Uma má reforma
No debate mensal com o Primeiro-Ministro, faz amanhã oito dias, a polémica retenção de descontos pelo Ministério da Justiça foi ainda um dos temas dominantes, a par da não menos controversa intenção do Governo em reduzir as comparticipações na ADSE.
Tendo escolhido a chamada «reforma» da administração pública como tema de fundo para o debate, no decurso do qual anunciou o seu propósito de a «prosseguir com firmeza», Durão Barroso cedo percebeu ter a sua tarefa complicada. E nem sequer lhe valeu o anúncio de que os funcionário públicos terão aumentos acima da inflação no próximo ano ou o de que, apresentado como exemplo em defesa da sua reforma, mais dois mil polícias vão estar na rua em resultado de medidas que os libertaram das tarefas de secretaria.
Ao discurso do chefe do Governo responderam, em tom muito crítico, todos os quadrantes da oposição, com o PCP, por exemplo, pela voz do seu Secretário-Geral, a acusar o Governo de em matéria de administração pública querer sobretudo arranjar colocação para os boys com cartão laranja.
Noutro plano, aludindo à inconcebível retenção de descontos dos trabalhadores judiciais, Carlos Carvalhas
lançou o repto ao Governo para que aceite uma auditoria a todos os departamentos do Estado sobre os quais recaia a suspeita de que tenham tido idêntico procedimento no que respeita a verbas dos funcionários destinadas às pensões.
Ainda sobre o tema, referindo-se às reacções de Durão Barroso, o deputado comunista António Filipe, em tom irónico, não resistiu ao seguinte comentário: «O Primeiro-ministro só tem autoridade para demitir ministros do PSD. Os do CDS podem fazer tudo, que ficam em funções. Qualquer dia, todos os seus ministros são do CDS».
O deputado Lino de Carvalho, na antevéspera (ver nesta página), analisando as relações entre os dois partidos que integram o Governo, considerara já que o CDS/P anda a «levar o PSD pela arreata».
Um grito silencioso
Foi uma manifestação em silêncio. O grito, de indignação e revolta, face à ameaça aos seus postos de trabalho e ao futuro da empresa, esse, estava inscrito a negro sobre o branco das «t-shirts». A mensagem era curta e directa: «Não à destruição da Bombadier/Sorefame». Foram mostradas quando, finda a intervenção do Primeiro-Ministro, se levantaram os que as traziam vestidas e das galerias do hemiciclo assistiam ao plenário.
Quiseram, assim, legitimamente, aproveitar o debate mensal com o Primeiro-Ministro para «chamar a atenção para a situação da empresa». O gesto, porém, valeu-lhes serem expulsos da Assembleia da República. Quando, afinal, só queriam, como explicou depois um dirigente sindical, apelar ao Governo para que não encerre a empresa e tenha em conta os 500 postos de trabalho directos e os mais de 1500 assegurados por outras que funcionam na sua órbita.
Tendo escolhido a chamada «reforma» da administração pública como tema de fundo para o debate, no decurso do qual anunciou o seu propósito de a «prosseguir com firmeza», Durão Barroso cedo percebeu ter a sua tarefa complicada. E nem sequer lhe valeu o anúncio de que os funcionário públicos terão aumentos acima da inflação no próximo ano ou o de que, apresentado como exemplo em defesa da sua reforma, mais dois mil polícias vão estar na rua em resultado de medidas que os libertaram das tarefas de secretaria.
Ao discurso do chefe do Governo responderam, em tom muito crítico, todos os quadrantes da oposição, com o PCP, por exemplo, pela voz do seu Secretário-Geral, a acusar o Governo de em matéria de administração pública querer sobretudo arranjar colocação para os boys com cartão laranja.
Noutro plano, aludindo à inconcebível retenção de descontos dos trabalhadores judiciais, Carlos Carvalhas
lançou o repto ao Governo para que aceite uma auditoria a todos os departamentos do Estado sobre os quais recaia a suspeita de que tenham tido idêntico procedimento no que respeita a verbas dos funcionários destinadas às pensões.
Ainda sobre o tema, referindo-se às reacções de Durão Barroso, o deputado comunista António Filipe, em tom irónico, não resistiu ao seguinte comentário: «O Primeiro-ministro só tem autoridade para demitir ministros do PSD. Os do CDS podem fazer tudo, que ficam em funções. Qualquer dia, todos os seus ministros são do CDS».
O deputado Lino de Carvalho, na antevéspera (ver nesta página), analisando as relações entre os dois partidos que integram o Governo, considerara já que o CDS/P anda a «levar o PSD pela arreata».
Um grito silencioso
Foi uma manifestação em silêncio. O grito, de indignação e revolta, face à ameaça aos seus postos de trabalho e ao futuro da empresa, esse, estava inscrito a negro sobre o branco das «t-shirts». A mensagem era curta e directa: «Não à destruição da Bombadier/Sorefame». Foram mostradas quando, finda a intervenção do Primeiro-Ministro, se levantaram os que as traziam vestidas e das galerias do hemiciclo assistiam ao plenário.
Quiseram, assim, legitimamente, aproveitar o debate mensal com o Primeiro-Ministro para «chamar a atenção para a situação da empresa». O gesto, porém, valeu-lhes serem expulsos da Assembleia da República. Quando, afinal, só queriam, como explicou depois um dirigente sindical, apelar ao Governo para que não encerre a empresa e tenha em conta os 500 postos de trabalho directos e os mais de 1500 assegurados por outras que funcionam na sua órbita.