Intervir, denunciar, organizar

Euclides Pereira (Membro do Secretariado do CC do PCP)
Fica cada vez mais claro para milhares e milhares de portugueses que a política que vem sendo seguida pelo governo PSD/PP é uma política de claro favorecimento dos grandes grupos económicos e financeiros em detrimento dos interesses da esmagadora maioria do povo.

«O colectivo partidário encontrará as formas de concretizar as tarefas»

Não há esfera da vida nacional onde não se faça sentir esta nefasta política. Esta poderosa ofensiva faz-se sentir nomeadamente: nos ataques aos direitos dos trabalhadores duramente conquistados, de que o pacote antilaboral, satisfazendo os interesses e obedecendo às ordens do grande capital, é o mais profundo golpe desferido contra os trabalhadores; a mais recente ofensiva contra os trabalhadores da Função Pública através da chamada reforma da Administração Pública, com a qual o Governo pretende desmantelar e partidarizar a administração pública, criando assim melhores condições para pôr em causa os direitos dos trabalhadores e para intensificar as privatizações de serviços públicos essenciais à vida dos cidadãos. Milhares e milhares de trabalhadores, integrados nas suas organizações, têm ao longo destes meses lutado contra esta política, errada e injusta e contrária aos interesses nacionais.
No plano partidário, o PCP é o único grande Partido que intervém, denuncia, organiza e mobiliza para a luta, mostra que há caminhos diferentes e luta para que uma nova política seja implementada: uma política económica que aposte no desenvolvimento do aparelho produtivo nacional, para o que é indispensável pôr um travão aos processos de privatizações; de uma política valorativa dos salários como um meio para se obter uma mais justa repartição da riqueza nacional; de uma efectiva política de serviços públicos, nomeadamente na área da educação, saúde e segurança social, ao serviço de quem trabalha.
Porque somos de facto o único grande partido que firmemente se opõe ao desenvolvimento da política de direita, somos também o alvo preferencial dos ataques das forças reaccionárias. Estas forças, em aspectos essenciais do regime democrático, têm contado com o colaboracionismo do Partido Socialista, como aconteceu mais recentemente nos casos das Leis de Financiamento dos Partidos Políticos e da Lei dos Partidos.

O PCP continua!

Não são por isso de estranhar todas as tentativas que vêm fazendo para nos criarem dificuldades. Mas desiludam-se. O PCP vai continuar a agir e a intervir para que no mais curto espaço de tempo possível seja posto fim a esta danosa política. Acção e intervenção que será tanto mais eficaz quanto os seus militantes, organismos e organizações forem capazes de concretizar com êxito as medidas de reforço orgânico, por um lado, e de aumento da capacidade financeira do Partido por outro.
No que respeita ao reforço orgânico, importa ter presente que os esforços essenciais se devem orientar em duas direcções: a que visa construir organismos do Partido onde não existam, nomeadamente em empresas e locais de trabalho e nos locais de residência. Assim criam-se condições para a intervenção do maior número possível membros do Partido na vida partidária de modo a que possam exercer os seus direitos e deveres participando com as suas opiniões e exercendo tarefas de acordo com as suas possibilidades, ficando assim o Partido em melhores condições de conhecer os problemas que afectam os trabalhadores e as populações e sobre eles intervir; outra é a que passa pela necessidade de concretizar a realização de Assembleias de Organização das organizações que as não realizam há muito tempo, quer ao nível de concelhia, quer de freguesia. Assembleias que, para além da prestação de contas pelos organismos dirigentes, elejam novos organismos de direcção, analisem a situação política e social local e aprovem planos de trabalho para a intervenção partidária.
O trabalho preparatório destas assembleias, entre outros aspectos, deve privilegiar o contacto com o maior número possível de membros do Partido no sentido de com eles serem avaliadas questões como a sua disponibilidade para o exercício de tarefas e a consequente integração em organismos, a questão do pagamento da quotização, da imprensa do Partido, etc.
Quanto à indispensável necessidade de aumentar a capacidade financeira do Partido, importa desde logo que por todo o Partido percorra a ideia de que a actual situação financeira do Partido é particularmente preocupante, que esta situação é devida, no essencial, ao quadro político, eleitoral e partidário vivido nos últimos anos. Quadro que exigiu enormes esforços financeiros, entre outros, para lhes fazer frente. Importa ter presente que os próximos tempos vão exigir do Partido uma muito intensa intervenção política, quer no combate diário à continuação da política de direita quer na intervenção nas grandes batalhas eleitorais que se aproximam – Parlamento Europeu em Junho de 2004, Regiões Autónomas em Outubro de 2004, Autarquias em 2005 e Legislativas em 2006.
Estas exigências impõem a todos os quadros do Partido, a todos os organismos e organizações partidárias, a compreensão para a necessidade de se concretizarem as medidas há muito apontadas e nomeadamente as decididas no XVI Congresso do Partido.
A Festa do Avante!, realizada há 3 semanas atrás, envolvendo na sua construção e funcionamento a participação de milhares de camaradas, tendo sido um assinalável êxito político/partidário aí está como que um garante da disponibilidade militante para uma participação mais regular na vida partidária.
Com a consciência clara das dificuldades mas também com a profunda convicção de que as potencialidades existentes são reais, o colectivo partidário encontrará as formas de concretizar as muitas tarefas que temos pela frente.


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