O imperialismo não é invencível

Albano Nunes

Confiança na possibilidade de derrotar o imperialismo e defender a paz

O combate à demencial pretensão do imperialismo norte-americano de impor ao mundo o seu domínio totalitário exige a mobilização mais ampla possível das forças do progresso social e da paz. Uma mobilização esclarecida sobre os enormes perigos que pairam sobre a Humanidade, mas que confie na real possibilidade de derrotar o imperialismo e defender a paz.

Não é fácil romper a densa nuvem de mentira, censura e manipulação ideológica que apregoa a invencibilidade do imperialismo, dificulta o acesso à verdade dos factos e atrasa a mobilização popular anti-imperialista. Mas não desistimos. Lembrando outros momentos históricos em que o avanço das forças da reacção, do fascismo e da guerra pareciam imparáveis, mas acabaram derrotadas. E mostrando que a arrogante exibição de falsa coesão e força dos EUA e dos seus aliados do G7 e da NATO esconde, afinal, o declínio do seu peso relativo no plano mundial e as reais rivalidades e contradições que atravessam o campo imperialista.

Não subestimamos o poder do imperialismo, nomeadamente no plano militar. Só à sua conta os EUA possuem mais de 800 bases militares espalhadas pelos cinco continentes, a corrida aos armamentos bate todos os recordes, a NATO estende os seus tentáculos por todo o mundo. Mas apesar de todas as ameaças e represálias, a verdade é que o processo de rearrumação de forças no plano mundial continua a desenvolver-se num sentido desfavorável aos EUA e ao imperialismo em geral.

Exemplo disso é o fracasso das insolentes pressões dos EUA para arregimentar aliados para as sanções à Rússia entre os países em desenvolvimento, fracasso tanto mais relevante quanto tem sido acompanhado, particularmente em África, de explícitas posições «anti-ocidentais», claramente anticolonialistas e anti-imperialistas.

Outro exemplo diz respeito às grandes mudanças em curso no Médio Oriente, em que são de salientar a derrota da agressão à Síria e o seu regresso à Liga Árabe, o restabelecimento, mediado pela China, das relações entre o Irão e a Arábia Saudita, opções de relacionamento económico e político na área do Golfo que representam um sério golpe na estratégia norte-americana do «Grande Médio Oriente». As pretensões hegemónicas dos EUA são de tal ordem que até fidelíssimos aliados seus, como a Arábia Saudita, sentem necessidade de se distanciar para defender os seus interesses e a sua soberania.

Por fim, a América Latina, onde nos últimos anos se verificaram importantes vitórias democráticas (Honduras, Bolívia, Peru, Colômbia, Brasil ...) e a operação para derrubar o governo da Venezuela fracassou. É certo que o imperialismo e a reacção não desarmam. Já deram o golpe no Peru, estão particularmente activos na Bolívia e na Colômbia, reforça-se o bloqueio a Cuba. O «Comando Sul» do Exército norte-americano multiplica as suas ameaças chegando a considerar a Amazónia e o lítio boliviano questões de «segurança» dos EUA. Uma coisa porém é certa: a Doutrina Monroe proclamada há precisamente duzentos anos, já passou à história, a América Latina deixou de ser «o pátio das traseiras» dos EUA. O périplo do presidente do Irão visitando a Venezuela, a Nicarágua e Cuba, diz muito sobre mudanças que favorecem o combate anti-imperialista.




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