Em Foz Côa como em todo o País na defesa do património os direitos contam

Valorizar o património nacional e inverter a política desastrosa dos governos dos últimos anos foram as tónicas gerais das iniciativas em que participou Paulo Raimundo neste fim-de-semana: uma visita ao Museu de Foz Côa, um comício em Seia e um convívio regional na Foz do Arelho, no distrito de Leiria.

As gravuras rupestres de Foz Côa são um património único a nível mundial

O dia de sábado começou cedo para a delegação do Partido que rumou ao distrito da Guarda. Com os rios Douro e Côa e as encostas preenchidas de vinha como pano de fundo, dirigiram-se a Vila Nova de Foz Côa. É ali, no Parque Arqueológico do Vale do Côa, que se esconde um dos mais valiosos patrimónios do País: a maior concentração de arte rupestre ao ar livre da época paleolítica conhecida no mundo está ali, em Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Meda.

Este não foi – longe disso! – o primeiro contacto que o Partido travou com aquela realidade. Logo em 1994, poucos anos depois da descoberta da primeira rocha gravada, os comunistas envolveram-se profundamente no processo de luta que travou a construção da barragem do Côa, que deixaria submerso uma boa parte de todo aquele património: em 1996, sob pressão popular e atendendo à importância artística e científica das gravuras, o governo de então acabou por abandonar a sua construção.

É em 2011, quatro anos após a construção do Museu do Côa e na sequência de vários anos de desresponsabilização pública, que se cria a Fundação Côa Parque, uma fundação pública de direito privado. Desde então, e com um orçamento cada vez mais reduzido, a situação do Côa tem-se agravado.

Foi este o cenário em que se realizou a visita do Secretário-Geral do PCP ao museu.

 

Precariedade em Foz Côa

Na delegação comunista, para além de Paulo Raimundo, estavam Vladimiro Vale, da Comissão Política, Cesaldina Robalo, do Comité Central e responsável pela Organização Regional da Guarda do PCP, e outros dirigentes locais e membros da célula do Partido no museu. Para além da visita guiada, foi a reunião entre a presidente do Conselho de Administração da Fundação e a delegação que marcou a manhã. Clara ficou a posição do PCP: acabar com a precariedade naquela instituição.

Com alguma sintonia no diagnóstico dos problemas entre a administração e os trabalhadores, surgiram relatos da profunda precariedade em que estes últimos asseguram o funcionamento do museu e das restantes valências da fundação: dos cerca de 30 trabalhadores, são poucos os que possuem vínculos efectivos.

A administração falou em dificuldades ao nível do financiamento e de autorizações na abertura de concursos. Desde 2022 que os trabalhadores da fundação que têm vínculos precários reclamam a sua integração nos quadros da administração pública.

«Viemos visitar esta riqueza e património extraordinário da humanidade: Foz Côa, as gravuras, o museu, o projecto e esta realidade concreta com grande potencial. Com grande empenho dos profissionais que cá trabalham, mas que precisam de estabilidade», afirmou Paulo Raimundo em declarações prestadas à imprensa no final da reunião.

Para o Secretário-Geral, os trabalhadores da fundação «precisam de ser enquadrados no quadro da empresa, no quadro da Administração Pública», porque «fazem falta todos os dias». «Há uma parte significativa dos trabalhadores que não são do quadro. Trabalham todos os dias aqui há anos. Ainda há pouco nos relatava uma trabalhadora que esteve sete anos a recibos verdes e agora está há dois num contrato de prestação de serviços», alertou.

«Não há nada que justifique esta instabilidade numa infra-estrutura e um projecto destes. A estabilidade é uma questão fundamental para que os trabalhadores estejam em condições de dar o seu melhor», observou por fim.

Comício em Seia destaca luta contra as injustiças e a desertificação

A jornada de sábado terminou em São Romão, freguesia da cidade de Seia, com um comício. Em desfile, vários militantes, em conjunto com Paulo Raimundo, seguiram desde a Junta de Freguesia até ao espaço onde se realizou a iniciativa. Acompanhados por três músicos do concelho, ao som de um bombo, caixa e gaita-de-foles, os militantes e simpatizantes do Partido passaram pelos zonas mais frequentadas daquela área da cidade.

«É com muito gosto que estamos nesta terra de gente serrana, rija e determinada, mas gente muito calorosa. O percurso do nosso desfile foi pequeno, mas permitiu perceber isso», afirmou Paulo Raimundo no início da sua intervenção. «Querem que aceitemos, e até achemos normal, a injustiça, a desigualdade, a desertificação, a submissão a interesses que não são os nossos. Enganam-se! Não podemos aceitar que milhares de pessoas se sacrifiquem para que um punhado de gente se continue a encher», criticou.

«Estamos num distrito deprimido e tragicamente desprotegido. As jornadas Parlamentares do PCP na Serra da Estrela demonstraram isso mesmo, mas também demonstraram o importante papel do PCP no alerta para os problemas e na mobilização para a luta», referiu o dirigente comunista, recordando as jornadas que se realizaram nos dias 19 e 20 de Junho. Nesses dois dias, como em muitos outros momentos, foi o PCP que esteve junto de pequenos agricultores e populações afectadas por incêndios, junto de compartes dos baldios, que alertou sobre a situação das estruturas públicas de conservação da natureza, que está junto dos trabalhadores da Fundação Côa Parque, da Lusolã, do Call Center da EDP, da Coficab ou dos trabalhadores das autarquias, muitas outras empresas e da Unidade Local de Saúde da Guarda.

«Lá estivemos, cá estamos e lá estaremos, em todos os momentos, ao lado dos trabalhadores e do povo, no combate pelos seus direitos», acrescentou.

 

Território com imensos problemas

A perda de 18 mil habitantes entre 2011 e 2021, salário médio 827 euros (20,6 por cento abaixo da média nacional), 43 por cento dos trabalhadores com menos de 35 anos com vínculos precários e o desemprego a atingir mais de cinco mil trabalhadores: foi este o cenário que Cesaldina Robalo descreveu na sua intervenção relativamente ao distrito da Guarda.

A isto, segundo a dirigente, acrescem as dificuldades enfrentadas pelos agricultores, os incêndios, um processo desastroso de desindustrialização, a falta de trabalhadores nos serviços, a persistência das portagens na A23 e A25, a degradação do transporte ferroviário e a perda de capacidade e valências dos serviços de saúde.

«Os problemas que o distrito da Guarda enfrenta exigem que se rompa com a política de direita. É necessária outra política que avance com investimento público e apoio à produção nacional, apoio à agricultura familiar, às Micro, Pequenas e Médias Empresas, assim como é necessário um processo sério de descentralização», salientou, acrescentando que «só valorizando quem trabalha, as funções sociais do Estado e os serviços públicos» se poderá «combater as assimetrias sociais e regionais.

 

Convívio na Foz do Arelho evidencia soluções do PCP

«Quando tudo nos manda para baixo, aqui estamos nós: confiantes, determinados e convictos da actualidade do nosso ideal e com uma enorme alegria de viver. Com uma enorme alegria em lutar e transformar. É este o estado de espírito dos comunistas. É com esta confiança que estamos a enfrentar uma brutal ofensiva que está em curso», começou por afirmar, no domingo, Paulo Raimundo, na Festa de Verão na Foz do Arelho, importante iniciativa para a afirmação do Partido na região de Leiria.

Com ele, entre alguns dirigentes regionais e locais, subiram para o palco do comício Vasco Cardoso e Rui Braga, respectivamente da Comissão Política e do Secretariado do Comité Central do PCP.

«Por muito difíceis que sejam as condições de vida com que estamos confrontados, por muito intensa que seja a propaganda e a ofensiva ideológica a que estamos sujeitos, por muita pressão, chantagem e falsidade, há uma coisa que os nossos inimigos podem ter como certa: em algum momento este Partido, esta força, aceitará que estejamos condenados à injustiça, ao empobrecimento e à desigualdade. Em nenhum momento toleraremos este caminho», assegurou o Secretário-Geral.

«Dizemos isto de forma determinada, confiante, cheia de esperança e sustentada no concreto, na realidade da vida de todos os dias e no alargamento da luta e dos seus resultados», acrescentou. «Eles estão, com os seus meios, a tratar das suas vidas. Nós cá estamos a tratar da vida dos trabalhadores e do nosso povo, com a convicção de que vamos pôr o País a andar para a frente», esclareceu ainda.

 

Baixar impostos sobre quem trabalha

«Por muito que se pintem, hoje é uma evidência que os instrumentos políticos ao serviço dos grupos económicos – PS, PSD, CDS, Chega e IL – têm mais dificuldades em se distinguirem. Para lá das encenadas, aparentes e simuladas discórdias, sempre que toca à defesa dos interesses destes grupos, lá estão eles todos alinhados como os astros», criticou Paulo Raimundo, para quem o dia-a-dia dá ao povo português cada vez mais exemplos desta realidade. «Basta que nos lembremos da discussão e votação na Assembleia República de quinta-feira passada», recordou.

«Votaram todos contra a proposta do Partido que aliviava os impostos sobre quem trabalha e trabalhou uma vida inteira. Votaram contra a proposta que previa carregar sobre os escandalosos lucros dos grupos económicos e votaram contra a proposta que propunha baixar o IVA da electricidade, gás e telecomunicações», enumerou.

 

Intensa iniciativa política em Leiria

Samuel Fialho, do executivo da Direcção Regional, abordou, antes de Paulo Raimundo, questões como o desenvolvimento, em Leiria, das linhas de trabalho traçadas no XXI Congresso e na mais recente Conferência Nacional, a Assembleia da Organização Regional, realizada em Fevereiro, e do trabalho realizado nos planos do direito à mobilidade, educação, cultura e desporto. Na sua intervenção não ficou de parte o valioso trabalho que tem sido realizado pelos vereadores da CDU nos municípios da Marinha Grande, Nazaré e Peniche.

 



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