Grande adesão à greve dos estudantes do superior

Unidos contra as propinas

A greve de anteontem dos estudantes do ensino superior registou uma grande adesão em todo o País. Em Lisboa, foram várias as faculdades com mais de 95 por cento dos alunos em greve.

A ESTAD, nas Caldas da Rainha, parou e os alunos reuniram-se em plenário

Os estudantes do ensino superior mostraram que discordam da Lei de Financiamento aprovada pelo Governo aderindo em massa à greve nacional de terça-feira.
Na Universidade da Beira Interior não houve aulas. As instalações foram fechadas a cadeado e os piquetes de greve estiveram presentes durante todo o dia à porta da instituição a esclarecer os estudantes sobre as razões do protesto. Na véspera, 500 alunos de quatro escolas do Instituto Politécnico de Castelo Branco participaram numa vigília na cidade.
No Porto, foram encerradas a cadeado a Faculdade de Letras, a Faculdade de Ciências, a Faculdade de Ciências de Nutrição e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração. Na Faculdade de Direito e na Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física a adesão à greve foi total. Nas faculdade de Arquitectura e de Psicologia e Ciências da Educação, piquetes de greve entraram em contacto com os estudantes.
Na Universidade de Coimbra, não houve aulas nas faculdades de Letras, de Direito, de Farmácia e de Ciências. Todos os alunos dos cursos de Sociologia e Relações Internacionais da Faculdade de Economia fizeram greve. Nas faculdade de Psicologia e de Medicina foram dadas apenas algumas aulas. A Associação Académica de Coimbra referiu uma adesão próxima dos cem por cento.

Escolas fechadas

Em Lisboa, foram várias as instituições encerradas a cadeado: a Faculdade de Psicologia, o Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, a Faculdade de Arquitectura, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e a Faculdade de Psicologia, bem como as escolas de enfermagem Gulbenkian, Maria Resende, Artur Ravara e Francisco Gentil.
Noutras instituições, registaram-se elevadas adesões à greve. Na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, nenhum aluno foi às aulas, enquanto na Faculdade de Letras a adesão foi de 98 por cento. Na Faculdade de Ciências, no Instituto Superior de Agronomia e na Escola Superior de Teatro e Cinema fizeram greve 95 por cento dos alunos. Na Faculdade de Belas Artes 90 por cento fizeram greve e o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa 85 por cento. No Instituto Superior Técnico e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa a adesão foi de 75 por cento, enquanto que na Faculdade de Medicina Dentária e na Faculdade de Medicina Dentária 70 por cento fizeram greve.
Registou-se uma adesão menor na Escola Superior de Comunicação Social e na Escola Superior de Educação (60 por cento).

Greve em todo o País

Os departamentos de Engenharia Mecânica e de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro registaram uma adesão total. Biologia e Electrónica e Comunicações realizaram duas aulas cada, Línguas e Culturas apenas uma. Em Comunicação e Arte a adesão foi de 70 por cento.
Nesse dia, a Associação Académica recolheu 400 assinaturas reivindicando a convocação de uma reunião extraordinária do Senado para rever o valor das propinas, já fixado em 640 euros.
A Associação de Estudantes da Universidade de Évora destacou a «elevada adesão» ao protesto. «É uma greve de corpo presente, com os alunos nos corredores sem frequentarem as aulas», afirmou à Lusa João Condeixa, dirigente associativo.
A Escola Superior de Tecnologia, Arte e Design do Instituto Politécnico de Leiria, situado nas Caldas da Rainha, parou completamente e os alunos reuniram-se em plenário para discutir a legislação do ensino superior e os principais problemas do sector.
Não houve aulas em nenhuma instituição do Instituto Politécnico de Bragança. Durante a manhã, grupos de alunos barricaram-se no interior da Escola Superior Agrária e da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, impedindo a entrada de professores e funcionários.


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