S. Vicente da Raia vítima da negligência
No recente debate sobre os projectos de resolução relativos aos incêndios florestais foi relatada uma história exemplar que atesta bem a responsabilidade própria dos sucessivos governos pela dimensão do flagelo que todos os anos consome vastas áreas do País. Trazido ao debate pelo deputado comunista Agostinho Lopes, este é sobretudo um caso revelador de como uma política errada, agravada pela inércia e pela incompetência, potencia os factores de risco e é causa directa da tragédia.
O exemplo concreto vem-nos do Baldio de S. Vicente da Raia, freguesia do concelho de Chaves, lá bem no extremo norte do País, como descreve o deputado do PCP, lembrando o teor da carta enviada pela Junta de Freguesia ao Director de Serviços das Florestas, Vila Real, em 2002, após um incêndio que chegou às portas da freguesia.
Esta Junta de Freguesia de S. Vicente de Raia, na qualidade de co-gestora do baldio de S. Vicente, vem desta forma solicitar a atenção de V. Exa. para algumas preocupações que temos:
- Os caminhos florestais estão muito sujos de mato e quase intransitáveis. Estamos a aguardar que a máquina estacionada na aldeia vizinha (há cerca de meio ano) nos venha fazer este trabalho, conforme nos foi prometido pelo técnico local;
- Temos uma área com pinhal adulto bastante grande e no qual há muito tempo se não faz qualquer corte. Por um lado a aldeia é pobre e necessita de meios para fazer obras, por outro os pinheiros não crescem como deviam por não se cortar os que estão a mais e o mais grave é que é vulgar ouvir o povo dizer que os serviços só cortam quando ardem.
Esta Junta tem sérios receios do que se possa vir a passar e alertamos V. Ex.a para isso.
Pedimos pois a V. Exa. que da forma mais urgente possível mande satisfazer estes nossos pedidos da maneira que, estamos certos, os vossos técnicos saberão fazer capazmente.
Passado um ano sem qualquer resposta, em 18 de Junho de 2003, vendo o País de novo a arder, a Junta de Freguesia voltou a insistir.
Não tendo recebido qualquer resposta à nossa carta de 6 de Maio do ano passado, vimos novamente lembrar a V. Exa. a urgência que há em satisfazer o nosso pedido no que respeita ao corte do pinhal adulto existente na área de S. Vicente.
Não assumimos qualquer responsabilidade pelo que de mal venha a acontecer ao referido pinhal, visto termos diligenciado no sentido de evitar a perda total dum bem que a Natureza criou e os homens tentam destruir.
Em 7 de Agosto desse ano, finalmente, recebem uma resposta da DRATM:
Sobre o assunto, somos a informar V. Exa. que o mesmo está em fase de análise pelo que, oportunamente, será dado a conhecer a V. Exa. o enquadramento que o mesmo mereceu por parte destes Serviços.
Conta Agostinho Lopes que o Presidente da Junta, verificando nada continuar a ser feito, resolveu em Setembro/Outubro desse ano insistir com a Técnica dos Serviços Florestais, em Chaves. Evasivas, foi o que obteve como resposta: que estavam a tratar das madeiras ardidas..., que faltava gente dos Serviços para marcar os pinheiros..., etc..
E assim tudo permaneceu até ao dia 18 de Agosto de 2005. Nesse dia, há pouco mais de um mês, o fogo devorou o Baldio de S. Vicente da Raia.
O exemplo concreto vem-nos do Baldio de S. Vicente da Raia, freguesia do concelho de Chaves, lá bem no extremo norte do País, como descreve o deputado do PCP, lembrando o teor da carta enviada pela Junta de Freguesia ao Director de Serviços das Florestas, Vila Real, em 2002, após um incêndio que chegou às portas da freguesia.
Esta Junta de Freguesia de S. Vicente de Raia, na qualidade de co-gestora do baldio de S. Vicente, vem desta forma solicitar a atenção de V. Exa. para algumas preocupações que temos:
- Os caminhos florestais estão muito sujos de mato e quase intransitáveis. Estamos a aguardar que a máquina estacionada na aldeia vizinha (há cerca de meio ano) nos venha fazer este trabalho, conforme nos foi prometido pelo técnico local;
- Temos uma área com pinhal adulto bastante grande e no qual há muito tempo se não faz qualquer corte. Por um lado a aldeia é pobre e necessita de meios para fazer obras, por outro os pinheiros não crescem como deviam por não se cortar os que estão a mais e o mais grave é que é vulgar ouvir o povo dizer que os serviços só cortam quando ardem.
Esta Junta tem sérios receios do que se possa vir a passar e alertamos V. Ex.a para isso.
Pedimos pois a V. Exa. que da forma mais urgente possível mande satisfazer estes nossos pedidos da maneira que, estamos certos, os vossos técnicos saberão fazer capazmente.
Passado um ano sem qualquer resposta, em 18 de Junho de 2003, vendo o País de novo a arder, a Junta de Freguesia voltou a insistir.
Não tendo recebido qualquer resposta à nossa carta de 6 de Maio do ano passado, vimos novamente lembrar a V. Exa. a urgência que há em satisfazer o nosso pedido no que respeita ao corte do pinhal adulto existente na área de S. Vicente.
Não assumimos qualquer responsabilidade pelo que de mal venha a acontecer ao referido pinhal, visto termos diligenciado no sentido de evitar a perda total dum bem que a Natureza criou e os homens tentam destruir.
Em 7 de Agosto desse ano, finalmente, recebem uma resposta da DRATM:
Sobre o assunto, somos a informar V. Exa. que o mesmo está em fase de análise pelo que, oportunamente, será dado a conhecer a V. Exa. o enquadramento que o mesmo mereceu por parte destes Serviços.
Conta Agostinho Lopes que o Presidente da Junta, verificando nada continuar a ser feito, resolveu em Setembro/Outubro desse ano insistir com a Técnica dos Serviços Florestais, em Chaves. Evasivas, foi o que obteve como resposta: que estavam a tratar das madeiras ardidas..., que faltava gente dos Serviços para marcar os pinheiros..., etc..
E assim tudo permaneceu até ao dia 18 de Agosto de 2005. Nesse dia, há pouco mais de um mês, o fogo devorou o Baldio de S. Vicente da Raia.