Com razões acrescidas
Na reunião de segunda-feira, o Governo revelou «algum desnorte» e «receio pela amplitude da greve», denunciou a Frente Comum de Sindicatos, alertando para as graves ameaças pendentes sobre os trabalhadores.
O Governo não teve coragem para «bater com a porta»
Na segunda reunião de negociação salarial com os representantes sindicais, o Governo «nada adiantou» quanto à proposta salarial, mantendo uma actualização de apenas 2 por cento para vencimentos inferiores a mil euros, com congelamento de todos os outros salários.
A Frente Comum, na informação divulgada após a reunião, informou ainda que o executivo «considerou despropositadas as comparações entre o apertar do cinto e a atribuição de aumentos avultados aos administradores dos hospitais SA».
Por outro lado, o Governo – que, segundo a Agência Lusa, se fez representar pela secretária de Estado da Administração Pública na reunião com a estrutura representativa da grande maioria dos trabalhadores - «usou uma táctica de discussão para poder assacar à Frente Comum uma atitude inflexível e justificar o fecho das negociações». Só que esta, refere-se no comunicado sindical, «retorquiu ter flexibilidade negocial, pelo que ia ponderar uma contraproposta com o objectivo de prosseguir as “negociações”», o que levou o executivo a reconhecer que, com tal posição, «seria obrigado a nova reunião». Não indicou, no entanto, qualquer data para a próxima reunião.
Ao analisar a postura do Governo, o Secretariado da Frente Comum de Sindicatos considerou que «revela algum desnorte» e «receio pela amplitude da greve de 23 de Janeiro», decorrendo daí «não ter tido a coragem de “bater com a porta”». Para a Frente Comum, como refere o comunicado de segunda-feira, subscrito pelo seu coordenador, Paulo Trindade, «há motivos redobrados para a semana de luta que hoje se iniciou e que culminará na greve».
Para a paralisação de amanhã, salienta-se ainda no documento, «além da convergência e da unidade na acção das três frentes sindicais, regista-se a adesão de sindicatos que não integram nenhuma das frentes e a solidariedade pública de sindicatos das forças policiais».
Motivos
e meios
Para o Avante!, Paulo Trindade sintetizou os objectivos da luta dos trabalhadores da Administração Pública:
Referiu ainda algumas acções e meios de propaganda que integram a semana de luta, a decorrer desde segunda-feira. Além de centenas de plenários nos locais de trabalho, decorrem iniciativas regionais (vigílias, conferências de imprensa, deslocações aos governos civis). Em locais mais concorridos, vão ser distribuídos à população cerca de cem mil comunicados sindicais. Por todo o País, os sindicatos colocaram um milhar de faixas alusivas à luta e seus motivos.
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«Vamos fazer greve!»
Os pré-avisos de greve apresentados pelas estruturas que integram a Frente Comum abarcam a generalidade dos sectores da Administração Pública, desde os serviços administrativos centrais e regionais e as autarquias locais, até aos hospitais e centros de saúde, escolas e universidades, tribunais e transportes municipais, notários e lojas do cidadão, guardas florestais e bombeiros...
Os objectivos comuns a todos os trabalhadores somam-se às razões de cada sector. E há sindicatos que, à hora do fecho da nossa edição, estavam a preparar-se para participar, pela primeira vez, numa paralisação geral da Administração Pública.
É o caso do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas, cuja Direcção admitiu apelar à greve, «adesão simultânea que ocorreria pela primeira vez na história do sindicato». O STCDE, após reunir com a ministra dos Estrangeiros há um mês, expressa agora «inquieto descontentamento por não só não registar avanços na actuação dos vários interlocutores, mas haver mesmo evoluções negativas bem preocupantes».
As ministras da Justiça e das Finanças anunciaram sexta-feira um despacho para manter nos tribunais cerca de 600 funcionários «eventuais», que correm risco de desemprego, apesar da grande falta de pessoal nesta área. Contudo, até anteontem, o Sindicato dos Funcionários Judiciais ainda não tinha conhecimento oficial do documento. O presidente do sindicato reafirmou à Lusa que se mantém a participação na greve de dia 23, tal como uma greve de oficiais de Justiça, nos dias 29 e 30. Está ainda marcada uma greve dos trabalhadores com vínculo precário, para dias 26, 27 e 28, cuja realização o SFJ admitiu reanalisar, mas só depois de conhecer o despacho.
Das estruturas da UGT, apenas o Sindicato dos Enfermeiros do Norte se demarcou publicamente da greve, posição que lhe valeu comentários muito críticos, feitos em cima da hora e no seu próprio sítio da Internet.
A Frente Comum, na informação divulgada após a reunião, informou ainda que o executivo «considerou despropositadas as comparações entre o apertar do cinto e a atribuição de aumentos avultados aos administradores dos hospitais SA».
Por outro lado, o Governo – que, segundo a Agência Lusa, se fez representar pela secretária de Estado da Administração Pública na reunião com a estrutura representativa da grande maioria dos trabalhadores - «usou uma táctica de discussão para poder assacar à Frente Comum uma atitude inflexível e justificar o fecho das negociações». Só que esta, refere-se no comunicado sindical, «retorquiu ter flexibilidade negocial, pelo que ia ponderar uma contraproposta com o objectivo de prosseguir as “negociações”», o que levou o executivo a reconhecer que, com tal posição, «seria obrigado a nova reunião». Não indicou, no entanto, qualquer data para a próxima reunião.
Ao analisar a postura do Governo, o Secretariado da Frente Comum de Sindicatos considerou que «revela algum desnorte» e «receio pela amplitude da greve de 23 de Janeiro», decorrendo daí «não ter tido a coragem de “bater com a porta”». Para a Frente Comum, como refere o comunicado de segunda-feira, subscrito pelo seu coordenador, Paulo Trindade, «há motivos redobrados para a semana de luta que hoje se iniciou e que culminará na greve».
Para a paralisação de amanhã, salienta-se ainda no documento, «além da convergência e da unidade na acção das três frentes sindicais, regista-se a adesão de sindicatos que não integram nenhuma das frentes e a solidariedade pública de sindicatos das forças policiais».
Motivos
e meios
Para o Avante!, Paulo Trindade sintetizou os objectivos da luta dos trabalhadores da Administração Pública:
- por salários justos,
- contra a retirada de direitos na aposentação,
- contra uma avaliação de desempenho por quotas,
- pela estabilidade de emprego e o vínculo público,
- contra as privatizações,
- contra a partidarização dos cargos de chefia,
- em defesa das funções sociais do Estado e de serviços públicos de qualidade.
Referiu ainda algumas acções e meios de propaganda que integram a semana de luta, a decorrer desde segunda-feira. Além de centenas de plenários nos locais de trabalho, decorrem iniciativas regionais (vigílias, conferências de imprensa, deslocações aos governos civis). Em locais mais concorridos, vão ser distribuídos à população cerca de cem mil comunicados sindicais. Por todo o País, os sindicatos colocaram um milhar de faixas alusivas à luta e seus motivos.
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«Vamos fazer greve!»
Os pré-avisos de greve apresentados pelas estruturas que integram a Frente Comum abarcam a generalidade dos sectores da Administração Pública, desde os serviços administrativos centrais e regionais e as autarquias locais, até aos hospitais e centros de saúde, escolas e universidades, tribunais e transportes municipais, notários e lojas do cidadão, guardas florestais e bombeiros...
Os objectivos comuns a todos os trabalhadores somam-se às razões de cada sector. E há sindicatos que, à hora do fecho da nossa edição, estavam a preparar-se para participar, pela primeira vez, numa paralisação geral da Administração Pública.
É o caso do Sindicato dos Trabalhadores Consulares e das Missões Diplomáticas, cuja Direcção admitiu apelar à greve, «adesão simultânea que ocorreria pela primeira vez na história do sindicato». O STCDE, após reunir com a ministra dos Estrangeiros há um mês, expressa agora «inquieto descontentamento por não só não registar avanços na actuação dos vários interlocutores, mas haver mesmo evoluções negativas bem preocupantes».
As ministras da Justiça e das Finanças anunciaram sexta-feira um despacho para manter nos tribunais cerca de 600 funcionários «eventuais», que correm risco de desemprego, apesar da grande falta de pessoal nesta área. Contudo, até anteontem, o Sindicato dos Funcionários Judiciais ainda não tinha conhecimento oficial do documento. O presidente do sindicato reafirmou à Lusa que se mantém a participação na greve de dia 23, tal como uma greve de oficiais de Justiça, nos dias 29 e 30. Está ainda marcada uma greve dos trabalhadores com vínculo precário, para dias 26, 27 e 28, cuja realização o SFJ admitiu reanalisar, mas só depois de conhecer o despacho.
Das estruturas da UGT, apenas o Sindicato dos Enfermeiros do Norte se demarcou publicamente da greve, posição que lhe valeu comentários muito críticos, feitos em cima da hora e no seu próprio sítio da Internet.