Carreiras de informática defendidas com forte luta
Avanços insuficientes do Governo resultaram da determinação na luta, mas a greve de dia 24 manteve-se e teve forte adesão, mostrando trabalhadores mobilizados em defesa das carreiras de informática.
Apenas a força dos trabalhadores determinará avanços essenciais
«Vamos ver qual é o impacto que tem nas propostas do Governo e, caso não haja respaldo, com certeza que estes trabalhadores se mantêm disponíveis para continuarem a luta», assegurou Sebastião Santana, numa conferência de imprensa, ao fim da manhã de sexta-feira.
O coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais esteve acompanhado por dirigentes do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (José Correia), do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (Nuno Almeida), da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (Elisabete Gonçalves) e do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (Joaquim Rodrigues).
Como exemplos de «uma muito boa adesão» dos trabalhadores à greve, referiu diversas câmaras municipais com índices de 100 por cento, de Vila Real de Santo António a Chaves, passando por Seixal, Alcanena, Tomar ou Barreiro, citando ainda as câmaras de Évora e Loulé. Na Administração Central, indicou o Centro Hospitalar de Lisboa Central, com uma adesão de 100%, a Universidade do Algarve e a Universidade de Lisboa.
A participação na luta – que inclui a subscrição de um abaixo-assinado, em papel e online, a partir dos espaços dos sindicatos na Internet – revela a rejeição de posições que o Governo mantém, na sua proposta de revisão das carreiras de informática da Administração Pública, insistindo na «neutralidade orçamental». Esta, para os sindicatos, é uma expressão «muito cara» aos governantes, mas que «não se coaduna com a valorização objectiva dos trabalhadores». A proposta do Governo deixa de fora um grande número de trabalhadores, essenciais nos serviços, que estão na categoria de técnicos adjuntos e que ficarão sem qualquer perspectiva de evolução.
Numa saudação à luta dos trabalhadores, divulgada ontem, a FNSTFPS, o STAL e o STML reafirmaram que «forte adesão demonstra profundo descontentamento» e assinalaram que a greve levou ao «encerramento de muitos serviços autárquicos, por todo o País», com outros «a funcionar muito parcialmente», «à semelhança do que sucedeu nos serviços da Administração Central».
Para estes cerca de cinco mil funcionários – «um número muito reduzido para o quadro da Administração Pública», no entender dos sindicatos da CGTP-IN – é inaceitável a destruição das carreiras de informática, que resulta da proposta do Governo. Exige-se «uma negociação séria e transparente», que deverá garantir:
• Valorização imediata de todos os trabalhadores das diversas carreiras;
• Defesa de uma carreira pluricategorial;
• Garantia de integração dos trabalhadores da actual categoria de técnico de informática adjunto na carreira de técnico de informática;
• Consagração dos cargos de «responsável de segurança» e «responsável de ponto de contacto permanente»;
• Revogação do SIADAP e sua substituição por um sistema de avaliação justo.
Alguns avanços, considerados insuficientes, foram apresentados pelo Governo no dia 19. Uma nova reunião com os sindicatos, no âmbito da apreciação pública do projecto de diploma que não teve negociação prévia, está marcada para amanhã, dia 28.