Desânimo aumenta
A Direcção da Organização Regional de Castelo Branco do PCP, reunida na quinta-feira passada, para analisar a situação da agricultura na região, decidiu tornar públicas as suas preocupações relativamente à situação que os produtores de leite estão a viver.
Agricultores podem ser penalizados em cerca de 50 milhões de contos
A DORCB considera que a política do Ministério da Agricultura nos últimos anos tem levado à concentração da produção do leite no Litoral do País e à diminuição das quotas de produção no Interior do distrito de Castelo Branco. Esta situação tem provocado «desânimo e desespero» nos produtores que se vêem obrigados a vender as suas quotas a produtores de outras regiões, favorecendo a gula da indústria transformadora de leite. Estima-se que, este ano, a quota de produção na Beira Interior seja ultrapassada em quatro mil toneladas, produção que fica fora de quaisquer apoios financeiros.
Mas a agravar a situação da economia das explorações está, ainda, o facto de as empresas de recolha de leite estarem a reter 50 por cento das verbas que deveriam pagar, a pretexto de eventuais penalizações que a União Europeia venha a decidir pela ultrapassagem das quotas de produção.
São problemas para os quais já em 2000 os eleitos do PCP e da CDU alertavam e que então levaram às várias instituições - Parlamento Europeu, Assembleia da República, órgãos autárquicos. O PCP considerava que a quota atribuída a Portugal era manifestamente insuficiente relativamente à capacidade de produção e às necessidades de auto-consumo, situação que agora se confirma, ameaçando os agricultores portugueses de virem a sofrer penalizações na ordem dos 5 milhões de contos. Propunha, ainda, que a cada região fosse atribuída com equidade uma quota de produção de leite, de forma a evitar a concentração da produção apenas nos distritos do Litoral e naturalmente a destruição da produção leiteira e da sua indústria transformadora.