Holanda expulsa refugiados

A hostilidade aos estrangeiros tem vindo a sobrepor-se nos últimos anos à imagem de tolerância e abertura que caracterizava a Holanda. Depois de, em 2002, terem dado a maioria ao Partido Pim Fortuyn, de extrema-direita e xenófobo, os holandeses viram o seu Parlamento aprovar, na semana passada, uma lei sem precedentes que ordena a expulsão de 26 mil estrangeiros, que tinham pedido o direito de asilo no país.
O diploma, que precisa ainda de ser aprovado pela câmara alta do parlamento, tem efeitos retroactivos e abrange todos requerentes que chegaram à Holanda antes do dia 1 de Abril de 2001, data em que entrou em vigor uma lei de asilo mais restritiva.
As pessoas a quem foi recusado o direito de asilo, segundo o Ministério da Imigração, mesmo que residam há longos anos no país e tenham habitação e emprego, receberão assistência para regressar aos seus países. À excepção de cerca de 2300 pessoas, a quem o governo concedeu asilo, os restantes «terão um prazo de oito semanas para deixar a Holanda de sua própria vontade, depois serão conduzidos a centros especiais de onde serão repatriados à força», segundo afirmou um porta-voz da ministra da tutela, Rita Verdonk.
Os partidos de oposição reclamam que a amnistia abranja um maior número de refugiados, enquanto que várias organizações de defesa dos imigrantes promoveram uma manifestação de protesto à frente do parlamento. Alguns requerentes de asilo ameaçam começar uma greve de fome.
A organização internacional Human Rights Watch condenou esta política do governo de Jan Peter Balkenende, considerando que o regresso forçado refugiados da Somália e do Afeganistão pode colocar em perigo as suas própria vidas. «As propostas do governo holandês põe em causa o papel histórico da Holanda enquanto líder da protecção dos direitos do homem na Europa», afirma esta ONG num relatório.
Nos últimos anos, o número de pedidos de asilo tem diminuído fortemente na Holanda. Dos cerca de 43500 pedidos feitos em 2000, baixam para 18670 em 2002, calculando-se que em 2003, apenas cerca de 10 mil pessoas o tenham feito.


Mais artigos de: Europa

A Europa do «directório»

Os mais altos responsáveis da Alemanha, França e Inglaterra reuniram-se na passada semana numa cimeira, em Berlim, para concertar posições à revelia dos restantes Estados-membros.

Nova liberalização

A Comissão Europeia está a preparar-se para apresentar no início de Março uma nova proposta para liberalização do tráfico internacional de passageiros.

Portugal perde fundos

O terceiro relatório sobre a coesão económica e social, apresentado na passada semana pela Comissão Europeia, em Bruxelas, traça as grandes linhas que deverão obedecer nos próximos anos a política de ajuda estrutural da União às regiões menos desenvolvidas, como o são a maior parte das portuguesas.O relatório propõe uma...

Verdes criam partido europeu

Os dirigentes de partidos ecologistas da Europa assinaram, no domingo em Roma, o acto fundador do novo Partido Verde Europeu, sob cujo estandarte se apresentarão unidos às próximas eleições para o Parlamento Europeu, a 13 de Junho.O documento foi assinado por 32 partidos, de 19 países europeus, no final de um congresso...

Bélgica alarga voto a estrangeiros

O parlamento federal belga aprovou uma lei que confere direito de voto nas eleições locais aos estrangeiros não comunitários residentes no país, desde que estes cumpram algumas condições.Designadamente, devem possuir a documentação em ordem, residir no país há pelo menos cinco anos e assinar uma declaração em que se...

Uma questão de justiça social!

«A paz, o pão, habitação, saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver, liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir...»*Muitos de nós não eram nascidos, como é o meu caso, quando esta música começou a ser escutada, grande parte das vezes em surdina, para que o regime não...