Ameaça à flora e fauna
As culturas com sementes transformadas geneticamente afectam o equilíbrio natural e ameaçam certas espécies animais, revela um estudo encomendado pelo governo de britânico.
Especialistas afirmam que os OGM não trazem vantagens económicas
O governo de Tony Blair era um dos grandes defensores das culturas transgénicas, vendo nelas uma fonte de riqueza para o país. Porém, as conclusões de um estudo reveladas na passada semana, dia 16, vêm reforçar a opinião maioritária daqueles que sempre olharam com desconfiança para este tipo de alimentos e poderão ser decisivas para uma mudança da posição oficial.
Especialistas independentes, nomeados pelo governo britânico, iniciaram em 1999 um estudo, considerado como o mais importante jamais realizado em todo o mundo, destinado a avaliar o impacto sobre a flora e fauna dos organismos geneticamente modificados (OGM).
Durante três anos, foram utilizadas três espécies de sementes alteradas (milho, colza e beterraba), em mais de 250 campos agrícolas, numa investigação, orçada em 5,5 milhões de libras (quase oito milhões de euros), que permitiu comparar o seu comportamento com culturas tradicionais equivalentes.
Em termos gerais, as sementes transgénicas são concebidas para resistirem a poderosos herbicidas empregues ao longo do desenvolvimento das plantas. O estudo constatou que o efeitos das culturas OGM de beterraba e colza eram muito mais prejudiciais que as culturas tradicionais.
Os químicos utilizados alteraram o equilíbrio natural das parcelas, colocando em perigo certas espécies animais como as abelhas ou borboletas. Os testes demonstraram ainda que a continuação deste tipo de culturas provoca a degradação das sementes que constituem uma importante fonte de alimento das aves.
Apenas o milho transgénico revelou efeitos menos nocivos que a cultura tradicional, mas tal poderá dever-se ao tipo de herbicida utilizado que permitiu o desenvolvimento anormal de ervas daninhas que constituem a base da alimentação de certos insectos e pássaros. De qualquer forma, o estudo confirma que existe um efeito real dos OGM sobre o meio ambiente, tanto mais que vastas áreas podem ser contaminadas por efeito do vento.
Entusiasmo refreado
Procurando basear-se em investigações independentes para convencer a opinião pública dos benefícios dos OGM, o governo britânico encomendou igualmente um estudo sobre os efeitos económicos. Todavia, o respectivo relatório divulgado em Julho trouxe más notícias ao concluir que este tipo de culturas não representava não vantagem económico a curto prazo para o país.
Assim, a encerrar o processo de debates públicos realizados sobre esta matéria durante o Verão, em 24 de Setembro, foi publicada uma sondagem que envolveu um universo de 37 mil inquiridos, dos quais, uma clara maioria de 54 por cento pronunciou-se contra a exploração de culturas transgénicas no Reino Unido.
Esta série de reveses certamente que refreou o entusiasmo de Tony Blair em relação aos OGM, esperando-se que, até final de Novembro, venha a tomar uma decisão mais cautelosa sobre o assunto.
Também a nível europeu, o estudo não passou despercebido. No início da passada semana, a comissária do Ambiente, Margrot Wallstrom, referindo-se às multinacionais que promovem os OGM afirmou que «eles tentaram mentir às pessoas e impor-lhes os OGM. (...) Quando falam em alimentar os que têm fome, porque não começaram com tais produtos? Alimentar os accionistas, sim, mas não os outros».
De resto, as conclusões agora apuradas pelos cientistas ingleses vêm dar força à posição europeia que têm agido com prudência no processo de autorização dos OGM, apesar das pressões dos Estados Unidos junto da Organização Mundial do Comércio.
Contudo, depois da publicação de dois regulamentos sobre a etiquetagem e traçabilidade dos alimentos transgénicos, que a Comissão Europeia deverá efectuar em breve, este tipo de produtos passa a poder ser comercializado no mercado europeu.
Por outro lado, a autorização do cultivo de plantas transgénicas continua dependente do levantamento do moratória, decisão que por enquanto não foi tomada pelos Quinze, conhecendo-se a existência de divergências a este respeito.
A coexistência de culturas transgénicas e tradicionais bem como a percentagem admissível de contaminação das sementes com OGM, matéria sobre a qual está a ser elaborada uma directiva comunitária, são aspectos que continua a suscitar a oposição de associações ecologistas e agrícolas. O luta contra os OGM está longe do fim.
Especialistas independentes, nomeados pelo governo britânico, iniciaram em 1999 um estudo, considerado como o mais importante jamais realizado em todo o mundo, destinado a avaliar o impacto sobre a flora e fauna dos organismos geneticamente modificados (OGM).
Durante três anos, foram utilizadas três espécies de sementes alteradas (milho, colza e beterraba), em mais de 250 campos agrícolas, numa investigação, orçada em 5,5 milhões de libras (quase oito milhões de euros), que permitiu comparar o seu comportamento com culturas tradicionais equivalentes.
Em termos gerais, as sementes transgénicas são concebidas para resistirem a poderosos herbicidas empregues ao longo do desenvolvimento das plantas. O estudo constatou que o efeitos das culturas OGM de beterraba e colza eram muito mais prejudiciais que as culturas tradicionais.
Os químicos utilizados alteraram o equilíbrio natural das parcelas, colocando em perigo certas espécies animais como as abelhas ou borboletas. Os testes demonstraram ainda que a continuação deste tipo de culturas provoca a degradação das sementes que constituem uma importante fonte de alimento das aves.
Apenas o milho transgénico revelou efeitos menos nocivos que a cultura tradicional, mas tal poderá dever-se ao tipo de herbicida utilizado que permitiu o desenvolvimento anormal de ervas daninhas que constituem a base da alimentação de certos insectos e pássaros. De qualquer forma, o estudo confirma que existe um efeito real dos OGM sobre o meio ambiente, tanto mais que vastas áreas podem ser contaminadas por efeito do vento.
Entusiasmo refreado
Procurando basear-se em investigações independentes para convencer a opinião pública dos benefícios dos OGM, o governo britânico encomendou igualmente um estudo sobre os efeitos económicos. Todavia, o respectivo relatório divulgado em Julho trouxe más notícias ao concluir que este tipo de culturas não representava não vantagem económico a curto prazo para o país.
Assim, a encerrar o processo de debates públicos realizados sobre esta matéria durante o Verão, em 24 de Setembro, foi publicada uma sondagem que envolveu um universo de 37 mil inquiridos, dos quais, uma clara maioria de 54 por cento pronunciou-se contra a exploração de culturas transgénicas no Reino Unido.
Esta série de reveses certamente que refreou o entusiasmo de Tony Blair em relação aos OGM, esperando-se que, até final de Novembro, venha a tomar uma decisão mais cautelosa sobre o assunto.
Também a nível europeu, o estudo não passou despercebido. No início da passada semana, a comissária do Ambiente, Margrot Wallstrom, referindo-se às multinacionais que promovem os OGM afirmou que «eles tentaram mentir às pessoas e impor-lhes os OGM. (...) Quando falam em alimentar os que têm fome, porque não começaram com tais produtos? Alimentar os accionistas, sim, mas não os outros».
De resto, as conclusões agora apuradas pelos cientistas ingleses vêm dar força à posição europeia que têm agido com prudência no processo de autorização dos OGM, apesar das pressões dos Estados Unidos junto da Organização Mundial do Comércio.
Contudo, depois da publicação de dois regulamentos sobre a etiquetagem e traçabilidade dos alimentos transgénicos, que a Comissão Europeia deverá efectuar em breve, este tipo de produtos passa a poder ser comercializado no mercado europeu.
Por outro lado, a autorização do cultivo de plantas transgénicas continua dependente do levantamento do moratória, decisão que por enquanto não foi tomada pelos Quinze, conhecendo-se a existência de divergências a este respeito.
A coexistência de culturas transgénicas e tradicionais bem como a percentagem admissível de contaminação das sementes com OGM, matéria sobre a qual está a ser elaborada uma directiva comunitária, são aspectos que continua a suscitar a oposição de associações ecologistas e agrícolas. O luta contra os OGM está longe do fim.