Balanços
Ano após ano, em meados de Junho, temos, justamente, a atenção mediática dedicada aos fatídicos acontecimentos que, em 2017, para além de incontáveis prejuízos materiais, vitimaram, em Pedrógão Grande, mais de seis dezenas de cidadãos, nas suas casas ou quando procuravam fugir do brutal incêndio que, por esses dias, consumia milhares de hectares naquele concelho, em Figueiró dos Vinhos e em Castanheira de Pêra.
Este ano não foi diferente, com os jornais, as rádios e as televisões a acorrerem em força, para confirmar, em cada reportagem, uma vez mais, que, para lá dos milhões anunciados, designadamente no plano do ordenamento florestal, é mais o que está por fazer do que aquilo que está feito.
Aqueles que, contra ventos e marés, insistem em ali viver, denunciam mesmo que estes anos que passaram sem intervenção na maior parte da área ardida, com o crescimento descontrolado de matos e plantas infestantes, criaram uma situação em que o fogo, se atear de novo por aquelas bandas, tomará outra vez proporções incontroláveis.
Entretanto, nestas coberturas noticiosas, há elementos que não fogem à rotina do silenciamento do Partido e do seu papel na denúncia do caminho que nos trouxe até aqui e de proposta de soluções alternativas que dariam resposta aos muitos problemas que ali se colocam, elementos que convergem entre si e que se podem assinalar com duas perguntas singelas!
Por um lado, perante as estridentes críticas, que procuram esconder as coincidências de posicionamento e responsabilidades na política de direita, não se lembraram os jornalistas de perguntar onde estavam PSD e IL quando o PCP propôs, logo no debate do OE do ano seguinte, um pacote de medidas que tinha associado um envelope financeiro de cerca de 700 milhões de euros, no plano do apoio às vítimas, da reconstrução das infraestruturas, da recuperação dos territórios, ou da valorização da floresta.
Por outro lado, é necessário perguntar aos próprios órgãos de Comunicação Social onde estavam quando, no ano passado, o Secretário-geral do Partido esteve em Pedrógão Grande (e foi o único a fazê-lo!), falando com os Bombeiros e visitando a Barragem, para assinalar os 5 anos da tragédia e manifestar de viva voz a solidariedade do PCP. Na altura, como hoje continuam a fazer, ignoraram.
Enquanto isso, o fogo do abandono continua a lavrar. E é esse que é preciso apagar.