Niger acusa França de preparar agressão

Os novos governantes em Niamey acusaram a França, em conluio com Costa do Marfim, Senegal e Benim, de estar a preparar uma agressão ao Níger. Advertiram que responderão a qualquer ataque ao país.

Paris está a concentrar tropas em países vizinhos do Níger

Os militares nigerinos anunciaram no sábado, 9, que dispõem de «várias informações sobre uma agressão» em preparação contra o Níger «por parte da França em colaboração com alguns países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental» (Cedeao).

O coronel Amadou Abdramane, da força aérea nigerina, declarou que a França está a concentrar veículos blindados e outro equipamento, incluindo aviões e helicópteros, e a reforçar o número de tropas na Costa do Marfim, no Senegal e no Benim. Paris dispõe de bases militares em Abidjan, Dakar e Cotonou.

O Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria, que governa o Níger, avisou que foram tomadas medidas para dar resposta a qualquer tipo de ataques. Conta com o apoio do Mali e do Burkina Faso, que se posicionam contra as ingerências francesas na região.

O presidente francês, Emmanuel Macron, falando em Nova Delhi, no final da cimeira do G20, refutou as acusações e negou que o seu país esteja a preparar uma agressão ao Níger. Voltou a pedir a libertação do ex-presidente do Níger, Mohamed Bazoum, afastado do poder pelos militares, em 26 de Julho, bem como o «restabelecimento da ordem constitucional».

Após a mudança do poder em Niamey, a Cedeao ameaçou intervir no Níger, mas não chegou a concretizar as ameaças.

A França mantém cerca de 1500 militares numa base aérea na capital nigerina, a pretexto da luta contra o terrorismo no Sahel. As novas autoridades do Níger já exigiram a retirada das tropas francesas, o que Paris tem recusado.

 

Níger aumenta
preço do urânio

Um dos principais actores a nível mundial na produção e comercialização de urânio, o Níger – por decisão do seu novo governo – aumentou o preço desse mineral de 0,82 dólares para 214 dólares por quilograma.

Desse modo, o Níger nivela o preço do seu urânio com os preços internacionais, tendo em conta que países como o Canadá, por exemplo, comercializam o urânio a cerca de 200 dólares.

O Níger é o quarto produtor mundial de urânio, com 2.248 toneladas anuais, segundo dados de 2021 da Associação Nuclear Mundial (WNA na sigla em inglês). Em 2022, o urânio explorado no Níger representou 20,2 por cento do total importado pela França.

Durante décadas, a multinacional francesa Areva (actual Orano), especializada em energia nuclear, explorou o urânio do Níger. Paris exerceu assim um papel dominante na produção e comercialização do urânio da sua antiga colónia, negociando aquele mineral a um preço que não reflectia, nem de longe, o seu valor real no mercado internacional.




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