Compensar o trabalho por turnos e as profissões de desgaste rápido

Paulo Raimundo contactou com os trabalhadores da Autoeuropa no âmbito da acção nacional «Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor». O trabalho nocturno e por turnos, o desgaste e as doenças daqueles trabalhadores estiveram em destaque.

As doenças profissionais aumentam na Autoeuropa

Com o Secretário-Geral estiveram outros dirigentes do Partido e membros da célula dos trabalhadores comunistas daquela empresa, amplamente conhecidos e prestigiados junto dos seus colegas. Para além da afirmação da acção nacional e dos seus objectivos, já alvo de iniciativas anteriores, distribuíram a mais recente edição do boletim «O Faísca», que destaca a iniciativa sindical pelo reconhecimento do desgaste rápido na indústria.

No boletim salienta-se que 2024 foi «o melhor ano de produção desde o final da pandemia e o segundo melhor ano de sempre», com 236.100 automóveis produzidos. Ao mesmo tempo que, denuncia-se, «cada vez mais aumenta o número de trabalhadores de baixa médica, abrindo caminho para a precariedade da VW em Palmela, através do recurso a trabalhadores temporários com contratos precários e, a troco de mais uns parcos euros, os da “casa” queimam as folgas para tapar as ausências, o que espelha bem o aumento e intensificação da exploração». Os que resistem nas linhas de produção, acrescenta-se, «têm como melhor amigo os analgésicos e os comprimidos para dormir», dados os ritmos impostos nas linhas de produção e a penosidade dos turnos.

Nuno Santos, da célula do Partido, destacou ao Avante! a penosidade dos horários ali praticados: 24 horas por dia durante a semana (em três turnos), e das 7h00 às 00h00 aos sábados e domingos (em dois turnos). Apesar disso, o aumento salarial verificado em 2025 foi de apenas 3 por cento, num mínimo de 50 euros. O sindicato, realçou, exige pelo menos mais 100 euros e o horário de 35 horas semanais.

Em destaque esteve também a petição promovida pela Fiequimetal, já entregue com 13 mil assinaturas, e que aguarda discussão parlamentar. Para esse dia, ainda não marcado, está prevista uma concentração junto à Assembleia da República, informou o trabalhador comunista. A federação sindical reclama o reconhecimento de profissão de desgaste rápido a trabalhadores de várias indústrias – automóvel, química, metalúrgica, entre outras.

Justa valorização
Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo referiu-se a todas estas situações e reclamou formas de compensação para quem trabalha por turnos ou em profissões de desgaste rápido. E acusou o Governo de querer dificultar ainda mais o acesso à reforma antecipada: «quer que estes trabalhadores trabalhem até ao fim da vida.» Para o dirigente comunista, são os trabalhadores – estes e todos os outros – que produzem, que fazem crescer a nossa economia e as exportações, pelo que é justo que possam viver melhor, com salários valorizados e direitos reforçados.

Há muito que o PCP defende a limitação do trabalho por turnos, nocturno ou em laboração contínua a situações excepcionais, dado o impacto que tem na saúde dos trabalhadores (desde logo ao nível do sono), bem como na sua vida familiar e social e na sua participação associativa. Num folheto produzido no âmbito da acção nacional, em distribuição em empresas onde são generalizadas estas formas de trabalho, o PCP garante não ser inevitável «o trabalho por turnos para sectores não essenciais».

Já para os sectores essenciais, os comunistas defendem a fixação e o cumprimento dos horários de trabalho, o respeito pelos tempos de descanso, melhores condições de pagamento e compensação pelo trabalho prestado, possibilidade de articulação da vida pessoal com a actividade laboral e direito à antecipação da reforma para quem trabalha à noite. Muitas destas propostas têm esbarrado, ao longo dos anos, na oposição dos partidos da política de direita, favorecendo os que intensificam a exploração e os ritmos de trabalho para aumentar lucros.

 

Voz aos trabalhadores da Autoeuropa

«O maior desgaste que nós temos ao trabalhar por turnos é a dificuldade de voltar a repor os sonos depois do turno da noite. Não é fácil voltar a dormir uma noite completa e com o passar do tempo torna-se ainda mais difícil. (…) A minha mulher trabalha das 9 às 17h00 e eu procuro descansar para poder trabalhar durante a noite. Não sobra muito para fazermos alguma coisa juntos, em família.»

«No último ano os ritmos têm sido muito intensos na Autoeuropa, por causa dos turnos, das trocas e dos horários. Tenho dois filhos, um com 4 e outro com 2 anos e é complicado estar com eles e dar-lhe a atenção que eles precisam e merecem. O cansaço torna isso muito difícil.»

 



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