Continuar a agir e a lutar pela Madeira
A perda da representação parlamentar da CDU na Madeira «é o factor que pesará mais negativamente na vida política da Região e em particular na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo», salientou o Secretário-Geral do PCP.
«Disparidade de meios relativamente a outras candidaturas»
Numa declaração proferida, domingo, na sede nacional do Partido, Paulo Raimundoreferiu que no resultado da CDU terão pesado factores de dispersão relativos aos que estava em causa nestas eleições.
«As circunstâncias em que estas eleições se realizaram, num quadro específico caracterizado pela dissolução da ARRAM e pela convocação de eleições antecipadas por iniciativa do Presidente da República, em que os aspectos associados à dissolução se sobrepõem ao conjunto da apreciação da política desenvolvida e às opções para o futuro, foram aproveitados pelo PSD para se vitimizar, travando uma descida ainda mais significativa» e «por outras forças para empolar artificialmente diferenças e ocultar a sua convergência com a política que tem sido seguida», sustentou.
Operação continuada
Relativamente ao resultado da CDU, o Secretário-Geral do PCP frisou que «não é separável de uma operação continuada, muitas vezes subterrânea, procurando fazer opinião com base em elementos alheios» à sua «intervenção concreta» e «papel real». «Teve assim peso a acção desenvolvida para a subestimação e desvalorização da importância e do papel único e diferenciador da acção da CDU na ALRAM, em estreita ligação com os interesses dos trabalhadores e da população da região», referiu o dirigente, sublinhando que «a construção» do resultado da Coligação PCP-PEV «teve de enfrentar uma imensa disparidade de meios relativamente a outras candidaturas, a discriminação e a desvalorização».
No entanto, acrescentou, «o facto da CDU não ter atingido os seus objectivos não anula o valor da acção de esclarecimento e mobilização de uma campanha assente numa extraordinária disponibilidade e militância das muitas dezenas de candidatos e activistas» desta força política.
Quase a terminar, Paulo Raimundo assegurou que os trabalhadores e o povo madeirense e portossantense pode continuar a contar com a CDU, prejudicada na sua intervenção na ALRAM, mas com a acção, a determinação e a coragem que a caracteriza em todos os espaços e situações onde é preciso agir e lutar».
Prosseguir o combate
A mesma certeza foi manifestada por Edgar Silva, Coordenador Regional do PCP, que prometeu prosseguir com o «combate» desenvolvido. «O povo contará com menos meios para a defesa das suas justas reivindicações» e, fora do Parlamento, a Coligação PCP-PEV terá «menos meios de intervenção política», afirmou, recordando que «não é novo» o facto de a CDU ter perdido representação parlamentar, o que não acontecia desde 1988.
As eleições deste domingo foram ganhas pelo PSD, que elegeu 19 deputados. Seguiu-se o PS com 11 deputados, o JPP que subiu para nove deputados, o Chega conseguiu quatro, o CDS-PP dois e a IL e o PAN elegeram um representante cada.
Incoerência e inconsequência
Sobre o anúncio ao País de uma «solução governativa» apresentada por PS e JPP na segunda-feira, a Comissão Executiva da Direcção da Região Autónoma da Madeira do PCP – em nota de 28 de Maio – considera que a mesma «não pode ser levada a sério», sendo uma «manifestação demagógica, concebida para consumo mediático sem qualquer consequência, desprovida da mínima coerência». PS e JPP «apresentaram-se como “alternância” com base numa solução que só é viável se envolver a direita mais liberal e o CDS – partido que acaba de estar coligado nos últimos anos com o PSD», o que põe «a nu a incoerência total desta iniciativa». «Mais do que qualquer vontade de oposição ao PSD, o que sobra deste “número” que PS e JPP quiseram fazer é, de facto, uma confissão antecipada de cobertura política à governação do PSD», garantindo, dessa forma, a «estabilidade» ao Governo e à «política de desastre» contra os trabalhadores, o povo e a Região.
Agravamento da política de injustiças
Para o Secretário-Geral do PCP, o resultado alcançado pelo PSD nestas eleições «é inseparável da utilização de instrumentos e dinheiros públicos e de uma atitude do Governo Regional para condicionar os eleitores, esconder as injustiças, desigualdades, a exploração e o empobrecimento que caracterizam a sua política, procurando fazer-se de vítima face a práticas ilícitas e danosas que o processo de investigação» por suspeitas de corrupção «evidenciou e que conduziu à convocação de eleições antecipadas».
«Independentemente de acordos de ocasião, perspectiva-se a continuação e até o agravamento da política de injustiças e desigualdades que tem marcado a governação regional em prejuízo das condições de vida do povo e do desenvolvimento da Madeira», salientou.
O resultado obtido «por outras forças» explica-se «pela sua promoção e pela projecção mediática da sua mensagem demagógica e populista, bem como pela instrumentalização de sentimentos de insatisfação e revolta acumulados por anos de governação do PSD, em que se inclui a promoção do JPP num sentido demagógico e regionalista», disse Paulo Raimundo, registando também «uma canalização de votos de sectores descontentes com a actual liderança do PSD, que encontram refugio em forças que para além de falsa auto-proclamação de serem “alternativas”, partilham aquelas que são as opções da actual maioria e não as porão em causa».
Região desprotegida
Também o Partido Ecologista «Os Verdes» (PEV) considera que os resultados obtidos pelo PSD e «por outras forças de direita e populistas» continuam a deixar a Região Autónoma «desprotegida em termos de justiça social e ambiental» e «nas mãos dos grandes interesses económicos», que comprometem o «desenvolvimento sustentável, equilibrado e justo» da ilha.
Uma situação «agravada» pela perda de representação parlamentar da CDU, «a única força política que claramente tem confrontado, ao longo de anos, estes interesses instalados com uma acção contínua na defesa das populações e dos mais desprotegidos e do património natural e cultural», entende o PEV.