Relações entre China e Estados Unidos atingem «um ponto crítico»

Ao mesmo tempo que re­força as re­la­ções po­lí­ticas e eco­nó­micas com países da Eu­ropa, Pe­quim de­fende que a China e os EUA devem ser par­ceiros e não ad­ver­sá­rios e acusa Washington de estar agar­rado a ló­gicas da «Guerra Fria» e de ver as re­la­ções glo­bais através de uma lente he­ge­mó­nica.

O ob­je­tivo dos EUA nas re­la­ções com a China «não é a co­o­pe­ração mas sim a con­tenção», acusa Pe­quim

Com uma agenda fo­cada em pro­mover «a co­o­pe­ração prag­má­tica e a con­fi­ança po­lí­tica mútua» no con­texto de um com­plexo ce­nário in­ter­na­ci­onal, o pre­si­dente da China, Xi Jin­ping, vi­sitou na se­mana pas­sada três países eu­ro­peus, a França, a Sérvia e a Hun­gria. De­pois de Paris, foi aco­lhido em Bel­grado e Bu­da­peste com grande sim­patia.

O go­verno chinês, ao mesmo tempo, cri­ticou as mais re­centes san­ções anun­ci­adas pelos EUA contra quase 300 en­ti­dades in­ter­na­ci­o­nais e pes­soas, entre as quais 20 em­presas chi­nesas, por su­postos vín­culos com o sector mi­litar russo. Em Pe­quim, um porta-voz do Mi­nis­tério do Co­mércio rei­terou a opo­sição a este tipo de me­didas «sem fun­da­mentos le­gais in­ter­na­ci­o­nais e sem au­to­ri­zação do Con­selho de Se­gu­rança das Na­ções Unidas». Além disso, con­si­derou que estas ac­ções cons­ti­tuem «um tí­pico acto de in­ti­mi­dação uni­la­teral e co­erção eco­nó­mica», ao mesmo tempo que urgiu Washington a parar a re­pressão contra as em­presas chi­nesas.

O se­cre­tário de Es­tado dos EUA, en­tre­tanto, es­teve na China em fi­nais de Abril e, mal con­cluiu a vi­sita, vincou que o seu go­verno já impôs «san­ções a mais de 100 en­ti­dades chi­nesas, bem como con­trolos de ex­por­tação», e está pre­pa­rado para «tomar me­didas adi­ci­o­nais». Em pa­ra­lelo, o se­cre­tário da De­fesa norte-ame­ri­cano reuniu-se em Ho­no­lulu, ca­pital do Havai, com os seus pares ja­ponês, aus­tra­liano e fi­li­pino, para re­forçar aquilo a que os três chefes mi­li­tares cha­maram a «ca­pa­ci­dade co­lec­tiva» para con­frontar a China.

Co­men­tando tais de­cla­ra­ções, o jornal chinês Global Times des­taca que as ac­ções e de­cla­ra­ções de res­pon­sá­veis norte-ame­ri­canos, em es­pe­cial «a apli­cação sis­te­má­tica de uma es­tra­tégia com­pe­ti­tiva em re­lação à China», são os prin­ci­pais fac­tores da po­ten­cial ins­ta­bi­li­dade nas re­la­ções entre a China e os EUA.

Pe­quim tem afir­mado re­pe­ti­da­mente que a China e os EUA devem ser par­ceiros e não ad­ver­sá­rios e con­si­dera que «as re­la­ções entre a China e os EUA atin­giram um ponto crí­tico», já que Washington está a tentar com­petir «vi­go­ro­sa­mente» com a China. As re­la­ções entre a China e os EUA são com­plexas de es­ta­bi­lizar, in­siste, «uma vez que são vistas pelos EUA es­sen­ci­al­mente como um jogo de soma zero».

Para o jornal, os po­lí­ticos que ac­tu­al­mente ori­entam a es­tra­tégia dos EUA estão ainda agar­rados à ló­gica da «Guerra Fria», «vêem fre­quen­te­mente as re­la­ções glo­bais através de uma lente he­ge­mó­nica» e es­ta­be­lecem a China como um ad­ver­sário. «O seu ob­je­tivo não é a co­o­pe­ração, mas sim a con­tenção», acentua.

Es­creve o Global Times que «ser par­ceiros é do in­te­resse fun­da­mental tanto dos EUA como da China, pelas ten­dên­cias glo­bais de paz, e tornar-se ini­migo não é um fardo que ne­nhuma das partes, ou o mundo, possa su­portar». E re­alça que «nunca é de­mais su­bli­nhar a gra­vi­dade [da si­tu­ação] e o sig­ni­fi­cado da es­ta­bi­li­zação das re­la­ções entre a China e os EUA para a paz mun­dial».

 



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