Assinalados em luta os 91 anos da revolta de 18 de Janeiro

Com odesfile «Por mais salário, pelo fim da precariedade» e as intervenções sindicais junto ao monumento evocativo do 18 de Janeiro, ficou bem patente o valor do exemplo de 1934 para as lutas de hoje.

A coragem revelada em 1934 é exemplo estimulante para os combate actuais


As comemorações na Marinha Grande, promovidas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, iniciaram-se no dia 11 e terminam no sábado, dia 25. A partir das 14h30, no auditório do Sport Operário Marinhense, realiza-se uma tertúlia em homenagem a Sérgio Moiteiro, antigo coordenador do STIV e da União dos Sindicatos de Leiria e ex-membro do Comité Central do PCP, falecido a 25 de Outubro do ano passado.

O ponto alto da celebração ocorreu ao longo da manhã de dia 18. Como tem sido hábito, o sindicato da FEVICCOM/CGTP-IN organizou uma romagem aos cemitérios de Casal Galego e Marinha Grande, para depositar flores nas campas de participantes do movimento operário, presos pelo regime fascista.

Junto do cemitério da cidade partiu, pouco depois das 11 horas, em direcção à Praça do Vidreiro e ao monumento ao 18 de Janeiro, o desfile de trabalhadores, sob o lema «Por mais salário, pelo fim da precariedade», com participação de dirigentes e associados do STIV, um grupo de jovens, delegações da CGTP-IN e da União dos Sindicatos de Leiria, do movimento pela recolocação do monumento no centro da rotunda e da URAP (constituída pelo seu coordenador, José Pedro Soares, e vários dirigentes e activistas). À frente dos manifestantes desfilou o grupo de percussão Tocándar.

Junto do monumento teve lugar uma cerimónia pública, onde intervieram, entre outros, o coordenador do STIV, David Vergueira, e o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira. Além da situação dos trabalhadores e do País, foi reforçado o apelo à luta pela paz e, concretamente, na manifestação nacional que, nessa tarde, iria ter lugar em Lisboa.

Questionado pela agência Lusa, Tiago Oliveira desdramatizou os números apurados sobre despedimentos colectivos, observando que estão a verificar-se em sectores muito específicos, como o sector automóvel e os têxteis. «São realidades a que é preciso estarmos atentos» e a CGTP-IN «tem tentado alertar nesse sentido, porque nos temos deparado com muitos processos de insolvência de empresas que encerram e, no dia a seguir, estão a abrir novamente, com outro nome e com os mesmos postos de trabalho», comentou.

Alertou para «um falso alarmismo», que leve o Governo e o patronato a tentarem usar a ideia de que as empresas estariam a enfrentar problemas, para alegarem que os salários «não podem ter a valorização que tão bem merecem».

Movimento cívico
«Assinalar a acção dos heróis do 18 de Janeiro é afirmar os valores de Abril e, simultaneamente, exigir a urgente elevação geral dos salários, das pensões e reformas, a defesa dos serviços públicos, como a saúde e a educação, e a garantia do direito a uma habitação digna e acessível a todos», realçou o movimento cívico pela reposição do monumento ao movimento operário do 18 de Janeiro de 1934 no centro da Praça do Vidreiro.

Ao apelar à participação nas comemorações, o movimento reiterou ser «incompreensível» que o monumento, já requalificado, permaneça na lateral. A recolocação no centro da praça dará «a devida dignidade e valorização a todos os participantes no movimento revolucionário» de há 91 anos.

 



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