Contra a especulação, pelo direito à habitação
«A habitação é um direito, não é uma mera mercadoria destinada ao grande negócio, e o Estado tem responsabilidades e tem de as assumir», reafirmou Paulo Raimundo numa tribuna pública do PCP, realizada anteontem em Lisboa.
É preciso pôr os lucros da banca a suportar o aumento das taxas de juro
Activistas de movimentos pelo direito à habitação, moradores da cidade de Lisboa e eleitos da CDU participaram na iniciativa do PCP, centrada nas soluções para este que é, hoje, um gravíssimo problema social que afecta milhares de pessoas a nível nacional, particularmente nos grandes centros urbanos. Pôr os lucros da banca a pagar os aumentos dos juros; regular o valor das rendas e travar novos aumentos; acabar com as facilidades dos despejos; promover a disponibilização de habitação pública; e pôr fim ao regime de residentes não habituais e aos vistos Gold foram propostas reafirmadas na ocasião pelo Secretário-geral do Partido.
Acusando PS, PSD, CDS, IL e Chega de cumprirem o papel de comissões de «protecção e defesa dos interesses dos grupos económicos», Paulo Raimundo destacou que os comunistas assumem uma outra: «pelas pessoas, pelas famílias, por aquelas que todos os dias fazem os possíveis e impossíveis para garantir o seu maior bem, a casa, o tecto para viver.»
Para o dirigente do Partido, a situação de hoje é «inseparável do modelo económico dominante», que assenta no máximo lucro e transforma a habitação numa mercadoria, e das opções de sucessivos governos, submissos aos interesses dos grupos económicos e às imposições da União Europeia e do BCE. Quanto às oito subidas da taxa de juro decretadas pelo BCE, Paulo Raimundo chamou a atenção para a incoerência do primeiro-ministro e do presidente do PSD, que «depois das palavras rijas e em voz alta» contra Christine Lagarde tenham rejeitado as propostas do PCP e, assim, ficado do «lado do BCE, da UE e das subidas das taxas de juro».