Ilda Figueiredo no Litoral Alentejano

Governo lesa 80 agricultores

No âmbito do trabalho dos deputados do PCP no Parlamento Europeu, assinalando os 20 anos da adesão de Portugal à CEE, Ilda Figueiredo, membro do CC e deputada naquele Parlamento, visitou o Litoral Alentejano no passado dia 2, tendo reunido com os representantes da Associação de Armadores de Sines e com os delegados sindicais, membros das Comissões de Trabalhadores e dirigentes sindicais deste concelho.
Em Álcacer do Sal a deputada do PCP visitou a AURPICAS (Associação de Reformados) e à noite, no Carvalhal, já no concelho de Grândola, esteve presente num jantar com a Junta de Freguesia , com a Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal e com a Comissão de Moradores da Lagoa.
No quadro desta visita a Comissão Concelhia de Grândola do PCP organizou uma sessão pública sobre agricultura, a qual teve lugar, nesse mesmo dia, no Carvalhal.
A mesa que dirigiu os trabalhos era composta por, além de Ilda Figueiredo, de Daniel Umbelino, membro da Comissão Concelhia de Grândola, e de Ricardo Costa, presidente da Junta de Freguesia do Carvalhal.
As cerca de meia centena de pessoas presentes, na sua maioria agricultores, mas onde também se podiam ver eleitos da CDU na Câmara e Assembleia Municipal e de Freguesia e dirigentes da Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal, seguiram atentamente o debate e intervieram explanando algumas das suas dificuldade e reivindicações.
Ilda Figueiredo começou por fazer um balanço geral dos 20 anos de adesão de Portugal à CEE com especial incidência nas questões agrícolas e nas medidas tomadas, as quais, na sua maioria, afectam os interesses dos agricultores e da agricultura nacional, tendo mesmo denunciado o facto, que muitas vezes, ainda as medidas da Política Agrícola não foram aprovadas em Bruxelas, já o Governo português se apressa a pô-las em prática.

Agricultores em dificuldades

Por seu lado vários agricultores presentes – na sua maioria rendeiros da Herdade da Comporta/Grupo Espírito Santo – denunciaram as dificuldades por que passam, as quais, entre outras, «a reforma antecipada dos agricultores – mal aplicada – segundo o 3.º Quadro Comunitário de Apoio, prejudica os agricultores e vai beneficiar os grandes proprietários visto estes poderem reaver as parcelas arrendadas à custa do Orçamento Geral do Estado», «o aumento galopante das rendas rurais que só em relação ao último ano subiram 18 por cento» e «a exigência que o Governo pague, segundo o acordado entre este e as associações agrícolas, as despesas correntes à Produção Integrada Agro-Ambiental dos produtores de arroz».
Também, a nível local, vários intervenientes denunciaram a acção da Câmara de Grândola a qual, invertendo todas as promessas eleitorais, tenta aplicar um Plano de Urbanização na Freguesia – distorcendo-o e adaptando-o aos seus desígnios – que vai criar imensas dificuldades aos moradores que habitam na zona das Lagoas onde predomina a pequena agricultura familiar.
Segundo Daniel Umbelino «o Plano de Urbanização do Carvalhal, da autoria da vereação CDU, contém uma filosofia que não é incompatível com o turismo ou com a pequena agricultura familiar, antes é a forma como a actual vereação a tenta aplicar, a fonte de todas as dificuldades».
Os membros da associação dos agricultores presentes anunciaram que no dia seguinte, 3 de Março, seria organizada uma marcha de protesto em direcção a Grândola e Álcacer do Sal.

Defender a agricultura nacional

A marcha que, apesar do mau tempo, reuniu cerca de meia centena de tractores e carros de trabalho, partiu do Carvalhal e dirigiu-se à Zona Agrária de Grândola e de Àlcacer do Sal, onde uma delegação representativa das 80 famílias afectadas, constituída por Jorge Jacinto, Custódio Batista, da Direcção da Associação dos Agricultores do Distrito de Setúbal, e António Ferraria, dirigente da CNA, foram recebidos pelos coordenadores das Zonas Agrárias dos dois concelhos, Grândola e Álcacer do Sal, a quem apresentaram um documento sobre as razões da marcha de protesto, documento esse enviado também à Assembleia da República e ao primeiro-ministro.

Manifestação de agricultores em Coimbra

No dia 14 de Março os Agricultores do Baixo Mondego juntaram-se para protestar, entre outras, contra os «cortes» do Governo nos pagamentos das medidas Agro-ambientais de 2005/06, no subsídio à electricidade «verde» e contra os aumentos das contribuições mensais dos agricultores para a Segurança Social.
A manifestação, promovida por um amplo conjunto de Organizações Regionais de Agricultores do Baixo Mondego e Gândaras, começou junto da Cooperativa Agrícola do Concelho de Montemor-o-Velho, onde representantes da CNA usaram da palavra em pé de igualdade com outras confederações também ali presentes.
A CNA manifestou alguns dos seus pontos de vista. João Dinis disse que «o Governo não pode gorar expectativas e romper compromissos assumidos perante os agricultores há mais de um ano, como no caso das Agro-Ambientais e da electricidade “verde”. Por isso, mais importante que mudar este ou aquele ministro, o que mais interessa é mudar as políticas agro-rurais dos últimos anos, de forma a apoiar a agricultura familiar e quem mais e melhor trabalha a terra», concluiu, dizendo: «uma das formas de o fazer, é limitar fortemente as ajudas públicas da PAC e do Desenvolvimento Rural aos grandes proprietários e à grande agro-indústria».
Por sua vez, Isménio de Oliveira, dirigente da CNA e da ADACO, Associação Distrital de Agricultores de Coimbra, destacou as questões da suspensão do pagamento do subsídio da electricidade «verde» com efeitos retroactivos, do grande aumento das contribuições mensais dos Agricultores para a Segurança Social e do alto preço dos custos dos combustíveis. Referiu, também, a necessidade de haver mais investimento público na obra hidro-agrícola do Baixo Mondego, para prosseguir a irrigação e o emparcelamento nas zonas em que ainda não está feita a obra.
Ao fim da tarde, cerca de 180 máquinas agrícolas seguiram em desfile para Coimbra, até junto da Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL), onde foram estacionados os tractores e se permaneceu em vigília pela noite dentro.
No dia seguinte, pela manhã, foram entregues documentos com as reclamações dos agricultores na DRABL e no Governo Civil de Coimbra, para onde os agricultores e dirigentes agrícolas seguiram a pé, em desfile, como forma de protesto público.
De facto, perante os muitos problemas do momento, o destaque vai para a grande unidade demonstrada nestas iniciativas. Aliás como é tradição, no Baixo Mondego e nas Gândaras, entre os Agricultores e Organizações.

Justa reivindicação

Anteontem, uma delegação de agricultores entregou na Câmara de Aveiro um abaixo-assinado exigindo a abertura do Mercado Manuel Firmino. Tratam-se de pequenos agricultores que neste momento se encontram a vender os seus próprios produtos nas instalações provisórias do Mercado de Santiago, e que querem regressar àquele equipamento.


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