Contrastes gritantes
Já todos sabíamos que a política de direita é geradora de grandes desigualdades sociais, dado que garante que a exploração prossiga (e até se aprofunde), que os lucros acumulados pelos grupos económicos e financeiros atinjam níveis escandalosos, sempre à custa dos baixos salários e das baixas pensões, do aumento do custo de vida para a imensa maioria dos portugueses.
Ora, soubemos agora que os cinco maiores bancos tiveram lucros, nos seis primeiros meses deste ano, de cerca de 2,6 mil milhões de euros (ou seja, 14,2 milhões de euros por dia).
Mas soubemos mais: que das 16 empresas cotadas em bolsa (PSI) 13 (3 só divulgarão os resultados mais tarde) lucraram cerca de 17 milhões de euros por dia, nestes seis meses.
Entretanto, o Governo anunciou que irá reduzir o IRC. Sensibilizado pelo «extraordinário esforço» que o capital monopolista faz com «tão pesada carga fiscal» (para usar a mistificação ideológica com que gostam de encobrir a natureza de classe da sua política) decidiu beneficiar os principais grupos económicos aliviando-os na «módica» quantia de 4,5 mil milhões de euros em quatro anos.
É com este cenário de fundo que todos nos lembramos da descarada resposta do primeiro-ministro na AR quando confrontado pelo Secretário-Geral do PCP com a necessidade de aumentar os salários: «não há dinheiro!».
Não há dinheiro, para quem?… Só não há dinheiro, de facto, para os trabalhadores, os que produzem a riqueza. Mas há dinheiro – e muito! – para os grupos económicos. Para esses, é mesmo um «fartar vilanagem», como diz o povo.
Mas, da política de direita (pelas mãos do PSD/CDS, do PS, Chega ou IL), que outra coisa seria de esperar?…
É por isso que, do PCP, só podem esperar estímulo à luta dos trabalhadores e das populações e a insistência na necessidade de uma política alternativa que valorize o trabalho e os trabalhadores, que, entre muitas outras medidas, aumente os salários e as pensões.
Será que não dá para perceber que a colossal fortuna de uns são as dificuldades e a pobreza dos outros?...