigação e da consciência mandante de uma política de domínio imposta pelo terror das armas e do poderio bélico sobre os povos e estados soberanos.