Issam Beseisso, delegado-geral da Palestina em Portugal

Palestina Vencerá!

Camaradas a amigos,
Neste doloroso momento que vivemos após o falecimento do Presidente Yasser Arafat, símbolo da nossa luta a líder da revolução palestiniana ao longo de mais de quatro décadas, gostaria se me permitem, de recordar um pouco aquele que foi e continuará a ser um resistente e um combatente de uma coragem lendária e quem as gerações vindouras sempre recordarão como o líder incontestado do seu Povo tão sacrificado a sofredor.
Gostaria de expressar a nossa gratidão a profundo apreço pelo vosso generoso convite para participar e ter a oportunidade de falar neste Congresso sobre o sofrimento e anseios do nosso povo. Gostaria igualmente neste momento de recordar algumas partes da mensagem dirigida à vossa Direcção pelo nosso Presidente Yasser Arafat durante as celebrações da Festa do Avante! do ano passado, a partir do seu quartel-general cercado pelas forças de ocupação israelitas, local que se tornou já um símbolo da resistência do povo palestiniano.
Permitam me então que repita algumas das frases transmitidas em directo e traduzidas em simultâneo. A dado momento o nosso falecido Presidente dizia:
«Nesta ocasião gostaríamos de agradecer o vosso apoio político à Palestina, continuando a actuar a favor do povo palestiniano apoiando a sua justa e legitima luta em defesa dos seus lugares santos e no alcance dos seus inalienáveis direitos de liberdade, direito ao regresso, autodeterminação e soberania, bem como o estabelecimento do Estado Palestiniano com a sua capital em Jerusalém. Nós nunca esqueceremos o vosso histórico apoio para com a causa Palestiniana através de uma ajuda moral e financeira ao povo palestiniano que agradecemos, bem como o apoio dado à nossa embaixada em Portugal durante os últimos anos.
E o Presidente Arafat continuava:
«A ocupação racista israelita que enfrentamos neste momento, é, meus amigos, a pior imagem do terrorismo que qualquer pessoa no mundo jamais enfrentou. Longas décadas passaram repletas de dor, detenções, torturas, destruição das nossas estruturas, cidades, fábricas, escolas etc. utilizando helicópteros "Apache", aviões americanos F-15 e F-16, mísseis, bombas de urânio empobrecido não permitido internacionalmente e, ao mesmo tempo, aceitámos o que foi decidido pela legalidade internacional através da Assembleia Geral das Nações Unidas e o Conselho de Segurança nas decisões sobre a questão palestiniana, especialmente as que referem a retirada de Israel, como força ocupantes da Cisjordânia e Faixa de Gaza, que representam apenas 22% de toda a área da Palestina histórica. Mas o governo de Israel continua a recusar a total retirada da nossa terra desafiando toda legalidade internacional e todos os acordos assinados desde Oslo, na Casa Branca até ao «Roteiro da Paz» apresentado pelo «Quarteto» (União Europeia, EUA, Rússia e Nações Unidas) e até mesmo as resoluções 242, 338, 1397 e 1515, bem como a 194 que determina uma solução justa para o problema dos refugiados palestinianos. Israel coloca se acima da lei bem como da lei internacional humana, violando a Declaração Mundial dos Direitos Humanos e a IV Convenção de Genebra sobre a protecção a civis em tempo de guerra.»
Terminam aqui as palavras do Presidente Arafat
Como é do vosso conhecimento todo o mundo condenou Israel pela construção do muro de separação racista nos Territórios Palestinianos da Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou o parecer emitido pelo Tribunal Internacional de Haia que considera a ocupação israelita da Palestina como ilegal, pedindo ao mesmo tempo a demolição imediata do muro e o pagamento de indemnizações aos palestinianos pelos prejuízos causados.
A cena internacional apresenta actualmente largas movimentações diplomáticas nas quais têm participado directamente a União Europeia, os EUA, os países árabes e a Rússia numa tentativa de se reactivar o processo de paz e da real implementação do "Roteiro de Paz" aceite por ambas as partes, palestiniana e israelita. Estamos certos que o êxito ou fracasso daquelas tentativas dependerá apenas da posição a ser assumida pelos EUA, que esperamos, traduza na prática as declarações da sua Administração sobre o estabelecimento do Estado Palestiniano abandonando assim e no que diz respeito às questões internacionais e em especial à causa palestiniana a política de dois pesos e duas medidas.
Mais uma vez vos saudamos e apresentamos os nossos calorosos agradecimentos e elevado apreço pelos vossos nobres e honrosos esforços e posições, desejando ao Congresso que todos os seus objectivos sejam alcançados e desejando igualmente ao vosso Partido, o Partido Comunista Português, progresso e sucessos e ao Comité Central e todos os seus membros felicidades e êxitos. Igualmente as nossas saudações ao povo português amigo pelo seu apoio da causa palestiniana.


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