Modernização é necessária
O PCP está preocupado com o futuro do sector dos curtumes, que passará a enfrentar a concorrência da China, da Índia e de países do Leste europeu.
Os trabalhadores dos curtumes foram pioneiros a conquistar direitos
Falar de curtumes em Portugal é falar, necessariamente, do concelho de Alcanena. Este concelho do distrito de Santarém, um dos mais industrializados da região, concentra a larga maioria das empresas do sector existentes no País. Foi exactamente neste local que o PCP realizou, no passado dia 25 de Outubro, um debate sobre as perspectivas de futuro do sector e a sua relação com o futuro do próprio concelho de Alcanena. No debate, integrado na iniciativa «Mil localidades – participação e desenvolvimento», foram dados diversos contributos, de vários pontos de vista, acerca da questão.
António Marques, da federação dos sindicatos Têxteis, Calçado e Peles, da CGTP, aludiu à redução do número de empresas e de trabalhadores, lembrando que foram as empresas que não se modernizaram aquelas que encerraram. Outras, as que se modernizaram, viram aumentar a sua produtividade e competitividade.
A produtividade por trabalhador no sector dos curtumes é de 18230 euros, muito próxima dos 19705 euros da indústria transformadora nacional. Mas a modernização não pode parar, alerta António Marques. Em 2005, a Índia e a China entram na Organização Mundial do Comércio e no próximo ano a União Europeia será alargada a países do Leste da Europa.
O sindicalista lembra ainda que, apesar da redução do número de trabalhadores, a facturação aumentou: de 237 milhões de euros, em 2000, para 285 milhões de euros dois anos depois. Porém, os custos com pessoal são muito reduzidos. Um dos grandes problemas identificados foi a baixa formação profissional dos trabalhadores, que não acompanhou o aumento da produtividade e dos lucros. Em 2002, 52 por cento dos trabalhadores do sector tinham o primeiro ciclo do ensino básico de escolaridade, e apenas 1,8 por cento eram licenciados.
Salientada foi também a ligação deste sector com a indústria do calçado. Para Sérgio Ribeiro, do Comité Central, esta é uma das questões mais importantes. «Quando se fala de curtumes deve falar-se de calçado, moda, design», referiu. Para que o sector possa sobreviver é necessário «criar marca», assegurou.
Propostas a tempo
Não é por falta de aviso que a indústria nacional dos curtumes poderá estar à beira de uma situação difícil. Já em 1985, na Conferência Nacional que realizou, o PCP alertara para este facto. Embora o sector se encontrasse em crescimento – dada a explosão das exportações na indústria do calçado – os comunistas preveniram que uma nova divisão internacional do trabalho lhe poderia trazer problemas, com a sua deslocação para o chamado «Terceiro Mundo». Nessa altura, o PCP defendeu para o sector o redimensionamento das empresas, o investimento na modernização tecnológica, o combate à poluição e a formação de mão-de-obra especializada.
Na conferência nacional, os comunistas defenderam também a antecipação quanto à moda para satisfação da indústria do calçado e o incremento da produção nacional de peles em bruto. Tivessem os patrões dos curtumes seguido os conselhos do PCP e o sector poderia enfrentar os desafios do futuro próximo com uma outra confiança.
Luísa Araújo, da Comissão Política, não ilibou os governos de responsabilidades. Na intervenção de encerramento, afirmou que a situação do sector é exemplo da política seguida, de desvalorização do mercado interno e das micro, pequenas e médias empresas, dominantes no País. Esta falta de apoio, prosseguiu, está traduzida num relatório do Banco Europeu de Investimento: o Governo português canaliza para estas empresas 4,5 por cento dos fundos estruturais da UE, enquanto que outros países, como a Espanha e a Alemanha, transferem respectivamente 17,3 e 44,5 por cento.
António Marques, da federação dos sindicatos Têxteis, Calçado e Peles, da CGTP, aludiu à redução do número de empresas e de trabalhadores, lembrando que foram as empresas que não se modernizaram aquelas que encerraram. Outras, as que se modernizaram, viram aumentar a sua produtividade e competitividade.
A produtividade por trabalhador no sector dos curtumes é de 18230 euros, muito próxima dos 19705 euros da indústria transformadora nacional. Mas a modernização não pode parar, alerta António Marques. Em 2005, a Índia e a China entram na Organização Mundial do Comércio e no próximo ano a União Europeia será alargada a países do Leste da Europa.
O sindicalista lembra ainda que, apesar da redução do número de trabalhadores, a facturação aumentou: de 237 milhões de euros, em 2000, para 285 milhões de euros dois anos depois. Porém, os custos com pessoal são muito reduzidos. Um dos grandes problemas identificados foi a baixa formação profissional dos trabalhadores, que não acompanhou o aumento da produtividade e dos lucros. Em 2002, 52 por cento dos trabalhadores do sector tinham o primeiro ciclo do ensino básico de escolaridade, e apenas 1,8 por cento eram licenciados.
Salientada foi também a ligação deste sector com a indústria do calçado. Para Sérgio Ribeiro, do Comité Central, esta é uma das questões mais importantes. «Quando se fala de curtumes deve falar-se de calçado, moda, design», referiu. Para que o sector possa sobreviver é necessário «criar marca», assegurou.
Propostas a tempo
Não é por falta de aviso que a indústria nacional dos curtumes poderá estar à beira de uma situação difícil. Já em 1985, na Conferência Nacional que realizou, o PCP alertara para este facto. Embora o sector se encontrasse em crescimento – dada a explosão das exportações na indústria do calçado – os comunistas preveniram que uma nova divisão internacional do trabalho lhe poderia trazer problemas, com a sua deslocação para o chamado «Terceiro Mundo». Nessa altura, o PCP defendeu para o sector o redimensionamento das empresas, o investimento na modernização tecnológica, o combate à poluição e a formação de mão-de-obra especializada.
Na conferência nacional, os comunistas defenderam também a antecipação quanto à moda para satisfação da indústria do calçado e o incremento da produção nacional de peles em bruto. Tivessem os patrões dos curtumes seguido os conselhos do PCP e o sector poderia enfrentar os desafios do futuro próximo com uma outra confiança.
Luísa Araújo, da Comissão Política, não ilibou os governos de responsabilidades. Na intervenção de encerramento, afirmou que a situação do sector é exemplo da política seguida, de desvalorização do mercado interno e das micro, pequenas e médias empresas, dominantes no País. Esta falta de apoio, prosseguiu, está traduzida num relatório do Banco Europeu de Investimento: o Governo português canaliza para estas empresas 4,5 por cento dos fundos estruturais da UE, enquanto que outros países, como a Espanha e a Alemanha, transferem respectivamente 17,3 e 44,5 por cento.