EUA e Grã-Bretanha aprovam «investigação independente»
Bush e Blair cedem às pressões internas e aceitam uma «investigação independente» à actuação dos serviços secretos norte-americanos em relação ao Iraque.
«Prossegue nos bastidores a partilha do espólio iraquiano»
Em vésperas do primeiro aniversário da invasão do Iraque, toda a argumentação que fundamentou a destruição do país e a morte de milhares de pessoas está reduzida à sua verdadeira dimensão de um trágico embuste. As armas de destruição maciça que se dizia existirem e de cuja existência foram apresentadas «provas irrefutáveis», afinal não existem, e a Casa Branca procura desesperadamente um bode expiatório que ilibe a administração Bush de responsabilidades.
As baterias estão assestadas à CIA, agora acusada de se ter enganado e de ter fornecido informações incorrectas à administração norte-americana.
Em ano de eleições e quando o número de baixas entre os soldados dos EUA no Iraque continua a aumentar diariamente, republicanos e democratas procuram livrar-se da responsabilidade de terem desencadeado uma guerra a todos os níveis ilegítima e injustificada.
Enquanto no Iraque os soldados da coligação matam e morrem sem razão nem glória, na arena política os mentores da guerra e da ocupação fazem tudo para que o eleitorado esqueça as verdadeiras razões desta aventura sangrenta: as riquezas petrolíferas do Iraque e a sua posição estratégica.
É sintomático que, constatada a inexistência de armas de destruição maciça, nem republicanos nem democratas tenham questionado a permanência norte-americana no Iraque, e persistam em garantir o domínio político e económico do país, seja através de serventuários, no primeiro caso, ou directamente, no segundo.
O mesmo se passa na Grã-Bretanha, onde o sempre fiel Tony Blair acaba de anunciar igualmente uma «comissão independente».
Enquanto o presidente norte-americano e o primeiro-ministro britânico dizem querer «conhecer os factos» para poderem comparar o que o grupo de inspecções no Iraque (não) encontrou com aquilo que «pensavam» antes de desencadearem a guerra, prossegue nos bastidores a partilha do espólio iraquiano.
O exemplo polaco
O presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, esteve a semana passada em Washington a lembrar a Bush a colaboração prestada na questão iraquiana – Varsóvia administra uma zona militar à frente de uma divisão de nove mil homens, dos quais 2400 são soldados polacos – e a solicitar a respectiva compensação através de contratos para a reconstrução do Iraque.
Alguns dias depois da visita a agência noticiosa polaca PAP anunciava que duas empresas da Polónia vão fornecer material às futuras forças armadas iraquianas, no âmbito de um contrato ganho pelo consórcio norte-americano NOUR, em detrimento do grupo polaco Bumar. Segundo Marek Belka, chefe do Departamento Económico junto do administrador norte-americano no Iraque, Paul Bremer, as empresas polacas deverão
«fornecer armamentos, nomeadamente Kalashnikov», bem como «material que já deu provas, como capacetes, coletes à prova de bala, bússolas, binóculos e viaturas todo-o-terreno».
De acordo com informações da Lusa, o consórcio NOUR é composto por três empresas norte-americanas, quatro iraquianas e duas polacas (as empresas privadas PIPZ e Ostrowski Arms). No concurso, lançado pelas autoridades provisórias iraquianas em Dezembro do ano passado, a NOUR terá proposto os seus serviços a um preço inferior em 227 milhões de dólares (cerca de 181,8 milhões de euros) aos 554 milhões de dólares (443,8 milhões de euros) propostos pelo Bumar.
As baterias estão assestadas à CIA, agora acusada de se ter enganado e de ter fornecido informações incorrectas à administração norte-americana.
Em ano de eleições e quando o número de baixas entre os soldados dos EUA no Iraque continua a aumentar diariamente, republicanos e democratas procuram livrar-se da responsabilidade de terem desencadeado uma guerra a todos os níveis ilegítima e injustificada.
Enquanto no Iraque os soldados da coligação matam e morrem sem razão nem glória, na arena política os mentores da guerra e da ocupação fazem tudo para que o eleitorado esqueça as verdadeiras razões desta aventura sangrenta: as riquezas petrolíferas do Iraque e a sua posição estratégica.
É sintomático que, constatada a inexistência de armas de destruição maciça, nem republicanos nem democratas tenham questionado a permanência norte-americana no Iraque, e persistam em garantir o domínio político e económico do país, seja através de serventuários, no primeiro caso, ou directamente, no segundo.
O mesmo se passa na Grã-Bretanha, onde o sempre fiel Tony Blair acaba de anunciar igualmente uma «comissão independente».
Enquanto o presidente norte-americano e o primeiro-ministro britânico dizem querer «conhecer os factos» para poderem comparar o que o grupo de inspecções no Iraque (não) encontrou com aquilo que «pensavam» antes de desencadearem a guerra, prossegue nos bastidores a partilha do espólio iraquiano.
O exemplo polaco
O presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, esteve a semana passada em Washington a lembrar a Bush a colaboração prestada na questão iraquiana – Varsóvia administra uma zona militar à frente de uma divisão de nove mil homens, dos quais 2400 são soldados polacos – e a solicitar a respectiva compensação através de contratos para a reconstrução do Iraque.
Alguns dias depois da visita a agência noticiosa polaca PAP anunciava que duas empresas da Polónia vão fornecer material às futuras forças armadas iraquianas, no âmbito de um contrato ganho pelo consórcio norte-americano NOUR, em detrimento do grupo polaco Bumar. Segundo Marek Belka, chefe do Departamento Económico junto do administrador norte-americano no Iraque, Paul Bremer, as empresas polacas deverão
«fornecer armamentos, nomeadamente Kalashnikov», bem como «material que já deu provas, como capacetes, coletes à prova de bala, bússolas, binóculos e viaturas todo-o-terreno».
De acordo com informações da Lusa, o consórcio NOUR é composto por três empresas norte-americanas, quatro iraquianas e duas polacas (as empresas privadas PIPZ e Ostrowski Arms). No concurso, lançado pelas autoridades provisórias iraquianas em Dezembro do ano passado, a NOUR terá proposto os seus serviços a um preço inferior em 227 milhões de dólares (cerca de 181,8 milhões de euros) aos 554 milhões de dólares (443,8 milhões de euros) propostos pelo Bumar.