Por um parto seguro e de qualidade
No mesmo dia em que o PCP deu uma importante conferência de imprensa sobre a situação nas maternidades em Portugal, a que o Avante! dá justamente destaque, o Público trazia na primeira página a fotografia de um recém-nascido sob o título «urgências fechadas – em dois meses, o SNS transferiu 42 grávidas para maternidades privadas». No desenvolvimento da notícia ficamos a saber que esses 42 casos são todos da região de Lisboa e Vale do Tejo e que os hospitais privados que receberam as grávidas eram dos grupos CUF, Luz e Lusíadas.
Se dúvidas houvesse da afirmação que o PCP faz de que o principal beneficiado com estes encerramentos intermitentes – que não têm só a duração deste Governo e que responsabilizam igualmente os governos do PS – é o sector privado, essa notícia do Público esclarece-as. Às maternidades privadas interessam as gravidezes e os partos de baixo risco, recorrem às cesarianas para melhor gerir os “recursos” – sabe-se que 2 em cada 3 partos no privado são por cesariana, prática com maiores contra-indicações para as mulheres e para os bebés -, descartam os casos complicados.
As notícias a que assistimos nos últimos dias são o retrato vivo do que já se sabia que ia acontecer. Grávidas de Leiria com partos agendados no Porto, grávidas do Seixal que vão ter os bebés em Abrantes, relatos de mulheres em trabalho de parto que vão a três urgências e só conseguem assistência na última. A solução do Governo, espremendo bem, é um número de telefone.
Gravidez não é doença, costuma dizer-se. E não é. Mas é um período da vida das mulheres, principalmente quando o parto se aproxima, em que o que mais se quer é segurança e confiança. Saber onde se vai ter o bebé, onde se recorre em caso de dúvida ou numa aflição, conhecer os profissionais, estar perto de casa para ter o apoio da família, é fundamental para que o parto tenha a segurança e a qualidade necessárias, mas também para que a mulher se sinta respeitada e nas melhores condições para acolher o bebé.