78 mil toneladas de bombas lançadas sobre a Faixa de Gaza
Ignorando as manifestações por todo o mundo, incluindo em Israel, rejeitando as propostas de cessar-fogo e desafiando as decisões do Tribunal Internacional de Justiça, Israel continua a contar com o apoio dos EUA e de outras potências da NATO e da UE na sua guerra genocida contra o povo palestiniano.
O calendário eleitoral nos EUA pode ter forçado à apresentação da proposta
As forças armadas israelitas lançaram 78 mil toneladas de bombas sobre a Faixa de Gaza desde o início da sua agressão, em Outubro de 2023, que causaram, além de dezenas de milhares de mortos, feridos e desaparecidos, prejuízos económicos estimados em 33 mil milhões de dólares.
Um relatório publicado em Ramala revela que, 240 dias volvidos, registam-se mais de 36 mil mortos, incluindo 15 mil crianças, 147 jornalistas, 70 membros do pessoal de socorro e 498 trabalhadores do sector da saúde. A eles juntam-se cerca de 10 mil desaparecidos e quase 83 mil feridos, dos quais 11 mil necessitam de viajar urgentemente para receber tratamento no estrangeiro.
Passados quase oito meses, um milhão e 95 mil palestinianos da Faixa de Gaza sofreram de doenças infecciosas em consequência das deslocações forçadas e más condições de vida, incluindo 20 mil casos de hepatite viral. Hoje, 60 mil grávidas estão em risco por falta de atenção médica, além de 350 mil doentes crónicos que não têm acesso a medicamentos. Cerca de dois milhões de pessoas deslocadas naquele território vivem em centros de asilo e escolas numa situação humanitária e sanitária muito difícil. Segundo o relatório, as forças ocupantes prenderam cinco mil palestinianos na Faixa de Gaza.
Quanto a prejuízos materiais, o documento indica que foram destruídos pelas forças militares israelitas 192 edifícios governamentais e 109 escolas e universidades, enquanto outras 318 sofreram danos. Foram completamente arrasadas 88 mil e 300 habitações e danificadas outras 303 mil.
Nesta guerra genocida contra os palestinianos, as tropas israelitas atacaram 35 hospitais e 55 centros de saúde em toda a faixa e destruíram pelo menos 131 ambulâncias.
A Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm avisado que a população palestiniana na Faixa de Gaza vive uma emergência sanitária e alimentar sem paralelo.
500 palestinianos mortos na Cisjordânia
Mais de meio milhar de palestinianos foram assassinados pelas forças israelitas na Cisjordânia, desde Outubro do ano passado, assegurou o alto comissário para os Direitos Humanos da ONU.
Tal como na Faixa de Gaza, o povo palestiniano na Cisjordânia também está submetido, dia após dia, a um derramamento de sangue sem precedentes. «É impensável que se tenham tirado tantas vidas de maneira tão desenfreada», afirmou o diplomata, considerando inaceitáveis as matanças, a destruição e as violações generalizadas dos direitos humanos por parte de Israel.
De acordo com a oficina do alto comissário da ONU, as tropas ocupantes levaram a cabo, nestes últimos oito meses, operações com ataques aéreos e lançamento de mísseis contra campos de refugiados e outras zonas palestinianas densamente povoadas.
Solução ou oportunismo?
Muito se falou, nos últimos dias, de uma proposta de cessar-fogo em três fases apresentada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas por EUA, Egipto e Catar, que estaria a ser analisada por Israel e pela resistência palestiniana. Os contornos finais da proposta não são ainda conhecidos. Em Israel, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Ben Gvir, de extrema-direita, ameaça romper a coligação de governo se Netanyahu não os revelar.
A proposta surge a meses das eleições norte-americanas, com Biden cada vez mais encurralado entre o seu apoio incondicional a Israel e o descontentamento crescente, entre sectores apoiantes do Partido Democrata, com os crimes cometidos pelas forças israelitas na Faixa de Gaza. Entretanto, os líderes do Senado dos EUA, liderado pelos Democratas, e da Câmara dos Representantes, maioritariamente Republicana, convidaram o primeiro-ministro israelita para discursar numa reunião conjunta do Congresso, já aceite.