“Pluralismos” pré-eleitorais

Falta cerca de um ano para as próximas eleições autárquicas e já está anunciado um candidato a presidente da Câmara Municipal de Lisboa. É João Ferreira, candidato da CDU. O anúncio surgiu num contexto em que muito se vinha especulando sobre o quadro de candidaturas em várias autarquias do País e, em particular, em Lisboa.

É um facto de inegável interesse noticioso: pelo que contribui para a clarificação das opções que serão colocados aos eleitores da cidade no próximo ano (entre um caminho em que a maioria actual – PSD/CDS – e a anterior – PS – foram convergindo nas decisões decisivas, e a verdadeira alternativa pelo direito à cidade), porque é o primeiro passo da candidatura de uma das forças políticas mais relevantes em Lisboa, com responsabilidades de gestão autárquica no passado e no presente, e porque a CDU é a grande força de esquerda no Poder Local, assumindo a presidência de 19 câmaras municipais, mais de uma centena de juntas de freguesia e milhares de eleitos autárquicos em todo o País.

A descrição pode parecer demasiado exaustiva mas é útil para perceber o alcance do silenciamento de que foi objecto o anúncio da CDU, particularmente quando se vêm multiplicando peças especulativas sobre putativos candidatos de outras forças.

Como é marca da CDU, o anúncio da candidatura foi marcado por um comício de rua, em pleno centro da cidade, com uma grande participação, em que João Ferreira interveio. Dessa intervenção, não há qualquer referência nas edições em papel dos jornais nacionais do dia seguinte, sobrando apenas a publicação do texto da Agência Lusa por parte do Público e do Jornal de Negócios. No caso do Público com recurso a uma fotografia de arquivo, de um comício da CDU nas últimas legislativas, no caso do Jornal de Negócios com uma opção reveladora: como na intervenção é feita a crítica à gestão liderada por Carlos Moedas, a fotografia escolhida é do actual presidente da Câmara.

É conhecida a proximidade entre a prática de Moedas como presidente da Câmara Municipal de Lisboa e os interesses dos negócios na cidade, mas seria de esperar que aquele jornal não levasse tanto à letra o seu próprio nome. Já nas televisões, nem para João Ferreira nem para Paulo Raimundo (que também interveio) foi encontrado espaço, nem nos noticiários em sinal aberto nem nos canais ditos de notícia. A este propósito registe-se ainda que tanto a RTP3 como a CNN (estações que nem equipas destacaram para a cobertura do comício – já tinham decidido que não o tratariam a priori) nos dias seguintes, dedicaram longos minutos a uma autêntica sessão de propaganda de um porta-voz da tropa israelita, fardado a rigor, em entrevista em que, mesmo sem um esboço de contraditório, os respectivos pivôs foram tratados com o mesmo estilo de intervenção que é usado na Palestina ou no Líbano: assassino.

Por fim, fica a nota que destoa: a TSF foi o único órgão de comunicação social nacional a fazer notícia do comício da CDU. Mais um dia negro para o pluralismo informativo em Portugal.

 



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