Grupo Pestana tentou impedir as eleições para a CT

Despedimentos na Enatur

Cerca de 70 por cento dos trabalhadores da Enatur/Grupo Pestana votaram, nos passados dias 7 e 8, na lista única para a Comissão de Trabalhadores.

Estão a substituir efectivos por contratados a prazo

O coordenador da CT, Norberto Gomes, contou ao Avante! como, primeiro, a administração considerou as eleições ilegais. A administração apenas acabou por reconhecer as eleições e a CT, no intuito de realizar os despedimentos colectivos que continuam a decorrer em várias pousadas históricas e unidades hoteleiras, agora tuteladas pelo Grupo Pestana.
A entidade patronal considera que, com a privatização, a CT deveria rever os seus estatutos e só depois realizar as eleições. No entanto, para a CT, os estatutos só devem ser alterados após o acto eleitoral. A prepotência administrativa levou ao impedimento do funcionamento normal da mesa de voto na sede da empresa, em Lisboa, motivo pelo qual os trabalhadores apelaram à intervenção da Inspecção-Geral do Trabalho e instalaram a mesa à porta das instalações, onde o acto acabou por se realizar, embora condicionado e sob ameaça de represálias administrativas.
Na passada quinta-feira, o processo eleitoral e os resultados foram entregues no Ministério do Trabalho, enquanto a CT tem previsto realizar uma Assembleia Geral de trabalhadores com vista à alteração dos estatutos.

Perseguição

Norberto Gomes disse estar a ser alvo de um processo disciplinar por não ter aceite a proposta de transferência e de rescisão do anterior contrato, uma vez que esta lhe foi apresentada como única alternativa ao despedimento. «Até já me quiseram comprar com uma indemnização maior que as que foram dadas a outros trabalhadores mas não aceitei ser transferido», desabafou, considerando totalmente ilegal a forma como tem decorrido este processo. A CT vai brevemente decidir como dar resposta a este acto ilegal de perseguição ao seu coordenador.
Para este dirigente, a empresa pretende sanear os efectivos e gerar um clima de instabilidade e desmotivação entre os trabalhadores, na tentativa de os pressionar à rescisão para depois os substituir por precários.
Dos cerca de 1300 trabalhadores do quadro, 75 por cento estão a ser despedidos através das rescisões por «mútuo acordo», «puras formas de chantagem em que o trabalhador é forçado a concordar com a indemnização prevista, debaixo da ameaça de, caso não aceite, não ter direito a qualquer tipo de compensação», disse Norberto Gomes.
Os despedimentos também não têm poupado os directores de várias unidades hoteleiras. Foram dispensados 15 e ficou apenas um director por cada três pousadas. Para a CT, a consequência evidente desta medida é um pior serviço nas pousadas históricas portuguesas e um menor empenho na recuperação e manutenção dos monumentos e do património da Enatur que, como recorda a CT, é património de Portugal.
Também afectado pelos despedimentos está o sector das lavandarias das pousadas que se encontra em risco de fechar.
Nas estalagens de São Pedro, em Castelo de Bode, do Caramulo, de Almeida, na Senhora das Neves em Vale Formoso, em Monsanto e nas pousadas regionais como a de Serpa estão a decorrer os despedimentos, seguidos, ou de encerramentos, ou de vendas do património. Almeida e Vilar Formoso já foram vendidas enquanto Monsanto passou para a tutela da Câmara Municipal, numa gestão que «apenas pretende desfazer-se de património e entregá-lo ao sector privado», acusou Norberto Gomes.
O Grupo Pestana pretende, entretanto, abrir mais sete unidades turísticas com a ajuda de 12 milhões de euros de fundos comunitários e com o máximo de trabalhadores precários possível, com as consequentes quebras em termos de qualidade do serviço prestado.


Um radar por uma pousada

A Direcção Nacional da Federação dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal manifesta o seu veemente protesto contra a decisão de encerramento da pousada do Pico do Areeiro, na Madeira, para ser instalado, no seu lugar, um radar.
Num comunicado, a Federação revela estarem em causa 16 postos de trabalho, a segurança da região e dos seus habitantes e considera que a imagem da Madeira como destino turístico fica desprestigiada com esta medida, para além dos «efeitos nefastos sobre o meio ambiente» que a instalação do radar poderá provocar.


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