Aeroporto em Alcochete é o que melhor serve o País
O Governo aprovou, anteontem, a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa em Alcochete, seguindo a recomendação da Comissão Técnica Independente. Esta é a solução que o PCP sempre defendeu e melhor serve os interesses do País.
«A urgência está na construção faseada» no novo aeroporto»
«A solução Alcochete é a que favorece mais a necessidade que temos» e a que «corresponde às necessidades do País», disse Paulo Raimundo, no Porto, horas antes de a decisão ter sido anunciada.
O novo equipamento – que terá a designação de Aeroporto Luís de Camões – será localizado no Campo de Tiro de Alcochete (CTA), substituindo, de forma integral, o Aeroporto Humberto Delgado, que, até lá, sofrerá obras de expansão. António Filipe, deputado do PCP na Assembleia da República, frisou que a «prioridade» que é dada ao alargamento da capacidade do actual aeroporto «não é um bom sinal» em relação às prioridades estabelecidas pelo Governo. «A questão fundamental para o PCP é que prevaleça o interesse nacional e não os interesses da multinacional que actualmente tem a concessão dos aeroportos nacionais», a ANA, integrada na VINCI Airports, salientou António Filipe, deixando uma interrogação: «qual será a co-responsabilização da concessionária na construção do futuro aeroporto?».
Esta cedência aos interesses da concessionária é criticada em nota do Gabinete de Imprensa do PCP de 15 de Maio, onde se salienta que «o atraso» da decisão do novo aeroporto «é inseparável do criminoso processo de privatização da ANA que o anterior governo do PSD/CDS concretizou, e que os anteriores governos do PS insistiram em manter», sobre o qual os comunistas têm reivindicado que seja objecto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
Para o Partido, «a urgência está na construção faseada» no novo aeroporto no CTA, «colocando-o a funcionar tão rápido quanto possível em vez de alargar a capacidade da Portela e prolongar o período de actividade de um aeroporto que continua a crescer dentro da cidade de Lisboa, com todos os riscos e impactos que daí decorrem». Para responder às «necessidades imediatas», propõe «o pleno aproveitamento de infra-estruturas existentes e em funcionamento como é também o Aeroporto de Beja».
«Na prática e como se pode inferir das especificações adiantadas pelo ministro das Infra-estruturas na apresentação da decisão, o Governo PSD/CDS, tal como fizeram governos anteriores, continua a colocar nas mãos da multinacional Vince a capacidade de condicionar a concretização de um investimento que é estratégico e urgente para o País», acusa o PCP, que não aceita «mais manobras dilatórias» e, como tem dito, «os recursos para a construção do novo aeroporto de Lisboa estão nas receitas aeroportuárias que não param de crescer».
O presidente da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Coutinho, alertou, entretanto, para o facto de ser necessário um conjunto de intervenções, sobretudo na rede rodoviária, para «evitar o colapso no tráfego automóvel».
Investimentos necessários
O Conselho de Ministros decidiu ainda mandatar a Infra-estruturas de Portugal para concluir os estudos para a construção da Terceira Travessia do Tejo e da ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid, há muito defendidas pelo PCP.
A Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) e os seus municípios associados lembram que os investimentos constam no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal (PEDEPES) e, ao longo dos últimos 16 anos, foram desenvolvidas múltiplas iniciativas evidenciando a sua pertinência para o interesse nacional e para o desenvolvimento da Região. «Estas infra-estruturas são essenciais para o País e terão um enorme impacto na região, sendo que para a sua implementação é imprescindível o envolvimento dos municípios», refere a AMRS, que já solicitou uma reunião ao primeiro-ministro.