EUA e França procuram manter bases militares no Chade

O Chade, país centro-africano que acolhe bases militares da França e dos EUA, organizou eleições presidenciais no dia 6 de Maio, depois de anos conturbados, e procura agora estabilizar a situação no plano político. O até agora primeiro-ministro chadiano, Succès Masra, candidato da oposição, não aceitou os resultados oficiais e recorreu para o Conselho Constitucional.

Masra, que ficou em segundo lugar, revelou que pediu a revisão da contagem dos votos.

As eleições da semana passada foram ganhas, segundo anunciou a Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE), pelo presidente interino, general Idriss Déby Itno, com 61,03 por cento. Masra obteve, de acordo com os números oficiais, 18,5 por cento dos votos. Em terceiro lugar ficou o antigo primeiro-ministro Alber Pahimi Padacké, que conseguiu 16,9 por cento dos votos.

Déby Itno, com 40 anos, contou com o apoio da coligação «Por um Chade Unido», que abrangeu mais de 200 partidos e movimentos políticos, enquanto Masra, da mesma idade, concorreu suportado por uma aliança de três dezenas de forças da oposição, «Os Transformadores».

Em Abril de 2021, apoiado pela França, Déby Itno acedeu ao poder, num golpe militar, depois da morte do seu pai, o então presidente Idriss Déby, ocorrida durante combates entre o exército nacional e milícias da Frente para a Alternância e a Concórdia.

O oposicionista Masra, ex-director executivo do Banco Africano de Desenvolvimento, tinha prometido durante a campanha eleitoral criar mais postos de trabalho, com prioridade para os jovens, e facilitar o acesso à electricidade, à água e à segurança para todos.

Com cerca de 18 milhões de habitantes, o Chade é um país exportador de petróleo e Estados «ocidentais» como a França e os EUA mantêm contingentes militares no seu território, a pretexto do combate contra os terroristas que actuam na faixa do Sahel, associados, uns, ao «Estado Islâmico» e, outros, à rede da Al Qaeda.

Países oeste-africanos em defesa da soberania

No início de Maio, poucos dias antes das eleições, os dirigentes do Chade receberam em N´djamena o general Michael Langley, chefe do Africom, o comando militar norte-americano para África. Diversas fontes informaram então que tinham sido entabuladas conversações sobre a revisão do acordo que permite aos EUA manter uma base militar no Chade, cujo governo pôs em causa a legalidade das operações das tropas norte-americanas no país.

Recentemente, as autoridades de três países oeste-africanos, o Mali, o Burkina Faso e o Níger, governados por militares, manifestaram a vontade de recuperar a sua soberania nacional, rejeitaram as práticas neocolonialistas de Paris e expulsaram as tropas expedicionárias francesas estacionadas nos seus territórios, acusando-as nada fazer para combater os grupos extremistas no Sahel. Em Niamey, os dirigentes nigerinos foram mais longe, anularam o acordo de cooperação militar com Washington e pediram a retirada das forças norte-americanas, presentes numa base aérea na capital e numa outra base, em Agadez.

Ao mesmo tempo, segundo a imprensa africana, o Mali, o Burkina Faso e o Níger passaram a privilegiar a Rússia nas suas relações de cooperação política, económica e militar. Esses e outros países retomam assim laços existentes com Moscovo desde finais dos anos 50 do século passado, no quadro do apoio da União Soviética às lutas de libertação nacional em África.

 



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