Sondagens – Previsão ou manipulação
Volvidas que estão as eleições regressemos ao tema. Já não na base de alegações susceptíveis de serem repelidas porque especulativas mas sim com fundamento na comparação entre o caudal de «previsões» despejadas e o resultado expresso por quem decide – os eleitores.
Deixaremos de lado o que já aqui outros, e com mais detalhe, se encarregaram de apresentar como pequenos truques podem fazer com que as sondagens cumpram o que alguns determinaram querer que cumpram: a questão da participação na amostra, a dimensão da amostra e a sua distribuição regional, a formulação das perguntas, a ausência de intervalo. E sobretudo essa habilidade de transformar uma previsão numa certeza a partir da qual se titulam, fundamentam e induzem as conclusões políticas que mais interessam aos que as dominam e encomendam.
Fixemo-nos apenas na observação objectiva de dois casos: a sequência das 24 sondagens registadas no âmbito das eleições presidenciais e esse caso mais particular de estudo (ou de policia!) que a sondagem da Marktest nos seus esforçados 12 dias constituiu. Sobre a primeira, três notas: o facto de nas 24 sondagens publicadas ter sido sempre atribuído a Cavaco Silva valores bem superiores ao seu resultado, sendo que em 17 delas as previsões estiveram sempre mais de 5 pontos percentuais acima do que obteve; o pormenor de em 15 destas 24 sondagens Francisco Louçã aparecer sempre com valores superiores (alguns bem superiores) àquilo que mostrou valer nas eleições; e a proeza de em 24 das 24 sondagens Jerónimo de Sousa aparecer sempre com valores inferiores ao que os que decidem lhe quiseram dar.
Quanto à da Marktest, registe-se o facto de, a exemplo do primeiro caso, Cavaco Silva aparecer desde sempre com valores bem acima do que veio a obter; e esta curiosidade cientifica de em 12 das 12 sondagens publicadas pelo DN/TSF Louçã ter sido sempre bafejado com resultados superiores aos que veio a obter e de ter sido possível atribuir a Jerónimo de Sousa em 12 das 12 sondagens valores bem inferiores aos que veio a obter. Ficará para o acervo de exemplos de manipulação a delirante sondagem de 14 de Janeiro em que se atribuía a Louçã quase o dobro das intenções de voto de Jerónimo e um quase empate técnico com Mário Soares.
Dir-se-á que sondagens são estudos de opinião, falíveis e voláteis, para serem lidos como descrição de preferências e não como resultados. Assim será. Mas a verdade é que neste país são sempre vendidas como resultados num dado momento, com esta particularidade de a sua falibilidade ser sempre e curiosamente correspondente à arrumação de interesses de alguns, e com o pormenor de jogarem sempre no sentido da menorização do PCP. Dir-se-á tratar-se de mera coincidência mas o que é um facto é que a sequência destas sondagens tiveram a particularidade de desempenhar um papel essencial e complementar ao que os editores e responsáveis de informação haviam decidido decretar: a apresentação da Cavaco Silva como candidato imbatível.
Imprecisões inerentes a este instituto? Falta de rigor e profissionalismo? Pura fraude? A resposta fica à reflexão de cada um.
Deixaremos de lado o que já aqui outros, e com mais detalhe, se encarregaram de apresentar como pequenos truques podem fazer com que as sondagens cumpram o que alguns determinaram querer que cumpram: a questão da participação na amostra, a dimensão da amostra e a sua distribuição regional, a formulação das perguntas, a ausência de intervalo. E sobretudo essa habilidade de transformar uma previsão numa certeza a partir da qual se titulam, fundamentam e induzem as conclusões políticas que mais interessam aos que as dominam e encomendam.
Fixemo-nos apenas na observação objectiva de dois casos: a sequência das 24 sondagens registadas no âmbito das eleições presidenciais e esse caso mais particular de estudo (ou de policia!) que a sondagem da Marktest nos seus esforçados 12 dias constituiu. Sobre a primeira, três notas: o facto de nas 24 sondagens publicadas ter sido sempre atribuído a Cavaco Silva valores bem superiores ao seu resultado, sendo que em 17 delas as previsões estiveram sempre mais de 5 pontos percentuais acima do que obteve; o pormenor de em 15 destas 24 sondagens Francisco Louçã aparecer sempre com valores superiores (alguns bem superiores) àquilo que mostrou valer nas eleições; e a proeza de em 24 das 24 sondagens Jerónimo de Sousa aparecer sempre com valores inferiores ao que os que decidem lhe quiseram dar.
Quanto à da Marktest, registe-se o facto de, a exemplo do primeiro caso, Cavaco Silva aparecer desde sempre com valores bem acima do que veio a obter; e esta curiosidade cientifica de em 12 das 12 sondagens publicadas pelo DN/TSF Louçã ter sido sempre bafejado com resultados superiores aos que veio a obter e de ter sido possível atribuir a Jerónimo de Sousa em 12 das 12 sondagens valores bem inferiores aos que veio a obter. Ficará para o acervo de exemplos de manipulação a delirante sondagem de 14 de Janeiro em que se atribuía a Louçã quase o dobro das intenções de voto de Jerónimo e um quase empate técnico com Mário Soares.
Dir-se-á que sondagens são estudos de opinião, falíveis e voláteis, para serem lidos como descrição de preferências e não como resultados. Assim será. Mas a verdade é que neste país são sempre vendidas como resultados num dado momento, com esta particularidade de a sua falibilidade ser sempre e curiosamente correspondente à arrumação de interesses de alguns, e com o pormenor de jogarem sempre no sentido da menorização do PCP. Dir-se-á tratar-se de mera coincidência mas o que é um facto é que a sequência destas sondagens tiveram a particularidade de desempenhar um papel essencial e complementar ao que os editores e responsáveis de informação haviam decidido decretar: a apresentação da Cavaco Silva como candidato imbatível.
Imprecisões inerentes a este instituto? Falta de rigor e profissionalismo? Pura fraude? A resposta fica à reflexão de cada um.