Frente Comum rejeita «mais do mesmo»

«Este Governo quer dar-nos mais do mesmo», protestou o secretariado da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, após ter reunido dia 2 com o ministro das Finanças e com o secretário de Estado que tutela o sector. «Perante esta opção governamental, vamos intensificar o esclarecimento e a mobilização dos trabalhadores e, obviamente, recorrer às formas de luta que, em termos gerais e sectoriais se mostrem mais adequadas em cada momento», declara-se no comunicado que aquele organismo divulgou anteontem.
A reunião com o Governo realizou-se em resposta a um pedido formulado pela Frente Comum, a 23 de Março, e reiterado a 20 de Abril. No dia 2 de Maio, o ministro e o secretário de Estado «assumiram posições que deitam por terra quaisquer expectativas de mudanças de políticas abertas pelos resultados eleitorais», pois tiveram «uma postura que para os trabalhadores significa prosseguir e agravar as políticas prosseguidas pelos anteriores governos».
Os governantes alegaram que «há que prosseguir a política de contenção salarial, para até 2008 cumprirmos a meta dos 3 por cento de défice», o que foi entendido pelos representantes dos trabalhadores como «reduza-se ainda mais o valor dos salários». «Ficou claro que são os trabalhadores e, em especial, os da Administração Pública, como sempre, aqueles a quem este Governo quer fazer cobrar a factura de uma política socialmente injusta», afirma a Frente Comum.
Na reunião, o Governo não aceitou «a abertura de um processo negocial efectivo e sobre as questões centrais com que se confrontam os trabalhadores». A conclusão de que se trata de «mais do mesmo» provém de algumas afirmações feitas aos sindicalistas e relatadas no comunicado:
- quanto a salários, não há nada para ninguém;
- os vínculos precários devem manter-se, porque ajudam a reduzir o défice do Orçamento da Segurança Social;
- os trabalhadores da Administração Pública são uns privilegiados, porque no mínimo só deviam ter direito a aposentação com 65 anos de idade;
- a avaliação de desempenho instituída pelo PSD/CDS é para prosseguir nos mesmos moldes, porque as quotas (a estipular um limite para o número de trabalhadores avaliados com nota máxima) são essenciais e o que será necessário, ainda segundo o Governo, é premiar os dirigentes máximos dos serviços que cumpram os objectivos.


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