Jornalismo e ‘jornalismo’
12 de Maio de 2022: a jornalista Shireen Abu Akleh, da AlJazeera, é morta a tiro em Gaza por um atirador de elite da tropa sionista.
24 de Março de 2025: o jornalista Hassam Shabat, da AlJazeera, é morto em Gaza por um projéctil apontado à viatura em que se deslocava. Esta estava claramente identificada com o nome e o logótipo da estação.
Entre um assassínio e outro, cerca de 200 jornalistas palestinianos ou presentes no terreno foram mortos. Uma parte vítimas dos bombardeamentos indiscriminados levados a cabo por Israel. Muitos outros alvo, como estes o foram, de assassínio selectivo. Hassam Shabat revelou: «vestimos colete e capacete que nos identifica, mas isso é algo que nos põe em perigo porque as forças israelitas atacam deliberadamente jornalistas». A sua última comunicação: «se estiverem a ler isto, isso significa que estarei morto – muito provavelmente alvejado – pelas forças de ocupação israelitas.»
Israel proíbe a entrada em Gaza a jornalistas estrangeiros, e assassina selectivamente quantos estejam no terreno. Teve a desvergonha de acusar Shabat de «atirador de elite do Hamas» (“sniper”). Os assassinos continuam impunes em todo este morticínio dirigido.
A máquina de guerra sionista (tal como a dos seus aliados EUA/NATO/UE) só tolera um “jornalismo”: o que lhe dá justificação e cobertura sejam quais forem os crimes que cometa ou planeie cometer. O outro, o que procure informação e realidade factual, que aponte crimes e horrores da guerra, que mostre a morte concreta de cada vítima real, verdadeira e ensanguentada é para excluir, censurar e, se necessário, assassinar.
Gaza tem sido, apesar de toda a ocultação tentada, um «genocídio em directo». Graças a estes autênticos heróis e mártires, símbolos daquilo que o jornalismo tem de melhor e mais digno. O que, por cá, está em brutal contraste com certas coisas abjectas que pretendem passar por jornalismo.