«Ocupantes fora do Iraque»
Centenas de pessoas juntaram-se, este fim de semana, em Lisboa e no Porto para assinalarem a passagem do terceiro aniversário da invasão e ocupação do Iraque pela coligação imperialista liderada pelos EUA e a Grã-Bretanha. Nos cinco continentes, não houve credo, cultura, etnia, idade ou profissão que separasse os muitos milhões que se uniram numa mesma jornada de solidariedade com um só objectivo: Exigir que o povo iraquiano seja livre na sua terra e conquiste o direito a governar o seu próprio destino.
Jerónimo de Sousa marcou presença em mais uma acção de repúdio à política imperialista
Na capital, a manhã cinzenta e chuvosa de sábado, como escuros e tristes são os dias do povo do Iraque, deu lugar, quando a luz dobrou o meridiano, à tarde solarenga no Largo do Camões. Passo a passo, solidárias, centenas de pessoas subiam a Rua do Alecrim, esgueiraram-se pela boca do metropolitano junto à Brasileira do Chiado, ou desceram a Rua da Misericórdia. Ou desciam e subiam caminhos em busca de alguém.
Muitos trouxeram a bandeira vermelha dos oprimidos, dos explorados, do internacionalismo proletário. Tantos, que à hora marcada para o arranque da iniciativa, palmo sim, palmo não, se sentia o seu agitar.
«Três anos de ocupação. Três anos de resistência», podia ler-se na faixa que encabeçava o palco, e foi precisamente para a capacidade de contrariar o discurso dominante insistindo em mobilizar consciências que foram as primeiras palavras.
Depois de ler a mensagem enviada pelo presidente da Aliança Patriótica Iraquiana, Abdul Jabbar al-Kubaysi, que ao lado publicamos na integra, Lígia Faria, reproduziu ainda duas outras mensagens, ambas provenientes do coração do império.
«As mesmas mentiras sobre a “ameaça terrorista”, armas de destruição massiva e outras acusações usadas para iniciar agressões contra o Afeganistão e o Iraque, estão a ser recuperadas para demonizar e coagir outras nações do dito Terceiro Mundo, com o objectivo de justificar eventuais ataques “preventivos” futuros», sublinhou o Conselho Mundial da Paz, para quem «só o movimento de massas populares será capaz de travar a escalada militarista», pode-se ler ainda na mensagem.
Também dos EUA, uma mensagem de regozijo e apreço pela solidariedade manifestada no nosso País com os valores da paz e contra a agressão ao Iraque. «O movimento anti-guerra em Portugal constitui, para nós, nos EUA, um exemplo especial porque nós enfrentamos um problema que vocês enfrentaram há uma geração atrás. Esse problema é como combinar a nossa luta contra uma guerra colonial com uma luta de classes eficaz contra um regime repressivo», considerou o Centro de Acção Internacional no texto lido pela primeira oradora na concentração e membro da Comissão Política da Juventude Comunista Portuguesa.
Contra a barbárie do capital
A fechar a jornada em Lisboa, Maria do Céu Guerra deu a conhecer o manifesto subscrito pelas 57 organizações promotoras, entre as quais o PCP, cujo secretário-geral, Jerónimo de Sousa, não quis deixar de marcar presença em mais uma acção de repúdio à política imperialista.
«Aqui estamos para que a memória não se apague», lembrou a actriz, que mais adiante sublinhou que «o povo iraquiano está a lutar não só pela sua própria terra mas também pelo mundo».
«Aos que pretendem dominar o mundo e colocá-lo sob a sua batuta», continuou, «respondem os iraquianos não se deixando subjugar e apontando o caminho para que a Humanidade não passe a viver sob o insuportável poder dos que detêm uma enorme superioridade económica, tecnológica e militar», disse ainda.
«Paz sim. Guerra não», ouviu-se a espaços entre a multidão consciente de que, afinal, após tantos anos de combate político, ainda não terminou a época dos «impérios coloniais», dos «tempos negros de submissão». Cá estamos para esta e outras lutas, e com os povos do Iraque, do Irão, da Palestina seremos mais Povo e percorreremos o caminho que é só nosso. Pela paz, pela liberdade, pelo progresso contra o neoliberalismo e a exploração, ficou a certeza, repetida domingo, mais a Norte, numa iniciativa similar.
No Porto, um dia depois, as vozes protestaram com a mesma convicção e pelos mesmos valores, mas a música foi outra. Após a concentração realizada na Praça D. João I, os manifestantes foram até ao pequeno auditório do Teatro Rivoli para ouvir o Quarteto Mesopotâmia, um grupo de iraquianos que não desiste de espalhar os sons milenares de Bagdad.
Abdul Jabbar al-Kubaysi envia mensagem
Na primeira linha da solidariedade
Na Europa, nos EUA e na Ásia
Milhões contra a guerra
No dia 18, a par do que ocorreu em Lisboa e no Porto, milhões de pessoas saíram às ruas para protestarem contra a guerra e ocupação do Iraque o belicismo norte-americano.
Em Nova Iorque, os protestos cercaram o centro de recrutamento militar de Times Square e em seguida marcharam em direcção à sede das Nações Unidas. A estes juntaram-se dezenas de milhares de cidadãos em mais de 400 cidades do país, com destaque para as gigantescas mobilizações em Chicago, São Francisco, Los Angeles, Boston, Washington e Detroit.
Do lado de cá do Atlântico, cenário idêntico em Roma, Milão, Amesterdão, Copenhaga, Estocolmo, Atenas e Londres (entre 80 a 100 mil pessoas só na capital britânica).
Em Istambul, na Turquia, o povo respondeu à convocatória da esquerda, e avançando mais para Oriente, registaram-se ainda protestos em Tóquio, no Japão, em Sidney, na Austrália, no Paquistão e na Índia.
Milhões de pessoas, demasiada gente para que os respectivos governos calem a razão e perpetuem a barbárie.
Muitos trouxeram a bandeira vermelha dos oprimidos, dos explorados, do internacionalismo proletário. Tantos, que à hora marcada para o arranque da iniciativa, palmo sim, palmo não, se sentia o seu agitar.
«Três anos de ocupação. Três anos de resistência», podia ler-se na faixa que encabeçava o palco, e foi precisamente para a capacidade de contrariar o discurso dominante insistindo em mobilizar consciências que foram as primeiras palavras.
Depois de ler a mensagem enviada pelo presidente da Aliança Patriótica Iraquiana, Abdul Jabbar al-Kubaysi, que ao lado publicamos na integra, Lígia Faria, reproduziu ainda duas outras mensagens, ambas provenientes do coração do império.
«As mesmas mentiras sobre a “ameaça terrorista”, armas de destruição massiva e outras acusações usadas para iniciar agressões contra o Afeganistão e o Iraque, estão a ser recuperadas para demonizar e coagir outras nações do dito Terceiro Mundo, com o objectivo de justificar eventuais ataques “preventivos” futuros», sublinhou o Conselho Mundial da Paz, para quem «só o movimento de massas populares será capaz de travar a escalada militarista», pode-se ler ainda na mensagem.
Também dos EUA, uma mensagem de regozijo e apreço pela solidariedade manifestada no nosso País com os valores da paz e contra a agressão ao Iraque. «O movimento anti-guerra em Portugal constitui, para nós, nos EUA, um exemplo especial porque nós enfrentamos um problema que vocês enfrentaram há uma geração atrás. Esse problema é como combinar a nossa luta contra uma guerra colonial com uma luta de classes eficaz contra um regime repressivo», considerou o Centro de Acção Internacional no texto lido pela primeira oradora na concentração e membro da Comissão Política da Juventude Comunista Portuguesa.
Contra a barbárie do capital
A fechar a jornada em Lisboa, Maria do Céu Guerra deu a conhecer o manifesto subscrito pelas 57 organizações promotoras, entre as quais o PCP, cujo secretário-geral, Jerónimo de Sousa, não quis deixar de marcar presença em mais uma acção de repúdio à política imperialista.
«Aqui estamos para que a memória não se apague», lembrou a actriz, que mais adiante sublinhou que «o povo iraquiano está a lutar não só pela sua própria terra mas também pelo mundo».
«Aos que pretendem dominar o mundo e colocá-lo sob a sua batuta», continuou, «respondem os iraquianos não se deixando subjugar e apontando o caminho para que a Humanidade não passe a viver sob o insuportável poder dos que detêm uma enorme superioridade económica, tecnológica e militar», disse ainda.
«Paz sim. Guerra não», ouviu-se a espaços entre a multidão consciente de que, afinal, após tantos anos de combate político, ainda não terminou a época dos «impérios coloniais», dos «tempos negros de submissão». Cá estamos para esta e outras lutas, e com os povos do Iraque, do Irão, da Palestina seremos mais Povo e percorreremos o caminho que é só nosso. Pela paz, pela liberdade, pelo progresso contra o neoliberalismo e a exploração, ficou a certeza, repetida domingo, mais a Norte, numa iniciativa similar.
No Porto, um dia depois, as vozes protestaram com a mesma convicção e pelos mesmos valores, mas a música foi outra. Após a concentração realizada na Praça D. João I, os manifestantes foram até ao pequeno auditório do Teatro Rivoli para ouvir o Quarteto Mesopotâmia, um grupo de iraquianos que não desiste de espalhar os sons milenares de Bagdad.
Abdul Jabbar al-Kubaysi envia mensagem
Na primeira linha da solidariedade
Ao Movimento da Paz em Portugal
Queridos Amigos,
Quando assinalamos o terceiro aniversário da ocupação imperialista do Iraque, gostaria de expressar o meu mais profundo reconhecimento por vós e, através do Movimento da Paz em Portugal, ao povo português pelo empenho e forte apoio à luta do povo do Iraque na sua luta contra a ocupação norte-americana.
Caros companheiros, o povo do Iraque tem plena consciência e está bem informado sobre os vossos esforços solidários com a sua causa.
Gostaria de vos garantir que a nossa batalha contra as forças ocupantes é, simultaneamente, uma batalha pela paz, e estamos certos que vamos vencer e libertar o nosso país.
Estamos igualmente convictos de que as vossas vozes se elevam com determinação e regozijo pelo movimento da resistência iraquiana. A solidariedade que expressam é um elemento de fundamental importância para nos ajudar a libertar o Iraque e alcançar a paz.
A todas as organizações do Movimento da Paz em Portugal, envio o meu apreço e os melhores votos de sucesso.
Abdul Jabbar al-Kubaysi
Presidente da Aliança Patriótica Iraquiana
Na Europa, nos EUA e na Ásia
Milhões contra a guerra
No dia 18, a par do que ocorreu em Lisboa e no Porto, milhões de pessoas saíram às ruas para protestarem contra a guerra e ocupação do Iraque o belicismo norte-americano.
Em Nova Iorque, os protestos cercaram o centro de recrutamento militar de Times Square e em seguida marcharam em direcção à sede das Nações Unidas. A estes juntaram-se dezenas de milhares de cidadãos em mais de 400 cidades do país, com destaque para as gigantescas mobilizações em Chicago, São Francisco, Los Angeles, Boston, Washington e Detroit.
Do lado de cá do Atlântico, cenário idêntico em Roma, Milão, Amesterdão, Copenhaga, Estocolmo, Atenas e Londres (entre 80 a 100 mil pessoas só na capital britânica).
Em Istambul, na Turquia, o povo respondeu à convocatória da esquerda, e avançando mais para Oriente, registaram-se ainda protestos em Tóquio, no Japão, em Sidney, na Austrália, no Paquistão e na Índia.
Milhões de pessoas, demasiada gente para que os respectivos governos calem a razão e perpetuem a barbárie.