Luta por valorização e pelo SNS marcou Dia do Enfermeiro

Com uma greve e uma concentração junto do Ministério da Saúde, em Lisboa, o SEP/CGTP-IN assinalou o Dia Internacional do Enfermeiro, 12 de Maio, exigindo soluções para problemas da classe e do SNS.

É necessário clarificar a estratégia, planear e investir na Saúde

O aumento dos salários foi destacado, em primeiro lugar, no rol de reivindicações com vista a melhorar as condições de prestação do trabalho dos enfermeiros, determinante para avançar nos indicadores de Saúde. O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que interveio durante a concentração, ao final da manhã de sexta-feira passada, lembrou «o exponencial aumento dos lucros inesperados» de multinacionais e do sector da banca, bem como «os indicadores positivos da economia portuguesa».

José Carlos Martins defendeu que o Governo deveria usar estas condições para aumentar os salários dos trabalhadores da Administração Pública, incluindo os enfermeiros, e para investir nos serviços públicos, desde logo no Serviço Nacional de Saúde.

«Face à inacção do Ministério da Saúde», realçou três exigências centrais em que é necessário insistir: o Governo deve explicitar a sua estratégia para a reforma do SNS, em vez de «medidas pontuais e avulsas»; para «resultados positivos», é necessário intervir «ao mesmo tempo e de forma planeada em todos os segmentos de resposta do SNS»; tem de haver «investimento, uma estratégia, um plano para os recursos humanos», visando «a sua valorização, a melhoria das condições nas carreiras».

Dos «problemas mais prioritários», que devem ter solução «no imediato», começou por referir a correcção das injustiças relativas, surgidas na aplicação da lei sobre contagem de pontos detidos pelos enfermeiros para mudança de posição remuneratória. O SEP exige «orientações claras do Ministério» para as instituições. José Carlos Martins, lembrando afirmações de oradores que o antecederam, repudiou a discriminação dos enfermeiros, face aos demais trabalhadores da Administração Pública, e reiterou que o pagamento dos retroactivos deve ser feito a partir de 2018.

O sindicato insiste na reposição da paridade, na tabela remuneratória, entre os enfermeiros (licenciados) e os trabalhadores inseridos na carreira técnica superior da Administração Pública. Desde há dois anos, esta evoluiu uma posição, no nível de entrada, mas o mesmo não sucedeu na Enfermagem.

Para travar a subida do trabalho extraordinário exigido aos enfermeiros, o SEP persiste na reivindicação de contratação de profissionais e a redução dos vínculos precários.

Foi considerado «intolerável» o facto de, mais de ano e meio após terminarem as PPP nos hospitais de Loures e Vila Franca de Xira, o Governo ainda não ter concretizado a adesão destes ao contrato colectivo celebrado com o SEP para os hospitais EPE.

O presidente do SEP assinalou, por fim, o valor simbólico de «umas dezenas largas de colegas nossas» que, por exercerem direitos de maternidade, não estavam ao serviço nos meses de referência e ficaram excluídas do pagamento do suplemento remuneratório de enfermeiro-especialista e posterior desenvolvimento da carreira.

Uma delegação do PCP, de que fez parte o deputado João Dias, esteve presente na concentração, expressando solidariedade com as reivindicações e a luta dos enfermeiros e afirmando o compromisso do Partido na defesa e reforço do Serviço Nacional de Saúde e na valorização dos seus profissionais.

 

Interferência em Setúbal

No dia 12, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal voltou a interferir com o direito à greve dos enfermeiros, protestou o SEP. A administração requereu a ampliação dos serviços mínimos e o tribunal arbitral do CES decidiu que a eles deveriam ficar adstritos todos os enfermeiros escalados.

Em nota de imprensa, o SEP considerou tratar-se de «um ataque ao direito à greve e um atentado à liberdade destes profissionais, sem qualquer justificação, uma vez que, em décadas de greve, nada aconteceu que pudesse remotamente dar corpo às “preocupações” do Conselho de Administração».

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Manifestação exigiu estabilidade na ciência

Mais de mil trabalhadores científicos manifestaram-se anteontem, 16, em Lisboa, exigindo do Governo uma resposta «efectiva e imediata» que ponha fim à precarização dos vínculos laborais naquele que é um sector estratégico para o País.

Intervenção sindical dá frutos

«Um princípio de entendimento para o acordo colectivo de trabalho (ACT) na Madeira, que melhora significativamente as condições de trabalho dos médicos do Serviço de Saúde da Região», foi anunciado, dia 9, pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul. Das medidas acordadas com o Governo Regional e inscritas no novo ACT, o...

Contra precariedade no MAAT

Em solidariedade com os trabalhadores do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, que a Fundação EDP mantém contratados a recibos verdes, a Interjovem/CGTP-IN realizou um concerto, no dia 11, ao final da tarde. No exterior do MAAT, em Belém (LIsboa), entre as actuações das bandas Sir Dinha e...

Exigido aumento salarial intercalar no Grupo Altice

A frente sindical, constituída por Sinttav, SNTCT, STT, FE e Sinquadros, formalizou no dia 12 uma proposta de aumentos salariais intercalares, para «repor parte da desvalorização dos salários e fazer face ao aumento continuado do custo de vida». É reivindicado um acréscimo mínimo de 110 euros, no vencimento-base de todos...

Grande greve na Valorsul

A unidade dos trabalhadores e a grande greve realizada de 8 a 12 de Maio na Valorsul, que provocou a paralisação da maioria das unidades de produção, «exigem novas propostas» da administração, como se assinala numa nota publicada pela Fiequimetal/CGTP-IN. Caso contrário, os trabalhadores,...

Contra Lock-out na R. Piairo

«O patrão esperou que os trabalhadores confeccionassem todas as peças existentes na empresa, para proceder ao despedimento colectivo, o que para nós configura lock-out», afirmou o Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, que organizou um protesto dos trabalhadores da R. Piairo, no dia 12....