Conceito O2
Da próxima vez que o leitor entrar em qualquer delegação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) preste bem atenção ao funcionário que o atender.
Se for uma mulher, repare quantos anéis tem; se for um homem, atente na gravata. No primeiro caso, se houver mais de dois dedos enfeitados, torça o nariz; no segundo, se o trapinho for de poliester, não chegar ao cós das calças ou ostentar cores garridas ou bonecos, não hesite em manifestar o seu desagrado.
Se o trabalhador estiver atrás do balcão, que é o mais comum, ou de uma secretária, como também sucede muitas vezes, não se deixe intimidar pelo empecilho e espreite, espreite mesmo, para ver o que se passa do lado de lá do obstáculo.
Se for uma mulher, verifique o tamanho da saia - em caso de dúvida pode mesmo pedir uma fita métrica para comprovar se há mais de 2,5 cm à mostra acima do joelho - e aproveite para ter a certeza que as pernas estão devidamente protegidas por collants. Ah!, pormenor importante, dê uma olhadela aos sapatos - não aos seus, por enquanto, aos da trabalhadora - e veja se têm um bocadinho de salto, se não são brancos e sobretudo se não mostram o calcanhar.
Se for um homem também não hesite, peça ao trabalhador para dar uma volta pela sala ou, no caso de estar sentado, para que trace a perna. Há que ter a certeza que a peúga é da mesma cor da calça ou do calçado, que ao andar não é vista, e que na condição de sentado não deixa à vista nenhum naco de perna.
Mesmo que já esteja cansado de tanta investigação não desista. Olhe em volta e comprove se todas as mulheres estão devidamente maquilhadas. Se for o caso, então sim, está na hora de dar meia volta e ir resolver o seu assunto ao multibanco. O motivo é simples: consta que as pesquisas indicam que as mulheres maquilhadas ganham mais 12 a 15 por cento do que aquelas que não rebocam a fachada. Como a CGD não subsidia a produção, está-se mesmo a ver quem é que ganha com o negócio e à custa de quem.
Este aparente delírio não é fruto do calor, ao contrário do que o leitor possa pensar. Garante o Expresso, na sua última edição, que isto e muito mais está a ser implementado na CGD, numa acção de formação de dois dias a que os trabalhadores estão a ser submetidos. As regras constam de um manual intitulado «Gestão da Imagem e da Relação com o Cliente», da autoria da empresa ‘Conceito O2’, que também dá os cursos e vigia os resultados. Quem for apanhado em falta após a frequência da formação é penalizado.
Trinta anos depois do 25 de Abril, os métodos pidescos voltam à tona em versão fashion.
Se for uma mulher, repare quantos anéis tem; se for um homem, atente na gravata. No primeiro caso, se houver mais de dois dedos enfeitados, torça o nariz; no segundo, se o trapinho for de poliester, não chegar ao cós das calças ou ostentar cores garridas ou bonecos, não hesite em manifestar o seu desagrado.
Se o trabalhador estiver atrás do balcão, que é o mais comum, ou de uma secretária, como também sucede muitas vezes, não se deixe intimidar pelo empecilho e espreite, espreite mesmo, para ver o que se passa do lado de lá do obstáculo.
Se for uma mulher, verifique o tamanho da saia - em caso de dúvida pode mesmo pedir uma fita métrica para comprovar se há mais de 2,5 cm à mostra acima do joelho - e aproveite para ter a certeza que as pernas estão devidamente protegidas por collants. Ah!, pormenor importante, dê uma olhadela aos sapatos - não aos seus, por enquanto, aos da trabalhadora - e veja se têm um bocadinho de salto, se não são brancos e sobretudo se não mostram o calcanhar.
Se for um homem também não hesite, peça ao trabalhador para dar uma volta pela sala ou, no caso de estar sentado, para que trace a perna. Há que ter a certeza que a peúga é da mesma cor da calça ou do calçado, que ao andar não é vista, e que na condição de sentado não deixa à vista nenhum naco de perna.
Mesmo que já esteja cansado de tanta investigação não desista. Olhe em volta e comprove se todas as mulheres estão devidamente maquilhadas. Se for o caso, então sim, está na hora de dar meia volta e ir resolver o seu assunto ao multibanco. O motivo é simples: consta que as pesquisas indicam que as mulheres maquilhadas ganham mais 12 a 15 por cento do que aquelas que não rebocam a fachada. Como a CGD não subsidia a produção, está-se mesmo a ver quem é que ganha com o negócio e à custa de quem.
Este aparente delírio não é fruto do calor, ao contrário do que o leitor possa pensar. Garante o Expresso, na sua última edição, que isto e muito mais está a ser implementado na CGD, numa acção de formação de dois dias a que os trabalhadores estão a ser submetidos. As regras constam de um manual intitulado «Gestão da Imagem e da Relação com o Cliente», da autoria da empresa ‘Conceito O2’, que também dá os cursos e vigia os resultados. Quem for apanhado em falta após a frequência da formação é penalizado.
Trinta anos depois do 25 de Abril, os métodos pidescos voltam à tona em versão fashion.