Uma nova política só é garantida com o voto na CDU
Num jantar muito animado em Real, foram apresentados os seis primeiros candidatos da CDU pelo círculo de Braga, no sábado. Agostinho Lopes é o cabeça de lista.
«Os candidatos da CDU conhecem o distrito e são nele conhecidos», disse Celso Pereira
À porta da cantina da Agere, em Real, a poucos quilómetros de Braga, um grupo de bombos de Cabeceiras de Bastos esperava a chegada de Jerónimo de Sousa. A música repercutia-se pelas redondezas e a noite nortenha tornou-se mais quente. Lá dentro, 300 pessoas, distribuídas em dez filas de mesas, experimentavam os rissóis, as rodelas de morcela, as azeitonas e a broa de milho. Mal o líder do PCP entra na sala, os aplausos surgem e vários militantes pegam na sua máquina fotográfica para registar a primeira visita de Jerónimo ao distrito como secretário-geral, de sorrisos nos lábios e expressões entusiasmadas.
Aos poucos são distribuídas pelas mesas largas travessas com bacalhau cozido, batatas, ovo, cenoura e grelos e o tilintar dos talheres nos pratos fazem as conversas diminuir um pouco. Fala-se das promessas do BE a um possível governo do PS, da importância do congresso do PCP e, claro, da vitória do SC Braga minutos antes. Palavra puxa palavra e, pelos vistos, vinho tinto e peru assado acompanhado por arroz de chouriço. Nem todos têm barriga para tanto, mas ninguém sai da sala sem a sensação de participar numa ceia de Natal preparada por cozinheiros amadores e servida por militantes da JCP.
Antes das sobremesas, os seis primeiros candidatos da CDU pelo círculo de Braga são apresentados pelo mandatário da lista, Casais Baptista: Agostinho Lopes, Alberto Carlos, Adão Mendes, Jorge Matos, Leonor Castro e Celso Pereira.
«Temos de confrontar os trabalhadores»
«Quando o PSD ganhou as últimas eleições dissemos que a perda do deputado do PCP seria muito sentida no distrito de Braga e que quem tinha sido derrotado era o povo português. Não foi preciso muito tempo para confirmar isso», declarou Agostinho Lopes, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Braga e futuro deputado na Assembleia da República, como foi apresentado.
«Agora temos de confrontar os trabalhadores do distrito para que a CDU tenha força e as políticas sejam diferentes», salientou Agostinho Lopes, referindo alguns males com que o Governo presenteou o distrito e o País: a anunciada privatização do hospital escolar de Braga; o alargamento das grandes superfícies comerciais em prejuízo dos pequenos comerciantes; o Pacote Laboral; ou a liberalização total do comércio dos têxteis e o provável aumento do desemprego no Vale do rio Ave, negociado em 1999 pelo PS que agora o «chora».
«Os problemas do País não advêm das competências dos políticos, mas das opções políticas. Quando o Governo avança com o Pacote Laboral opta pelos interesses do grande capital. Não se trata de substituir a incompetência de Portas e Santana por ministros do PS, mas sim mudar de políticas para mudar o País e isso só é garantido com o voto na CDU», declarou.
«Basta de promessas e de brincar com os portugueses», afirmou Celso Pereira, candidato pel’«Os Verdes», lembrando que os ecologistas encontram na CDU os verdadeiros parceiros de luta contra o valor do lucro que desumaniza e atenta contra os direitos humanos e a natureza.
«Esta é a força política que assume as questões do ambiente e da qualidade de vida dos portugueses. E a grande diferença em relação aos outros candidatos é que os candidatos da CDU conhecem o distrito e são nele conhecidos», referiu.
Democracia só sobrevive com outra política
«Havendo tanta gente a desistir, mudar de política é também uma condição de sobrevivência da própria democracia portuguesa para que as pessoas voltem a acreditar nas instituições», defende Jerónimo de Sousa, em Braga. «As pessoas não pensam mal dos políticos por os deputados estarem mais ou menos longe das populações, por se vestirem bem ou mal. O problema é a aprovação de leis injustas. Quando aprovar leis justas, de certeza que o povo português voltará a votar como fez nos primeiros anos do 25 de Abril», explicou.
«Muitas vezes as pessoas dizem: “Eu até simpatizo com vocês, vocês são boas pessoas, nos sindicatos lutam muito, defendem bem os interesses de quem trabalha, mas nunca serão governo...” Temos de persistir na ideia de que cada deputado eleito pela CDU é uma contribuição decisiva para alterar o estado de coisas», disse o líder do PCP.
PCP não corre por fora
«Ao longo da história quantas maiorias absolutas e quantas coligações não sobreviveram nos últimos 25 anos?», questionou. «Quando nos perguntam se fazemos ou não coligação com o PS, deviam interrogar-se por que tantas coligações e tantas maiorias absolutas foram conduzidas à derrota. O problema não estava na maioria absoluta, estava na política de direita que realizaram. O PCP não é um grupo do contra, não é um partido que corre por fora, mas tem todas as condições para ser governo, para ser poder. Pensar numa coligação com o PS é prematuro, porque o povo ainda não se pronunciou. Mas, primeiro, os partidos têm de dizer o que querem fazer no futuro. Se falharam os governos de Guterres, se falharam as políticas de direita, então o PS não devia acolher como ensinamento a ideia de que, se ganhar as eleições e repetir a mesma política, vai ser derrotado mais cedo do que tarde?»
Jerónimo de Sousa afirmou que o Partido não está disponível para praticar uma política que não corresponda aos interesses dos trabalhadores. «O nosso primeiro compromisso é com o povo português. Se o PS quer prosseguir uma política de direita não conte com o PCP; se quer realizar uma política de esquerda então conta com o PCP.»
«Não podemos pedir ao PSD e ao CDS que mudem. São partidos de direita e, se ganhassem, fariam um política de direita. Mas, pode o PS, um partido que se diz de esquerda, pode exigir que o PCP abdique dos seus valores e das suas propostas para fazer uma política de direita? Esta contradição tem de ser o PS a resolver, não nós. Nestas eleições a questão que se coloca é saber se as forças que ganharem estão dispostas a virar a página e a praticar uma política diferente, correspondendo àquilo que as pessoas precisam. Os trabalhadores não querem subsídios, querem ter direito ao emprego e o futuro assegurado.»
Aveiro e Setúbal
Prosseguem as apresentações
Depois de Lisboa e Braga, prosseguem as apresentações dos primeiros candidatos das listas da CDU em vários círculos eleitorais. Anteontem e ontem, foram apresentados os primeiros candidatos das listas da CDU por Aveiro e Setúbal, em iniciativas que contaram com a presença do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
Na terça-feira ao final da tarde, Ilda Figueiredo foi apresentada como cabeça de lista pelo distrito de Aveiro. Economista, Ilda Figueiredo é actualmente deputada do PCP no Parlamento Europeu, onde é vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica. Entre 1979 e 1991, foi deputada à Assembleia da República, tendo sido também vereadora nas câmaras municipais do Porto e de Gaia. É membro do Comité Central do PCP.
Ontem ao fim do dia era apresentado o cabeça de lista da CDU por círculo eleitoral de Setúbal. O primeiro candidato pelo distrito é Francisco Lopes, membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central. Operário, de 49 anos, Francisco Lopes é membro da direcção do Partido desde o IX Congresso, teve variadas tarefas, entre as quais a de ter sido responsável, na Comissão Política, pela organização regional de Setúbal.
Aos poucos são distribuídas pelas mesas largas travessas com bacalhau cozido, batatas, ovo, cenoura e grelos e o tilintar dos talheres nos pratos fazem as conversas diminuir um pouco. Fala-se das promessas do BE a um possível governo do PS, da importância do congresso do PCP e, claro, da vitória do SC Braga minutos antes. Palavra puxa palavra e, pelos vistos, vinho tinto e peru assado acompanhado por arroz de chouriço. Nem todos têm barriga para tanto, mas ninguém sai da sala sem a sensação de participar numa ceia de Natal preparada por cozinheiros amadores e servida por militantes da JCP.
Antes das sobremesas, os seis primeiros candidatos da CDU pelo círculo de Braga são apresentados pelo mandatário da lista, Casais Baptista: Agostinho Lopes, Alberto Carlos, Adão Mendes, Jorge Matos, Leonor Castro e Celso Pereira.
«Temos de confrontar os trabalhadores»
«Quando o PSD ganhou as últimas eleições dissemos que a perda do deputado do PCP seria muito sentida no distrito de Braga e que quem tinha sido derrotado era o povo português. Não foi preciso muito tempo para confirmar isso», declarou Agostinho Lopes, cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Braga e futuro deputado na Assembleia da República, como foi apresentado.
«Agora temos de confrontar os trabalhadores do distrito para que a CDU tenha força e as políticas sejam diferentes», salientou Agostinho Lopes, referindo alguns males com que o Governo presenteou o distrito e o País: a anunciada privatização do hospital escolar de Braga; o alargamento das grandes superfícies comerciais em prejuízo dos pequenos comerciantes; o Pacote Laboral; ou a liberalização total do comércio dos têxteis e o provável aumento do desemprego no Vale do rio Ave, negociado em 1999 pelo PS que agora o «chora».
«Os problemas do País não advêm das competências dos políticos, mas das opções políticas. Quando o Governo avança com o Pacote Laboral opta pelos interesses do grande capital. Não se trata de substituir a incompetência de Portas e Santana por ministros do PS, mas sim mudar de políticas para mudar o País e isso só é garantido com o voto na CDU», declarou.
«Basta de promessas e de brincar com os portugueses», afirmou Celso Pereira, candidato pel’«Os Verdes», lembrando que os ecologistas encontram na CDU os verdadeiros parceiros de luta contra o valor do lucro que desumaniza e atenta contra os direitos humanos e a natureza.
«Esta é a força política que assume as questões do ambiente e da qualidade de vida dos portugueses. E a grande diferença em relação aos outros candidatos é que os candidatos da CDU conhecem o distrito e são nele conhecidos», referiu.
Democracia só sobrevive com outra política
«Havendo tanta gente a desistir, mudar de política é também uma condição de sobrevivência da própria democracia portuguesa para que as pessoas voltem a acreditar nas instituições», defende Jerónimo de Sousa, em Braga. «As pessoas não pensam mal dos políticos por os deputados estarem mais ou menos longe das populações, por se vestirem bem ou mal. O problema é a aprovação de leis injustas. Quando aprovar leis justas, de certeza que o povo português voltará a votar como fez nos primeiros anos do 25 de Abril», explicou.
«Muitas vezes as pessoas dizem: “Eu até simpatizo com vocês, vocês são boas pessoas, nos sindicatos lutam muito, defendem bem os interesses de quem trabalha, mas nunca serão governo...” Temos de persistir na ideia de que cada deputado eleito pela CDU é uma contribuição decisiva para alterar o estado de coisas», disse o líder do PCP.
PCP não corre por fora
«Ao longo da história quantas maiorias absolutas e quantas coligações não sobreviveram nos últimos 25 anos?», questionou. «Quando nos perguntam se fazemos ou não coligação com o PS, deviam interrogar-se por que tantas coligações e tantas maiorias absolutas foram conduzidas à derrota. O problema não estava na maioria absoluta, estava na política de direita que realizaram. O PCP não é um grupo do contra, não é um partido que corre por fora, mas tem todas as condições para ser governo, para ser poder. Pensar numa coligação com o PS é prematuro, porque o povo ainda não se pronunciou. Mas, primeiro, os partidos têm de dizer o que querem fazer no futuro. Se falharam os governos de Guterres, se falharam as políticas de direita, então o PS não devia acolher como ensinamento a ideia de que, se ganhar as eleições e repetir a mesma política, vai ser derrotado mais cedo do que tarde?»
Jerónimo de Sousa afirmou que o Partido não está disponível para praticar uma política que não corresponda aos interesses dos trabalhadores. «O nosso primeiro compromisso é com o povo português. Se o PS quer prosseguir uma política de direita não conte com o PCP; se quer realizar uma política de esquerda então conta com o PCP.»
«Não podemos pedir ao PSD e ao CDS que mudem. São partidos de direita e, se ganhassem, fariam um política de direita. Mas, pode o PS, um partido que se diz de esquerda, pode exigir que o PCP abdique dos seus valores e das suas propostas para fazer uma política de direita? Esta contradição tem de ser o PS a resolver, não nós. Nestas eleições a questão que se coloca é saber se as forças que ganharem estão dispostas a virar a página e a praticar uma política diferente, correspondendo àquilo que as pessoas precisam. Os trabalhadores não querem subsídios, querem ter direito ao emprego e o futuro assegurado.»
Aveiro e Setúbal
Prosseguem as apresentações
Depois de Lisboa e Braga, prosseguem as apresentações dos primeiros candidatos das listas da CDU em vários círculos eleitorais. Anteontem e ontem, foram apresentados os primeiros candidatos das listas da CDU por Aveiro e Setúbal, em iniciativas que contaram com a presença do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
Na terça-feira ao final da tarde, Ilda Figueiredo foi apresentada como cabeça de lista pelo distrito de Aveiro. Economista, Ilda Figueiredo é actualmente deputada do PCP no Parlamento Europeu, onde é vice-presidente do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica. Entre 1979 e 1991, foi deputada à Assembleia da República, tendo sido também vereadora nas câmaras municipais do Porto e de Gaia. É membro do Comité Central do PCP.
Ontem ao fim do dia era apresentado o cabeça de lista da CDU por círculo eleitoral de Setúbal. O primeiro candidato pelo distrito é Francisco Lopes, membro da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central. Operário, de 49 anos, Francisco Lopes é membro da direcção do Partido desde o IX Congresso, teve variadas tarefas, entre as quais a de ter sido responsável, na Comissão Política, pela organização regional de Setúbal.