Eleições outra vez? O que está em causa? Porquê votar na CDU?
Perguntas e respostas para votar bem a 18 de Maio
Porque é que vamos para eleições outra vez?
Formalmente porque foi rejeitada a moção de confiança apresentada pelo Governo PSD/CDS. Mas a situação do Governo era insustentável. Pela política que, em menos de um ano, agravou ainda mais os problemas da maioria dos portugueses, enquanto os lucros dos grupos económicos continuaram a aumentar e também pela evidente promiscuidade com os interesses privados na situação da empresa do primeiro-ministro e nas de outros membros do Governo.
Mas a situação de Montenegro é assim tão grave?
O caso de Montenegro e da sua empresa são uma expressão da mistura entre interesses particulares e cargos públicos. O que já se sabe é mais do que suficiente para dizer que a situação viola regras fundamentais no exercício do cargo de primeiro-ministro. Mas é evidente que esta situação é apenas uma parte menor dessa promiscuidade. Basta ver casos como o da privatização da ANA, das PPP ou dos benefícios fiscais aos grandes grupos económicos, que a CDU tem denunciado.
Mas não era melhor não haver eleições?
Na situação criada não havia outra alternativa. Face à concretização acelerada dos objectivos dos grupos económicos que guiavam a política do Governo, nas privatizações, nos benefícios fiscais, nas PPP ou numa ainda maior fragilização dos direitos dos trabalhadores na legislação laboral, no ataque à Segurança Social, as eleições interrompem ou pelo menos condicionam esses processos.
Vai ficar tudo na mesma?
Está nas mãos de cada um evitar que assim seja. As eleições são uma oportunidade para abrir caminho a uma outra política. O voto dos portugueses é determinante para que não fique tudo na mesma. As eleições não são um estorvo; são uma expressão democrática da vontade do povo.
Para a economia tanta instabilidade é péssima, certo?
Quando os porta-vozes da política de direita falam de estabilidade, nunca estão a falar da vida do povo, de resolver a questão dos salários baixos, das rendas altas ou da dificuldade de acesso à saúde. Querem estabilidade para manter o saque de recursos públicos e aumentar a exploração de quem trabalha. O que prejudica a economia é a falta de produção nacional, de investimento público ou a debilidade do mercado interno, por serem escassos os rendimentos da população.
Estas eleições vão ser sobre a situação do primeiro-ministro?
Sem dúvida que, nestas eleições, esse tema deve estar presente na campanha, até porque é uma expressão da promiscuidade e subordinação do poder político ao económico. Mas é imprescindível discutir a situação em que está o país e a vida dos trabalhadores e do povo, apresentando soluções. Mesmo contra a corrente mediática, foi isso que a CDU, quase sempre sozinha, fez desde as últimas eleições. A vida das pessoas foi sempre o nosso principal tema de intervenção.
O que dizem as sondagens sobre a CDU?
As inúmeras sondagens de diversos órgãos de comunicação social, sempre ampliadas pelos comentários, são muito mais um instrumento de condicionamento da formação de opinião das pessoas do que um retrato da realidade existente. Vão certamente fomentar a ideia de bipolarização artificial, entre PS e PSD, e empolar outras forças políticas, em detrimento da CDU, portadora de uma política alternativa. Mas as sondagens não votam; o voto de cada um é que decide.
É agora que a CDU vai desaparecer do Parlamento?
Isso era o que já diziam nas últimas eleições legislativas e para o Parlamento Europeu e não aconteceu. É uma afirmação que visa desmobilizar os que se revêem nas nossas posições e afastá-los do voto. A intensa actividade de contacto com os trabalhadores e as populações, ainda agora com o abaixo-assinado Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor, dá-nos confiança no reforço da CDU. A vida mostra que o reforço da CDU se traduz numa melhoria das condições de vida, no reforço dos direitos e é um elemento fundamental para combater as injustiças, os interesses do grande capital e as forças e projectos reaccionários.
Quem poderá vir a votar na CDU?
Os que sabem que não precisamos só de outro Governo, precisamos de outra política. Os que já sabem que o rotativismo PS/PSD, mantendo a política de direita, não serve. Os que não se deixam iludir com a falsa modernidade da IL, inspirada em Milei, nem com o populismo fascizante do Chega, ambos ao serviço do grande capital, disfarçando a sua concordância com a política do Governo. Os que não se contentam com frases sonantes no Parlamento ou nas redes sociais, que valorizam quem está ao seu lado nas lutas de todos os dias pelos direitos e por uma vida melhor e rejeitam fazer o frete ao europeísmo das transnacionais. É na CDU o voto dos que se indignam com as injustiças, com as dificuldades da sua própria vida e das suas famílias, sem perspectivas de melhoria, enquanto as grandes empresas acumulam lucros e o poder económico domina as decisões do poder político, alimentando a corrupção.
Mas não é essencial derrotar a direita?
Os votos da CDU serão sempre contra a direita e a política de direita.Não há voto mais consequente e corajoso no combate à direita do que o voto na CDU. A CDU é a força que tem a coragem e a determinação para enfrentar extrema-direita e os seus projectos fascizantes.Temos de dizer a verdade: o PS capta votos à esquerda para fazer a política de direita. Veja-se que o PS tudo fez para que o Governo continuasse, mesmo sendo para aprofundar a sua desastrosa política. Para uma política diferente é preciso dar mais força à CDU.
Mas a CDU não vai conseguir eleger o seu candidato a primeiro-ministro… Entre os dois, não é melhor votar no PS?
As eleições são para eleger deputados e, como se provou em 2015, o que vai contar é a correlação de forças no Parlamento.Transferir o voto para o PS não retira nenhum voto à direita e enfraquece a força que mais conta para uma política diferente – a CDU.
Nos distritos em que a CDU não elege não é melhor votar no PS para derrotar a direita?
O resultado global nacional da CDU é um elemento político determinante para o futuro; é diferente ter 12 deputados e 9% do que ter os mesmos deputados e 7%. Para além disso, a CDU pode voltar a eleger em vários distritos em que actualmente não tem deputados.
A CDU faz do PS o seu inimigo principal. Não é melhor um governo do PS do que um do PSD?
A CDU faz da política de direita o seu inimigo principal, seja ela praticada pelos partidos de direita, seja pelo PS.Não dizemos que o PS é igual ao PSD, mas não se combate a direita quando se suportou, como o PS fez em todos os momentos fundamentais, o Governo (Programa de Governo, Moção de Censura do PCP), e se aprovou peças fundamentais da sua política (Orçamento, alterações à chamada Lei dos Solos, baixa do IRC com mais 365 milhões de lucros para as grandes empresas).
Mas o PS de Pedro Nuno Santos não é mais à esquerda?
Pedro Nuno Santos foi quem conduziu o PS na sustentação do Governo do PSD e da sua política e já tinha sido, enquanto governante, responsável por graves decisões(impulsionou a privatização da TAP, submeteu-se aos interesses da ANA/Vinci, dos Champalimaud na concessão dos CTT, manteve as regras de favorecimento da especulação imobiliária e de benefício da banca no crédito à habitação). O PS, com a sua liderança, tudo fez para que o Governo continuasse a sua política.
Não foi a CDU que esteve com o PS no Governo na «geringonça» (2015/2019)? Porque se queixa agora dos resultados?
Esse é o argumento dos que gostavam que Passos Coelho e a troica continuassem a destruir a vida dos portugueses. É isso que não perdoam à CDU. Por isso espalham essa mentira. O que houve foi um governo minoritário do PS que, mantendo a estrutura fundamental da sua política, teve que responder à luta dos trabalhadores e às propostas da CDU. Isso permitiu à CDU exigir e conquistar a reposição de muitos dos direitos retirados pelo governo PSD/CDS (cortes nos salários e reformas, feriados roubados, subsídio de Natal …) e conquistar outros (passes intermodais, redução e eliminação das taxas moderadoras e congelamento das propinas, investimentos no SNS, manuais escolares gratuitos…). A generalidade das pessoas registam que nesse período recuperaram direitos e poder de compra. A CDU não aprovou o Orçamento do Estado quando o PS recusou a resposta aos problemas existentes e os queria agravar. O PS podia responder, mas não quis. O Presidente da República podia aceitar um outro Orçamento de Estado, mas preferiu empurrar para eleições. A CDU não é responsável pelas opções estruturais que o PS manteve e acentuou nos anos seguintes.
...A IL vai crescer, está na moda.
A sua política nada tem de moderno: é aprofundar ainda mais a destruição dos serviços públicos, aumentar os benefícios dos grupos económicos e reduzir os direitos dos trabalhadores. É um neoliberalismo ainda mais radical, a lei da selva na sociedade e na economia, em que os mais ricos e poderosos esmagam os direitos e as condições de vida dos restantes. Quer destruir as conquistas de Abril que permanecem, os direitos económicos, sociais, laborais e o próprio regime democrático, aliás indissociável daqueles. Há uma clara promoção da IL, nascida do PSD e do CDS, para eventualmente poder vir a aliar-se ao PSD após as eleições. É significativo que na sua última Convenção tenham exibido a moto-serra que serve de símbolo para o ultra-reaccionário Milei, presidente da Argentina.
E depois das eleições, a CDU vai contribuir para a estabilidade?A CDU está disponível para uma nova «geringonça»?
A estabilidade que conta é a da vida dos portugueses e essa depende da mudança das políticas em que o voto da CDU é decisivo. Não é a estabilidade para continuar a favorecer o poder económico. O Governo PSD teve estabilidade e lembramo-nos do que foi a estabilidade da maioria absoluta do PS; ficou com mãos livres para a política de direita. A CDU não faltará a boas políticas (defender o SNS, aumentar salários e reformas, etc.), mas não passa cheques em branco a ninguém.
E porque não uma aliança de esquerda com o BE?
Na CDU há uma clareza, uma coerência e um compromisso prioritário com quem trabalha que não tem a mesma prioridade no BE. As nossas posições, porque justas, não se alteram nem se ajustam perante a pressão ideológica e mediática em cada momento. Dito isto, temos naturalmente muitas posições convergentes no Parlamento. Não são o nosso adversário.
O Chega é o voto contra o sistema!
O objetivo do Chega não é alterar o sistema, mas sim mantê-lo e agravar as suas injustiças e desigualdades; tal como os restantes partidos de direita, o que o Chega quer é chegar ao poder aproveitando-se da justa indignação das pessoas. O Chega também nasceu do PSD e do CDS e André Ventura, até 2017 candidato do PSD, foi apoiante de Passos Coelho. O Chega diz querer combater o sistema quando é o pior dele e está sempre ao lado dos interesses do grande capital. O tom arruaceirodo Chega visa esconder os numerosos problemas com a justiça dos seus eleitos e dirigentes (relacionados com agressões, furtos, negação de direitos, violação de obrigações legais e decisões judicias, prostituição infantil, entre outros).
Os políticos são todos corruptos. Quem combate a corrupção?
Só quem, como a CDU, se bate intransigentemente contra o domínio do poder político e das suas decisões pelo poder económico, é que dá garantias de combater a corrupção. A CDU é constituída por homens e mulheres sérios e honestos, dedicados ao interesse colectivo e sem compromissos com os grupos económicos nem portas giratórias de passagem de cargos governativos para administrações de grandes empresas, como têm os partidos da direita e o PS, por exemplo em muitas privatizações. A situação pessoal do primeiro-ministro é uma expressão da promiscuidade dos governos com os interesses económicos.
O custos das eleições não é um desperdício de dinheiro?
Devolver a decisão ao povo nunca é um desperdício; é uma expressão do exercício dos direitos políticos que não pode ser tratada como um estorvo ou um gasto desnecessário. Desperdício é entregar milhões de euros aos grupos económicos. Coisa diferente são os montantes das subvenções e dos limites para gastos de campanha, claramente exorbitantes. Desde 2003, quando ocorreu um brutal aumento, pela mão de PS, PSD e CDS, das subvenções, gerais e para as campanhas eleitorais, bem como dos limites de despesa eleitoral, que a CDU se opôs a estes valores. Não é por acaso que, grosso modo, as receitas anuais do PCP são 90% próprias e só 10% de subvenções públicas e nos outros partidos a repartição é exactamente a inversa.
A economia tem de crescer para se poderem aumentar os salários. A CDU é contra as empresas, mas são elas que criam a riqueza.
Nunca há dinheiro para aumentar salários, mas há sempre para aumentar os lucros e distribuí-los. São os trabalhadores que criam a riqueza e apenas uma parte dela reverte para o seu salário. O que a CDU não aceita é o sorvedouro dos lucros dos grandes grupos económicos; é a força que mais defende as micro pequenas e médias empresas (MPME) que são também elas esmagadas pelos que dominam a energia, o sector financeiro e seguros ou as telecomunicações. Não é o aumento de salários que cria problemas, já que eles são em média 15% dos custos; o resto é que pesa, e muito, engordando os lucros da GALP, EDP, banca, SONAE e Jerónimo Martins e outros.
É inevitável e indispensável o rearmamento da União Europeia?
A corrida aos armamentos não conduz à paz, aumenta o risco da generalização da guerra. A paz só é possível com diálogo, diplomacia, negociação da redução controlada dos armamentos, equilíbrio de forças nessa redução e um sistema de segurança colectiva. Foi assim no passado. Invocar ameaças externas ou oscilações da política da administração dos EUA, é um pretexto para justificar o desvio de verbas colossais para alimentar a indústria do armamento, levando a que também a Rússia aumente as armas, conduzindo a uma escalada que pode levar à generalização da guerra. Retirar as absurdas limitações do défice para comprar armas, mantendo-as e impondo-as para as políticas sociais, os salários ou o restante investimento público, caracteriza as políticas da UE. A CDU defende a paz, seja na Ucrânia ou na Palestina. É vergonhosa a posição dos que continuam a agir para que a guerra continue na Ucrânia, em geral os mesmos que fazem vista grossa ao genocídio do povo palestino.
O País está assim por causa dos imigrantes? O país tem condições ilimitadas?
A responsabilidade pela situação do País não é dos imigrantes, é dos governos que nos desgovernam. Há quem queira pôr os portugueses a olhar para os imigrantes para não ver os que verdadeiramente enchem os bolsos com as injustiças. Tal como os portugueses que vão trabalhar para o estrangeiro, também em Portugal os imigrantes dão hoje um contributo fundamental para a economia. O País não tem capacidades ilimitadas. A solução é definir regras que garantam a entrada regulada e combatam o tráfico de seres humanos, de acordo com as condições do nosso país; não é discriminar, mas garantir a todos os trabalhadores, nacionais e imigrantes, salário e direitos, saúde e habitação.
Os partidos «são todos iguais»...
Não, não são todos iguais. Isso é o que querem que acreditemos os partidos que têm poucas diferenças nas políticas que praticam. Há os que lutam em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, que estão ao seu lado na defesa do emprego, do direito à saúde, de uma vida melhor, e os que promovem a exploração e injustiças. Na CDU, os eleitos adoptam a regra de não serem beneficiados pelos cargos que exercem e têm uma estrita independência de interesses privados, designadamente dos grandes grupos económicos. Quando predomina a falta de palavra, a mentira ou a corrupção, a CDU é reconhecida como uma força de palavra, de verdade, seriedade e trabalho.
Se o público não resolve os problemas porque não se contrata o privado? Porque é que eu pago tantos impostos para ter maus serviços públicos?
A degradação dos serviços públicos, como no SNS, foi sempre uma consequência de políticas de desinvestimento e um instrumento para abrir caminho para os privados. A experiência do nosso e de outros países mostra bem como a entrega aos grupos privados de serviços públicos é sempre um bom negócio para esses grupos privados e sempre um mau serviço para as populações. Os impostos – pagos em excesso pelos trabalhadores e a muito pouco pelos grupos económicos – são crescentemente desviados para financiar os grupos privados em vez dos serviços públicos.
Razões para votar na CDU
O voto na CDU é o voto de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira. O voto que respeita o trabalho e os trabalhadores, que assume como prioridade o aumento dos salários e pensões, o voto contra uma economia assente em baixos salários, em trabalho precário e em horários desregulados. É o voto pela valorização das carreiras profissionais e pela redução da idade da reforma.
O voto na CDU é o voto por mais e melhores serviços públicos e pela garantia de direitos fundamentais, para todos. É o voto na defesa do Serviço Nacional de Saúde, na valorização da Escola Pública, no fim das propinas no Ensino Superior Público, no direito à habitação, na gratuitidade das creches, por mais, melhores e mais acessíveis transportes públicos, pelo acesso à Justiça e a segurança.
O voto na CDU é o voto contra a corrupção, não apenas nas palavras, mas sobretudo nos actos. O voto que combate a confusão entre cargos públicos e actividades privadas; o voto contra as privatizações, contra as parcerias público-privadas, contra o desvio de dinheiros públicos para beneficiar interesses privados.
O voto na CDU é o voto que conta sempre para derrotar a direita e que contribui sem qualquer dúvida para uma alternativa de esquerda. É o voto na esquerda que não imita a direita e que conta sempre para soluções de esquerda, que venham de encontro à resolução dos problemas do povo e do País. É o voto na alternativa patriótica e de esquerda.
O voto na CDU é o voto contra o medo, o fascismo e a guerra, pela liberdade e a soberania nacional. O voto na CDU é um voto certo e seguro em quem dá provas de seriedade, em quem honra a coerência e a palavra dada, em quem tem a coragem de enfrentar forças adversas em quaisquer circunstâncias.
Se a CDU faz falta, o que faz falta é votar na CDU. O voto na CDU é o voto em deputados que honram os seus compromissos, com quem se pode contar nos momentos difíceis e em defesa das causas justas.