Cimeira do G77 e China em Havana debate desafios do desenvolvimento
Decorre amanhã, sexta-feira, e no sábado, em Havana, uma cimeira do Grupo dos 77 e China, sob o lema «Os desafios actuais do desenvolvimento: papel da ciência, da tecnologia e da inovação». O grupo define-se como um fórum de «diálogo e concertação» dos países do Sul.
G77 e China abarcam 134 Estados e representam 80 por cento da população mundial
Dirigentes de vários países confirmaram a sua participação na Cimeira do G77 e China, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (Minrex) de Cuba. A reunião conta desde já com a presença dos presidentes do Brasil, Lula da Silva, da Argentina, Alberto Fernández, da Colômbia, Gustavo Petro, e das Honduras, Xiomara Castro.
Também confirmaram a sua participação os chefes de Estado da Bolívia, Luis Arce; de Moçambique, Filipe Nyusi; de Angola, João Lourenço; da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema; do Ruanda, Paul Kagame; do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe; do Iraque, Abdelratif Rachid; e do Laos, Thongloun Sisoulith. De igual modo, foi revelado que o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, participará na cimeira em Havana.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, desloca-se a Havana e intervirá durante os trabalhos da grande reunião multilateral. A Cimeira do G77 e China será uma oportunidade para se fazer ouvir «a voz do Sul Global» e a ONU advogará pelo uso da ciência e da tecnologia para garantir que o multilateralismo beneficie todos os países.
Segundo o Minrex, lograr as reivindicações históricas do G77 e China implica a construção de um mundo mais justo e inclusivo que privilegie a solidariedade e a cooperação internacionais. Este evento, acentua a diplomacia cubana, constitui uma oportunidade para continuar a avançar no diálogo e na concertação a partir do Sul e um espaço amplo e diverso para concertar estratégias de cooperação, vitais nestes tempos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, declarou recentemente que, face à crise mundial, a Cimeira é indispensável. E sublinhou que a reunião tem lugar num momento em que os países do Sul procuram caminhos para solucionar esses problemas num quadro de independência e soberania.
A reunião, convocada pelo chefe do Estado cubano e presidente temporário do G77 e China, Miguel Díaz-Canel, permitirá reforçar a unidade dos países membros, assim como decidir acções colectivas e práticas para enfrentar de modo eficaz os desafios contemporâneos.
A partir de Janeiro deste ano, Cuba assumiu, pela primeira vez, a presidência temporária do grupo, com o compromisso de fazer avançar os interesses comuns do Sul. Desde então, Havana coordenou várias reuniões ministeriais de sectores como educação, cultura e turismo.
Potenciar a cooperação
O G77 e China é a maior organização intergovernamental de países em desenvolvimento nas Nações Unidas e tem por objectivo potenciar a cooperação entre os seus membros.
Foi criado em 1964 com base na Declaração Conjunta dos 77, emitida no final do período de sessões da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em Genebra.
Os 77 Estados fundadores eram todos integrantes do Movimento dos Não Alinhados, organização que reunia países em desenvolvimento. Foi a primeira organização intergovernamental a agrupar países em desenvolvimento do hemisfério Sul tendo em vista promover os seus interesses colectivos.
A primeira reunião ministerial do G77 desenrolou-se em 1967 na Argélia e ali foi aprovada a Carta de Argel. Em 1992 a China juntou-se ao G77, embora coopere externamente.
Com 134 Estados membros, o G77 e China representa cerca de 80 por cento da população mundial e mais de dois terços dos membros da Organização das Nações Unidas.