A histeria da UE
A China é o «adversário estratégico» dos EUA
Os desenvolvimentos estão a ter lugar a um ritmo alucinante, apanhando alguns desprevenidos, entre os quais, e de forma surpreendente, a própria União Europeia. Também não é para menos, dada a evidência dos factos e as dificuldades que esta tem na sua «digestão».
Anunciava-se um reposicionamento táctico da nova Administração norte-americana quanto às relações externas dos EUA, na linha do que se verificou no primeiro mandato de Trump, marcado pelo enfoque na guerra comercial com a China e na tentativa de contenção do seu desenvolvimento – económico, social e tecnológico – e do seu crescente papel no plano internacional. Um reposicionamento táctico em que o imperialismo note-americano procura evitar o aprofundamento das relações entre a Rússia e a China, que encerram um imenso potencial, seja no plano bilateral ou multilateral. China que é apontada pelos EUA como o seu principal adversário estratégico.
Com tal cálculo, a Administração Trump está a encetar esforços no sentido de «corrigir» a prioridade dada ao confronto contra a Rússia promovida pela Administração Biden. Uma prioridade com a qual as grandes potências do G7, da NATO e da UE entusiasticamente se alinharam e subordinaram, promovendo até à náusea a apologia da confrontação contra a Rússia e empenhando-se na escalada da guerra – instrumentalizando o violento e xenófobo poder instalado na Ucrânia, que não hesitou em sacrificar o seu povo como carne para canhão –, com as suas desastrosas consequências e o sério perigo do desencadeamento de um conflito de ainda maiores e mais graves proporções.
Recorde-se que a Alemanha e a França, tendo assinado, como garantes, os acordos de Minsk (2014/15), declararam que o haviam feito para que se pudesse ganhar tempo para rearmar a Ucrânia, garantindo assim que esta tivesse condições para continuar a fazer a guerra. Já para não falar no papel do Reino Unido no boicote ao acordo alcançado em Istambul, entre a Ucrânia e a Rússia (2022), que teria permitido a não continuação da guerra. A UE e o RU sempre promoveram a instigação e o prolongamento da guerra e recusaram todas as iniciativas e apelos a uma solução política do conflito, para além de assumiram o enorme custo económico da imposição das sanções à Rússia e da escalada armamentista, que foram pagas à custa das condições de vida dos seus povos. Tudo sob a batuta e o gáudio da Administração Biden.
Daí a reacção histérica dos responsáveis da UE que, para não perderem a face perante os povos e o mundo, resistem a mudar de «chip», lançando-se numa fuga em frente, advogando a militarização da UE, como pilar europeu da NATO, o vertiginoso aumento das despesas militares e a corrida aos armamentos, acenando falsa e hipocritamente com a dita «ameaça russa» – um caminho que é contrário à paz, à segurança colectiva, à cooperação na Europa e no Mundo.
É necessário estar atento aos desenvolvimentos, nomeadamente quanto às possibilidades abertas pelas contactos e consultas preliminares entre a Rússia e os EUA, incluindo a abertura de negociações com vista a uma solução política para o conflito que se trava na Ucrânia, que obrigatoriamente deverão ter em conta as suas causas, logo, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa e o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.