25 de Maio, Dia da África
A 25 de Maio de 1963, faz agora 61 anos, 32 chefes de Estado e de governo da África, após longos debates preparatórios, reuniram-se em Adis Abeba, a capital etíope, e criaram a Organização da Unidade Africana (OUA). A data é celebrada, ainda hoje, como Dia da África.
Os fundadores da OUA, entre eles dirigentes progressistas como Kwame N’Krumah, do Gana, Modibo Keita, do Mali, Abdel Nasser, do Egipto, e Sekou Touré, da Guiné, proclamaram os objectivos a atingir, entre os quais intensificar a cooperação entre os Estados da África para acelerar o desenvolvimento dos seus povos; defender a independência, soberania e integridade territorial dos Estados africanos; e apoiar a luta no continente pela liquidação do colonialismo e dos regimes racistas.
No seguimento dos combates emancipadores dos povos também em África, que ganharam novo ímpeto após a II Guerra Mundial com a vitória da URSS e aliados «ocidentais» sobre o nazi-fascismo, a criação da OUA foi um marco histórico no movimento de libertação nacional africano.
Por exemplo, nas antigas colónias «portuguesas» em África, o MPLA em Angola, o PAIGC na Guiné e em Cabo Verde, a FRELIMO em Moçambique e o MLSTP em São Tomé e Príncipe receberam, nas suas lutas independentistas, ajuda diversa – política, diplomática e material – do Comité de Libertação da OUA.
No início do nosso século, 54 dos 55 países africanos tinham conquistado a sua independência (a excepção é o Sahara Ociental, ainda sob domínio colonial marroquino) e decidiram substituir, a partir de 2002, a OUA pela União Africana (UA), numa linha de continuidade. Os principais propósitos estabelecidos foram alcançar uma maior unidade, coesão e solidariedade entre os países e as nações do continente; defender a soberania, integridade territorial e independes dos Estados membros; e acelerar a integração política, económica e social da África.
Hoje, sendo inegáveis os avanços da África independente nas últimas décadas, em todos os domínios, os africanos continuam a enfrentar problemas, muitos deles legados de séculos de exploração e domínio pelas potências europeias – problemas como a fome, a pobreza, as doenças, o subdesenvolvimento, a dependência, o terrorismo, as guerras que provocam milhares de vítimas e milhões de deslocados e refugiados, como as que devastam, neste momento, o Sudão, países do Sahel ou zonas do leste da República Democrática do Congo.
Mas de África chegam também, nos últimos tempos, notícias animadoras, anunciando um futuro melhor para os povos do continente.
Países como o Senegal rompem laços de dependência neocolonial e, em eleições democráticas, escolhem alternativas progressistas. Países como o Mali, o Burkina Faso, o Níger – que têm em comum serem governados por juntas militares, terem expulsado tropas estrangeiras (francesas e norte-americanas) dos seus territórios – manifestam vontade de consolidar a sua independência e decidirem soberanamente a forma como aproveitam as suas riquezas, no interesse dos seus povos.
Rejeitando as relações neocoloniais que lhes foram impostas após as independências, os africanos optam, cada vez mais, por tomar nas suas mãos o seu destino e avançarem pelos caminhos do progresso social, do desenvolvimento e da paz.